Turismo

Turismo regenerativo e afroturismo conectam setor com o futuro

27 de setembro marca o Dia Mundial do Turismo, data criada pela Organização Mundial do Turismo (OMT) em 1980, e é uma ótima oportunidade para uma avaliação e de pensar novas possibilidades para o setor. Enquanto algumas cidades europeias estudam proibir turistas, em terras brasileiras o setor tem se repensado e novos caminhos são construídos. Entre eles, o afroturismo e o turismo regenerativo emergiram nos últimos cinco anos e apontam para um futuro mais sustentável e diverso.

Para começo de conversa, vou lembrar o que são esses dois segmentos. O afroturismo, tema principal desse blog, é “um conjunto de práticas de reconexão com a identidade e história por meio dos bens culturais, materiais e imateriais, as quais têm os sujeitos negros como protagonistas”, como define a turismóloga Denise dos Santos Rodrigues, que é doutoranda da USP, onde estuda o tema. Já o turismo regenerativo tem três preceitos: deixar o ecossistema melhor do que encontrou; contribuir para a comunidade local e promover experiências transformadoras.

Em tempos de emergência climática nem dá para pensar em um turismo que não contribua para o que os lugares visitados sejam preservados e sustentáveis para quem conhece e quem vive por lá. Em contraste com o turismo de massa, que provoca degradação de ecossistemas, o turismo regenerativo convida viajantes a participarem do processo de cura dos lugares que visitam, seja contribuindo para projetos de restauração ambiental, participando de atividades culturais de forma consciente ou colaborando com o fortalecimento de economias locais.

Quando visitei Calima, na Colômbia, tive a oportunidade de conhecer La Huerta Hotel, uma fazenda que foi convertida em projeto de conservação pensada para o turismo, que tem uma relação próxima com a comunidade. Entre as experiências está a colheita e plantação de produtos agrícolas.

O Brasil, com vasta área de campos e belezas naturais, tem muito para oferecer nessa área. Um bom exemplo é o da Fazenda Hi Fish, em Miranda, no pantanal sul-mato-grossense que oferece turismo rural e de aventura, com experiências como a cavalgada com comitiva e comida tradicional pantaneira. São meios de rentabilizar as produções e de trazer mais aliados para a causa ambiental. Uma das máximas reproduzidas aqui é que só protegemos o que conhecemos.

As belezas naturais são importantes atrativos turísticos e o planeta vem dando recados de que precisamos protegê-las e, para isso, precisamos privilegiar os projetos sustentáveis também quando estamos de férias ou viajando a lazer. Também não dá para esquecer da cultura e história que forma o nosso país.

Nesse sentido, o afroturismo vem trazendo novas possibilidades e atrativos, como é o caso de quilombos, terreiros de religiões de matriz africana, sedes de organizações culturais como blocos afros, maracatus, escolas de samba, além de restaurantes, lojas de artesanato e hospedagens chefiadas por pessoas negras.

Em Macapá, o Quilombo do Curiau é um exemplo de local que preserva a história e cultura negra e também o meio ambiente, com o seu balneário disponível para turistas, que também se deliciam com a culinária local. Em Guimarães (MA), o Quilombo Damásio tem projeto de preservação do Rio Passaginha, onde visitantes e moradores se refrescam.

Em Alagoas, onde fica o maior quilombo que as Américas já abrigou, o Parque Memorial Quilombo dos Palmares, o governo do estado anunciou que vai investir em infraestrutura para levar mais turistas à região. O local é um importante centro de memória e visita obrigatória para quem quer entender mais da história negra no país.

Esses são apenas alguns exemplos de como o futuro do turismo é calcado em experiências e de como elas vão precisar ser cada vez mais diversas e sustentáveis. Nesse sentido, afroturismo e o turismo regenerativo emergem como protagonistas de uma nova era do turismo, voltada para o respeito às culturas locais, preservação ambiental e justiça social.

O futuro do turismo precisa ser de práticas que combinam preservação, regeneração e inclusão, proporcionando aos viajantes não apenas momentos de lazer, mas também a chance de se conectar com histórias, culturas e ambientes de forma mais profunda e transformadora. O afroturismo e o turismo regenerativo transformam, assim, os viajantes em agentes de mudança, criando legados positivos tanto para as comunidades anfitriãs quanto para o planeta.


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