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UPA do DF onde bebê morreu à espera de UTI está superlotada

A Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do Recanto das Emas, onde um bebê de 1 ano morreu nessa quarta-feira (15/5) à espera de transferência para uma unidade de terapia intensiva (UTI), está superlotada.

A UPA em questão enfrenta uma grande demanda, devido ao fechamento da tenda da dengue na região, o que faz com que a unidade siga atendendo acima da capacidade. “A sazonalidade das síndromes respiratórias também têm contribuído para o aumento do número de pacientes, principalmente pediátricos”, disse o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF), responsável pela gestão da unidade, em nota.

 

Nessa quinta-feira (16/5), a deputada distrital Dayse Amarílio (PSB) usou da prerrogativa de parlamentar e visitou a unidade de saúde, de surpresa. A unidade de saúde estava abarrotada de pacientes. “As UPAs estão superlotadas, pacientes têm ficado dias nelas, e eles precisam de leitos em UTI [unidade de terapia intensiva]. Quando conseguem, ainda vemos as dificuldade para o transporte, e os prazos não têm sido cumpridos”, destacou Dayse.

O Iges diz que, no ato da visita da CLDF, foi questionado acerca da sinalização para atendimentos de pacientes classificados como amarelo, laranja e vermelho. “Tal medida foi necessária, visto que a unidade se encontra superlotada, com cerca de 45 pacientes em observação/internados e 29 pacientes no Sistema de Regulação, aguardando a disponibilidade de vagas nos hospitais”, disse o instituto.

 

Neste contexto, pacientes classificados como verde foram orientados e direcionados a procurarem atendimento nas UBSs.

 

Sobra o quadro de profissionais de saúde que atendem à população, o Iges informou que, nas últimas 24 horas, o quadro médico estava completo, com cerca de 5 médicos clínicos-gerais e 2 pediatras de plantão (a cada 12h).

Durante a visita, a parlamentar encontrou, na pediatria, uma sala planejada para quatro pacientes, sete crianças. No entanto, alguns leitos estavam vazios, enquanto doentes aguardavam em outros espaços do recinto.

Morte de bebê

A família de Enzo Gabriel, morto antes de completar 2 anos de vida, criticou a unidade de saúde e apontou negligência no atendimento. O caso é investigado pela 27ª Delegacia de Polícia (Recanto das Emas).

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Na segunda-feira (13/5), a família de Enzo o levou a uma Unidade Básica de Saúde (UBS) de Taguatinga. O menino apresentava dificuldades para respirar e recebeu diagnóstico preliminar de bronquiolite, pneumonia e asma.

Os médicos liberaram a criança e prescreveram tratamento com antibiótico para ser administrado em casa. Contudo, o quadro do menino piorou. No dia seguinte, a família voltou à UBS, e o paciente foi encaminhamento para uma UPA.

Por volta das 12h50, na unidade de pronto-atendimento, Enzo Gabriel recebeu diagnósticos de pneumonia avançada e dengue. A saúde dele continuou a piorar e, por volta das 19h, o menino foi intubado.

A família, então, tentou uma vaga em UTI e conseguiu, mas não havia transporte da UPA até o Hmib. O bebê passou a madrugada na UPA, assistido por uma equipe de saúde, mas não resistiu e morreu na manhã de quarta-feira (15/5).

“Demora não foi fator relevante”

Por meio de nota, o Iges-DF lamentou “profundamente o caso” e informou que a equipe assistencial “segue consternada com o ocorrido”. A instituição acrescentou que a criança chegou à UPA com desconforto respiratório, “foi prontamente atendida, recebeu medicação e realizou exames”.

“O quadro evoluiu com piora, e foi detectada pneumonia com derrame pleural e dengue aguda. Nesse momento, o paciente foi para a Sala Vermelha, onde recebeu toda a assistência necessária para o caso. A equipe médica pediu uma vaga na UTI e, após resposta positiva, foi solicitada a remoção do paciente”, detalhou o Iges-DF.

O instituto ainda reconheceu a demora no transporte do paciente, mas não considerou haver “negligência médica ou falha no atendimento”. “Informamos, também, que a demora na remoção não foi fator relevante para o desfecho clínico do caso, pois, por estar na Sala Vermelha, [o paciente] recebia cuidados equivalentes ao de uma UTI”, completou o texto.

Também por meio de nota, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) comunicou que “não teve envolvimento no caso”, pois disponibilizou leito para a criança e não foi acionada para fazer o transporte do menino, cujo deslocamento ocorreria em uma ambulância do Iges-DF.