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Quintino: Extremos unidos a favor da desordem urbana?

Camelôs de Madureira invadem as ruas | Foto: Rafa Pereira – Diário do Rio

Já reclamei muito de vereadores, já até perguntei se eram realmente úteis; quando vemos alguns vereadores do Rio de Janeiro, me pergunto, a Câmara do Rio pode ter sua utilidade, mas alguns vereadores parecem mesmo odiar a cidade. Ou então são do time daquele clássico: “Quanto pior, melhor“, afinal o negócio é ser oposição, não importa se é benéfico ou não para o carioca.

A Aline Macedo/O Dia publicou nesta quinta-feira, 14/6 que 2 extremos, a psolista Mônica Cunha e o bolsonarista Rogério Amorim quase que como de mãos dadas, criticaram o secretário de Ordem Pública do Rio, Brenno Carnevale. Por fazer o seu trabalho. Apesar dos pontos de vista partidários diametralmente opostos, porém, a crítica não era por motivos diferentes…. É sim pelas operações que Carnevale tem feito pela cidade nos últimos tempos contra o maior câncer da urbe carioca: a informalidade que transforma o Rio em Bombaim. Até vale dizer que o DIÁRIO DO RIO também o criticou em diversas ocasiões, mas pela falta de operações, que graças a Deus voltaram e o cancro começa novamente a ser extirpado. Camelotagem mafiosa e clandestina, milícia, ferros velhos comprando o que é roubado de você e de mim, construções e eventos ilegais, desordem pública em geral. A função de Carnevale é esta; prevarica se não agir contra o errado.

Os mesmos extremos que defenderam o “descanso quase eterno” dos guardas municipais (o turno de 12×60 que transformou o Rio num Caos pra que o bispo-prefeito fizesse média com agentes da guada) voltaram a se unir agora, em prol do que há de pior no Rio, e elegeram inimigo quem de alguma forma vem promovendo a luta contra a leprosa informalidade que fez o Rio virar o que virou nos anos Crivella.

Da bancada do PSol pouco espero, não se importam mesmo com Ordem Pública, se pudessem o Rio de Janeiro seria uma grande Calcutá piorada. É a turminha do ridículo “eles podiam estar roubando e matando”. Esquecem que essa trupe que vende carga roubada, produto falso, compra e vende ouro e metais recolhidos pelos cracudos em geral sustenta quem está roubando e matando. Pra os psolistas, não há necessidade de recolher impostos, de ajudar o comerciante que emprega e paga seus tributos, e nem mesmo reconhecem que uma cidade ordenada é mais segura. Desconhecem o básico da segurança pública e vivem como se o mundo fosse uma bola de papel. São verdes quando interessa mas adoram ver os morros tomados de favelas em Franca expansão. Ignoram que grande parte dos crimes se origina em imóveis invadidos no Centro, por exemplo. Acham bonito a privatização do espaço público sem licença se for pro sambinha do amiguinho ou o funk do coleguinha, mesmo que o resultado seja fezes pelas ruas e destruição do patrimônio alheio e do público. O dinheiro – basta imprimir – e tudo cai do céu para eles, basta vontade política, dirão.

Mas me admira a direita que defende sempre a Segurança Pública, que tem em seu maior representante o vereador Amorim; Aline Macedo diz que o conservador edil enviou “um ofício ao secretário de Polícia Civil, delegado Fernando Albuquerque, solicitando a abertura de uma investigação sobre os agentes de Ordem Pública envolvidos nas operações contra os camelôs fluminenses.” Ou seja, ele dirá que é para defender os interesses dos Guardas Municipais, pelos quais ele votou para a escala permanecer como estava, onde ganhavam para descansar eternamente, voto que foi seguido pela esquerda corporativista e pelo vereador Carlos Bolsonaro, cujos votos já estamos acostumados a vermos lançados na latrina (quando comparece, claro). “Quanto pior, melhor“.

Para Amorim, algumas ações da guarda seriam ilegais, já que as apreensões são feitas “por servidores usando apenas coletes azuis, em vez do usual uniforme da Guarda Municipal“. Bem, se foram acompanhadas por agentes da Inspetorias Regionais de Licenciamento e Fiscalização, não tem necessidade de Guarda Municipal, até porque – enquanto vigente a lei do descanso eterno – era mais fácil encontrar um tibetano albino que um Guarda nas ruas do Rio. Mercadoria ilegal deve ser apreendida sempre. Diariamente. Incansavelmente. A todo tempo.

Não faz o menor sentido um vereador que diz defender a pauta da Ordem Pública atacar assim as ações de ordenamento da Prefeitura do Rio. Elas são a quimioterapia e a radioterapia do câncer urbano, Doutor! Sem elas, a expansão da desordem ocorre em ritmo galopante. Aos olhos de quem não conhece o nobre vereador, poderia até parecer um tipo de politicagem barata para angariar votos de uma classe, os Guardas; mas o pior é que eles já têm seus candidatos. E dessa forma – a estratégia é péssima – os Amorim e outros vereadores de direita podem perder os votos de quem os elegeu, a população carioca que quer ver uma cidade livre de camelôs ilegais, livre de baderna e de venda de produtos piratas ou roubados, invasões criminosas, destruição de nossa flora por “construtores de favela”, etc.

Se é este caminho que procuram para fazer oposição ao prefeito Eduardo Paes, e Meu Deus há sim pretextos reais para bater nele, é só conversar com o vereador Pedro Duarte. Estão errados e prejudicam o nosso Rio de Janeiro. Agora, se o objetivo é apenas tentar derrubar o secretário Carnevale e colocar algum amiguinho no lugar, lamento, não vão conseguir, não com argumentos tão fracos e comezinhos.


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