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Surpresas e padrões de eleições no segundo turno

Não bastassem outros motivos, as eleições de 2024 também ficarão marcadas pela redução no número de disputas de segundo turno.

Segundo dados do CepedepData, em 2012, as disputas de segundo turno ocorreram em 50 das 83 cidades então com mais de 200 mil eleitores, ou seja, cerca de 60%. Em 2016, aconteceram em 57 das 90 (62%). Em 2020, foram 57 dos 95 municípios (60%). Neste ano, eleitores de 51 das 103 (49,5%) cidades com mais de 200 mil eleitores retornarão às urnas este domingo.

As 51 eleições de 2024 devem confirmar duas hipóteses provindas das nossas análises sobre as eleições de segundo turno. A primeira delas: a taxa de abstenção deve subir em relação ao primeiro turno. Em média, a abstenção cresce aproximadamente 2,5 pontos percentuais do primeiro para o segundo turno. Mas, em 2020, esse aumento foi ainda maior: 3,2 pontos.

A nossa segunda hipótese é que a maioria dos candidatos que termina o primeiro turno à frente tende a sair vitoriosa no segundo pleito. Entre 2000 e 2016, aproximadamente 198 das 265 (74,7%) eleições municipais de segundo turno no Brasil foram vencidas por quem terminou o primeiro turno à frente. Isto é: 3 em cada 4 pleitos.

Mas a probabilidades de a disputa resultar em maior abstenção e vitória do candidato que saiu à frente no primeiro turno depende da diferença de votos entre os dois primeiros colocados. Em cidades onde a diferença foi pequena, a probabilidade de a abstenção aumentar é menor, o que eleva a chance de virada no segundo turno.

Em disputas acirradas, o eleitor acredita que seu voto tem mais chance de impactar a eleição. Já o efeito sobre as viradas ocorre porque o segundo colocado precisa dos eleitores dos candidatos derrotados no primeiro turno para virar a eleição, justamente aqueles que tenderiam a se abster.

Por exemplo, na eleição de Porto Alegre em 2020, Sebastião Melo (MDB) e Manuela d’Ávila (PCdoB) avançaram ao segundo turno com, respectivamente, 31% e 29% (2 pontos de diferença), e a taxa de abstenção chegou a cair no segundo turno em comparação com o primeiro: foi de 18,9% para 18,2%, mas não o suficiente para virar o jogo.

Neste domingo, como Sebastião Melo e Maria do Rosário (PT) avançaram com 49,7% e 26,3% respectivamente, a abstenção deve subir em Porto Alegre. Como a chance de virada é baixa, parte dos eleitores que votaram em outros candidatos no primeiro turno não se mobilizam para votar novamente.

Em Goiânia, a história é diferente. Em 2020, a eleição de primeiro turno deu ampla vantagem (12 pontos) em favor de Maguito Vilela (MDB) contra Vanderlan Cardoso (PSD), a taxa de abstenção subiu 6% do primeiro para o segundo turno, e Vilela foi eleito.

Neste ano, Fred Rodrigues avançou com 31,1% contra 27,7% de Sandro Mabel (3,4 pontos de diferença). Por conta da diferença no primeiro turno, a taxa de abstenção não deve subir tanto, e a probabilidade de uma virada é significativamente maior do que em 2020.

Se os padrões se repetirem, a abstenção deve subir na maioria das cidades, e os vencedores do primeiro turno devem confirmar seu favoritismo. Ainda assim, mesmo para quem busca observar padrões nas eleições, as histórias mais interessantes do domingo serão as das cidades onde houver queda na abstenção e os resultados forem apertados, ou até mesmo, com viradas no segundo turno.


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