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Tráfico humano: maioria das vítimas no país são homens negros entre 18 e 29 anos, diz relatório

O Ministério da Justiça e Segurança Pública divulgou, nesta terça-feira (30), Dia Mundial de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, um relatório com informações de autoridades nacionais sobre o tráfico humano no país entre 2021 e 2023. O estudo conclui que a maioria das vítimas desse tipo de crime no Brasil, no período, são homens, entre 18 e 29 anos e da raça negra.

Vítimas indígenas, transgêneros e com deficiência seguem invisíveis aos registros oficiais.

Em relação às finalidades do tráfico de pessoas, a exploração laboral continua sendo a principal forma identificada no Brasil. A Polícia Federal registrou 50 inquéritos de tráfico humano para trabalho análogo à escravidão e 25 investigações contra exploração sexual.

Dados do Ministério do Trabalho e Emprego trazidos no relatório apontam que o número de migrantes em condições análogas à escravidão no Brasil continua crescendo. No período de três anos, 355 trabalhadores não nacionais foram resgatados. Entre os países de origem estão Paraguai (228 trabalhadores), Venezuela (63), Bolívia (44), Argentina (8), Haiti (5), Filipinas (3), Irã (1), Índia (1) e Colômbia (2).

“O setor com maior número de trabalhadores resgatados, todos paraguaios, foi o de cultivo da mandioca em São Paulo e Mato Grosso do Sul”, ressalta o documento. “O maior número de venezuelanos/as resgatados/as foi, em 2023, em uma madeireira em Santa Catarina. Todos/as bolivianos/as resgatados/as entre 2021 a 2023 foram explorados/as na confecção de artigos de vestuário”.

O relatório destaca ainda os envolvidos no tráfico de pessoas passaram a se valer da internet em diversas etapas do tráfico: para o recrutamento, a movimentação, o controle e a “divulgação” de serviços (como os resultantes da exploração sexual) e, até mesmo, a exploração das vítimas.

O documento aponta que a tecnologia apresenta vários benefícios para os criminosos envolvidos no tráfico humano, como a comunicação instantânea e segura entre os integrantes de uma organização e o controle remoto das vítimas utilizando aplicativos de localização por GPS.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública diz que o estudo contou com o apoio técnico do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas (UNODC). Entre as fontes consultadas para a elaboração do relatório estiveram 12 instituições públicas que apresentaram dados quantitativos; 66 informantes qualificados que responderam a um formulário online indicando suas percepções em relação ao tráfico de pessoas; e 17 profissionais entrevistados com importante atuação no enfrentamento ao tráfico humano.

Ainda nesta terça-feira, o ministério lançou o IV Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas.