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Sob disparo de foguetes do Hamas, Israel tem protesto em frente à casa de Netanyahu, e atos em memória de vítimas e reféns

As famílias dos 97 reféns que ainda são mantidos no enclave palestino — dos quais estima-se que ao menos 1/3 estão mortos — se reuniram na rua Azza, em Jerusalém, em frente à residência particular de Netanyahu. No horário exato que o ataque lançado pelo Hamas completou um ano, às 06h29 (00h29 em Brasília), os manifestantes dispararam uma buzina, que soou durante dois minutos. Alguns dos presentes choraram, enquanto outros permaneceram imóveis. Ao menos 20 famílias permaneceram no local horas depois da sirene.

Horas após o início do ato em sua rua, Netanyahu prometeu resgatar todos os reféns mantidos em cativeiro em Gaza, durante uma cerimônia realizada em Jerusalém.

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— Neste dia, neste lugar e em muitos lugares do nosso país, recordamos os nossos mortos, os nossos reféns, a quem estamos obrigados a trazer de volta, e a nossos heróis caídos em defesa da pátria e da nação. Sofremos um terrível massacre há um ano — declarou Netanyahu na cerimônia em Jerusalém.

Ao redor do país, os atos em memória das vítimas e reféns do atentado aconteceram sob ataque, uma vez que o conflito iniciado há um ano se espalhou pela região e as tropas israelenses enfrentam duas frentes de batalha: uma em Gaza e outra no Líbano. O Hamas lançou mísseis contra o sul de Israel e Tel Aviv, em um ataque aparentemente programado para lembrar um ano do atentado. A maioria dos projéteis foi abatida, enquanto ao menos um caiu em uma área aberta.

Do Líbano, o Hezbollah, aliado do grupo palestino no norte, também lançou novos ataques, ferindo ao menos 10 pessoas em Haifa, a maior cidade do norte do país. Israel disparou novos ataques contra Gaza e Líbano ao longo da manhã, enquanto a população civil se dedicava ao luto.

Nos arredores do kibutz Re’im, onde ao menos 370 pessoas morreram durante o atentado, um ato memorial foi realizado no local onde acontecia o festival de música eletrônica Nova. O presidente israelense, Isaac Herzog, compareceu a um ato às 06h29, quando foi respeitado um silêncio solene. Explosões foram ouvidas a uma curta distância enquanto os militares israelenses realizavam ataques aéreos na fronteira com Gaza.

— 7 de outubro de 2023 é um dia que deve ser lembrado com infâmia, quando milhares de terroristas cruéis invadiram nossas casas, violaram nossas famílias, queimaram, cortaram, estupraram, sequestraram e fizeram reféns nossos cidadãos, nossos irmãos e irmãs — disse Herzog. — Esta é uma cicatriz na humanidade.

Familiares choram em memorial a reféns e vítimas no local do Festival Nova, no sul de Israel — Foto: John Wessels/AFP
Familiares choram em memorial a reféns e vítimas no local do Festival Nova, no sul de Israel — Foto: John Wessels/AFP

Na cidade de Tel Aviv, famílias de reféns e apoiadores se reuniram antes do amanhecer para pedir o retorno de seus entes queridos, segurando faixas e cartazes com suas fotos. As notícias que foram divulgadas ao longo da manhã, porém, foram desanimadoras. O Fórum das Famílias de Reféns e Desaparecidos, uma organização da sociedade civil que se formou após o atentado, anunciou a morte de um israelense sequestrado: Idan Shtivi, de 28 anos, sequestrado no Festival Nova.

Ao todo, 251 reféns e corpos foram levados a Gaza. Cento e dezessete foram libertados em acordos e ações israelenses, enquanto 97 seguem no enclave. De acordo com os dados mais recentes, acredita-se que 63 estejam vivos (51 homens, 10 mulheres e duas crianças). Trinta e quatro foram declarados mortos.

Em todo o mundo, eventos foram organizados para prestar homenagem às vítimas do ataque do Hamas e outros para expressar apoio ao povo palestino após um ano de guerra na Faixa de Gaza — o Ministério da Saúde do enclave palestino afirmou que o número de mortos ultrapassou o de 41,9 mil nesta segunda.

Líderes mundiais relembraram a data e lamentaram os acontecimentos do dia 7 de outubro e toda a escalada de violência que tomou conta da região. A vice-presidente dos EUA e candidata à Casa Branca pelo Partido Democrata, Kamala Harris, disse estar “de coração partido” em um comunicado publicado nesta segunda-feira. Ela condenou o ataque do Hamas, mas também disse sentir pelo impacto provocado em Gaza.

“O que o Hamas fez naquele dia foi puta maldade, brutal e repugnante”, disse Kamala, segundo o comunicado. “Estou com o coração partido pela quantidade de morte e destruição em Gaza durante o último ano”.

O primeiro-ministro trabalhista britânico, Keir Starmer, disse que seu país “não vacilará na busca pela paz” no Oriente Médio.

“Neste dia de dor e tristeza, homenageamos aqueles que perdemos e continuamos empenhados em recuperar aqueles que permanecem detidos”, escreveu na rede social X.

O presidente francês, Emmanuel Macron, cujo país abriga a maior comunidade judaica da Europa, também avaliou que “a dor ainda é tão vívida um ano depois, a do povo israelense, o nosso, a da humanidade ferida”.

De Madrid, o Ministério das Relações Exteriores da Espanha reiterou “a sua mais forte condenação dos atrozes ataques terroristas do Hamas” e apelou “a um cessar-fogo, à libertação dos reféns e ao acesso da ajuda humanitária aos civis” em Gaza.

O ministro das Relações Exteriores, José Luis Albares, disse em entrevista à televisão pública que a “solução final” para o conflito passa pelo reconhecimento de dois Estados, com coexistência, paz e segurança.

Em uma carta aberta aos católicos no Oriente Médio, o Papa Francisco criticou a “incapacidade vergonhosa” da comunidade internacional de pôr fim ao conflito.

“Há um ano acendeu-se o pavio do ódio, não se apagou, mas explodiu numa espiral de violência, na vergonhosa incapacidade da comunidade internacional e dos países mais poderosos de silenciar as armas e pôr fim à tragédia de a guerra”, disse ele.

Em uma dura declaração contra Israel, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou na segunda-feira que o Estado judeu “mais cedo ou mais tarde pagará o preço” pelo “genocídio” que cometeu contra o povo palestino.

— Durante exatamente 365 dias, 50 mil dos nossos irmãos e irmãs, a maioria dos quais eram crianças e mulheres, foram brutalmente assassinados — declarou.

Por sua vez, um oficial e ex-líder do Hamas, Khaled Mechaal, disse no canal al-Arabiyaun que o ataque devolveu Israel à “caixa de partida e ameaçou a sua existência”. (Com NYT e AFP)

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