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Renda do brasileiro e os reflexos na avaliação do governo Lula

O governo de conciliação de classes que se instalou em primeiro de janeiro promoveu medidas positivas, como reintroduzir a recuperação do poder de compra do salário mínimo com ganho real e reajuste parcial da tabela do Imposto de Renda.

Também expandiu o programa de transferência de renda e lançou uma interessante política pública que busca solucionar o endividamento de pequeno valor que tira o sono do brasileiro comum.

Mesmo assim, a mais recente pesquisa IPEC sobre o desempenho do novo governo revela uma aceitação (Bom + ótimo) de apenas 37%, contra uma desaprovação (ruim e péssimo) de 28%. 

Tradicionalmente, inflação controlada e incremento de renda e empregabilidade são atributos capazes de turbinar a popularidade dos governos latino americanos, dizem os especialistas. As evidências mostram um árduo trabalho à frente para virar esse jogo.

Diante desta constatação olhemos o que está ocorrendo com a inflação, medida pelo IBGE, recentemente. A inflação é sempre um fenômeno que combina algumas causas. Na visão mais progressista seria um processo de conflito distributivo. E na visão liberal ela é fruto de uma pressão de demanda que supera a capacidade de oferta da economia. 

Outro fator importante são os choques de custos, como é o caso de quebras de safras agrícolas, inclusão/retirada de impostos, ou alta/baixa acentuada de preços de produtos exportados (como alimentos e petróleo, por exemplo), ou uma forte restrição cambial que dificulte as importações de bens necessários ao funcionamento da economia. 

As expectativas também são importantes, e estas se espelham no comportamento da inflação corrente e sua perspectiva futura monitorada pelas autoridades monetárias, acompanhadas diariamente pelos rentistas da dívida pública.

Então onde estariam as pressões inflacionárias que mantém uma parcela da população desconfiada sobre a real capacidade deste governo promover melhorias no seu padrão de vida? Dados do Banco Central, nos indicam que os preços monitorados que tem peso de 26% no índice de inflação (serviços públicos privatizados como energia, água e telefonia, preços de combustíveis, planos de saúde e outros) está com inflação próxima a zero, anualmente, mas a dúvida é se no futuro pode se manter no irrisório atual patamar. 

Uma outra categoria importante são os alimentos que pesam 15% no índice e sobem cerca de 5%, nos últimos doze meses, encarecendo a mesa do trabalhador. O comportamento futuro do dólar, em relação ao real e os preços internacionais dos alimentos e suas safras vão mexer, futuramente, com esse item. 

Já o item dos serviços que pesa 36% no IPCA/IBGE  sobe quase 7% e deve manter-se sob pressão, na medida em que a economia decole e os salários dos novos empregados obtenham ganhos. 

Finalmente, os bens industriais que têm peso de 23% sobem anualmente mais de 5% pressionando o poder de compra das famílias. Portanto, pelo lado da inflação temos boas e más notícias. Acho inclusive, que a salgada taxa SELIC pelo Banco Central já poderia estar em queda reduzindo o custo financeiro da Dívida Pública Federal de 7 trilhões de reais, que somente este ano vai dar um ganho para os rentistas de plantão da ordem de 500 bilhões de reais. 

Sem juro adequado não temos recuperação plena do investimento privado e da atividade produtiva. Itens cruciais para a geração de empregos de qualidade e mudança efetiva no padrão de vida da maioria da população.

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