NotíciasPolítica

Tarcísio Motta chama Paes de oportunista em sabatina e diz que prefeito vai esconder Lula

O deputado federal Tarcísio Motta (PSOL), pré-candidato a prefeito do Rio de Janeiro, disse que a aproximação de Eduardo Paes (PSD) com a esquerda e o presidente Lula (PT) é oportunista. O deputado chamou o atual prefeito de “camaleão” e afirmou que Paes vai esconder Lula durante a campanha.

“Seguiremos firmes ao defender o programa de esquerda, que é o programa que o presidente Lula defendeu em 2022. E o eleitor do Lula vai se reconhecer na nossa candidatura, e não na do Paes, que vai esconder o Lula o tempo inteiro”, afirmou em sabatina Folha/UOL.

Ele disse acreditar que pode chegar ao segundo turno contra Paes e minimizou possível enfraquecimento da campanha diante da aliança do prefeito com outros partidos de esquerda, como PT e PDT.

Segundo ele, alguns quadros dos dois partidos deverão votar no PSOL “no escurinho”.

“Parte deles até reconhecia que preferia estar ao nosso lado, mas os acordos que precisavam ser cumpridos seriam cumpridos nesta eleição”, disse. “Não é possível que o Rio esteja entre duas opções que representam a cidade da ganância e da mercadoria, ou a cidade do ódio, do caos.”

“Esta eleição será de dois turnos. Eduardo sai na frente porque ele é conhecido. Há mais duas forças disputando eleições, e a esquerda na cidade do Rio sempre tem votações acima de 15%, 20%. Acredito que haverá segundo turno, e a disputa [para chegar ao segundo turno] será entre a nossa candidatura e a da extrema direita, do ódio, da violência, do negacionismo”, declarou, em referência a Alexandre Ramagem (PL).

O pré-candidato do PSOL à prefeitura rechaçou a visão de parte do eleitorado carioca de que o partido concentra votos na zona sul do Rio.

“A premissa não se confirma mais na realidade, pois eu e Renata Souza, minha vice, somos os deputados mais votados em regiões importantes da zona norte, com muita concentração de votos”, disse, citando como exemplos as regiões de Del Castilho, Piedade, Todos os Santos, Olaria e Cascadura.

Tarcísio disse não ver contradição na decisão do colega de partido e de Câmara Guilherme Boulos (PSOL-SP) de recomendar o arquivamento do processo disciplinar contra André Janones (Avante-MG) por suspeita de “rachadinha”.

O argumento de Boulos, relator do caso no Conselho de Ética da Câmara, era que Janones não estava de posse do mandato no momento da reunião que gerou a suspeita. Com isso, pela jurisprudência do conselho, não deveria ser punido.

As evidências, no entanto, indicam que Janones já tinha sim tomado posse de seu primeiro mandato (2019-2023) quando pediu devolução de parte dos salários de assessores, em reunião gravada possivelmente em fevereiro de 2019.

Na gravação, o parlamentar do Avante diz que haveria sessão no plenário da Câmara naquele dia e ele ainda estava desguarnecido sobre como proceder, além de reclamar com a equipe que outros deputados já estavam apresentando projetos de lei e ele, não.

Apesar disso, Tarcísio repetiu na sabatina o argumento do colega de partido de que, pela jurisprudência, não seria possível punir Janones.

“A decisão do Boulos estava baseada em algo que também foi usado para não abrir os processos de uma série de pessoas da direita”, afirmou. “Essa é uma lacuna corporativa da Câmara dos Deputados”.

Tarcísio prometeu combater as milícias na cidade caso eleito. O tema é caro ao PSOL, que esteve à frente da CPI das Milícias em 2008 e foi atingido pela morte da ex-vereadora Marielle Franco.

Ao tratar do tema, o pré-candidato citou as presenças na gestão de Paes de nomes com ligações com a milícia, segundo investigações —os supostos envolvidos negam.

Entre eles, Tarcísio citou Chiquinho Brazão, secretário de Ação Comunitária até fevereiro e preso sob acusação de ser um dos mandantes do assassinato de Marielle, e Lucinha (PSD), deputada estadual do partido de Paes que já foi afastada do cargo pelo Tribunal de Justiça do Rio por suspeita de atuar em favor do chamado “bonde do Zinho”.

“Se, de um lado, nós temos um grupo político que homenageia, tenta naturalizar e até legalizar a milícia, que é o bolsonarismo, do outro lado temos o Eduardo, que bota milicianos no seu secretariado. Brazão era secretario do Paes até recentemente. A família da Lucinha, madrinha da milícia, sempre teve lugar cativo”.

Sobre o caso Marielle, Tarcísio afirmou “não ter dúvidas” de quem foram os mandantes, apesar de criminalistas e a Polícia Federal apontarem lacunas em provas na delação de Ronnie Lessa, executor confesso do crime.

“O problema de faltarem elementos de corroboração se explica pela forma como o chefe da Polícia Civil atuou para impedir que exatamente esses elementos existissem”.

Na gestão municipal, o pré-candidato afirmou que, caso eleito, vai instituir tarifa zero nos ônibus aos domingos. A ideia é expandir depois a iniciativa para os sábados e sextas-feiras e, caso dê certo, para todos os dias da semana.

Tarcísio também quer gratuidade em equipamentos públicos culturais nos finais de semana.

Na gestão municipal saúde, ele defendeu fazer uma transição gradual de organizações sociais para o controle do poder público.

A sabatina foi conduzida por Diego Sarza, com participação dos jornalistas Ruben Berta, do UOL, e Italo Nogueira, correspondente da Folha na capital fluminense.

Tarcísio Motta é formado em história, com mestrado e doutorado na área e atuação como professor. Foi candidato ao governo do estado em 2014 e 2018, sem sucesso. Em 2016, elegeu-se vereador, sendo reeleito em 2020. Em 2022, conseguiu a vaga de deputado federal. Tenta pela primeira vez a prefeitura da cidade.

Além dele, outros dois postulantes foram convidados. Nesta quarta-feira (7), também às 10h, será a vez de Ramagem. Paes também foi convidado. Ele chegou a confirmar a entrevista para sexta-feira (9), mas cancelou alegando problemas na agenda.

O ciclo de sabatinas promovido por Folha e UOL foi iniciado em junho e já contemplou pré-candidatos de Belo Horizonte, Salvador, Porto Alegre, Recife, Curitiba, São Paulo, Fortaleza e Maceió. Também haverá sabatinas em outras nove cidades.

Além disso, Folha e UOL promoverão debate com os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo. O encontro no primeiro turno será em 30 de setembro, às 10h. Caso haja segundo turno, haverá outro em 21 de outubro, também às 10h.

source

Compartilhe:
WP Twitter Auto Publish Powered By : XYZScripts.com