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Polícia resgata recém-nascido vítima de tráfico de pessoas

Os detalhes do caso foram apresentados durante coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira, na sede da Delegacia Geral, situada na avenida Pedro Teixeira, no bairro Dom Pedro, na Zona Centro-Oeste. Estiveram presentes o delegado-geral Bruno Fraga e o delegado-geral adjunto da PC-AM Guilherme Torres; a delegada Juliana Tuma, titular da Depca; e o delegado Juan Valério, coordenador da Core-AM.

O delegado-geral iniciou a coletiva parabenizando os policiais civis da Depca e da Core-AM pela condução da operação, que logrou êxito em salvar a vida do bebê sem que houvesse qualquer tipo de dano colateral.

– Estamos diante de uma situação bastante chocante, um caso em que um bebê foi entregue pela própria mãe biológica para pessoas envolvidas com o crime. A mulher que estava com o bebê já responde por tráfico de drogas e a sua irmã foi a intermediadora da situação, provavelmente ela iria vender esse bebê para terceiros – disse o delegado-geral.

O delegado-geral adjunto ressaltou que a Polícia Civil tem feito esforços para combater todo tipo de violência contra crianças e adolescentes e a Operação Salvaguarda demonstra esse compromisso.

– Hoje é um dia feliz para a Polícia Civil, conseguimos restituir a dignidade desse bebê, que vai poder ter um futuro. Quero parabenizar as equipes da Depca e da Core-AM pela ação cirúrgica que conseguiu, sem nenhum dano colateral, resgatar essa vítima – destacou o delegado-geral adjunto.

ENTENDA O CASO
A delegada Juliana Tuma, titular da Depca, explicou que a mãe biológica da vítima, uma jovem de 19 anos, é dependente química e a entregou para as irmãs Ester Naissa e Vitória Laissa a fim de quitar uma dívida com o tráfico de drogas.

– Iniciamos essa investigação há aproximadamente 10 dias, após recebermos a denúncia de um familiar do bebê, do sexo feminino, que desconfiou da história contada pela mãe biológica de que ele teria falecido. Ela chegou a apresentar, inclusive, uma declaração de óbito falso em formato digital – disse Tuma.

Conforme a delegada, em um primeiro olhar, a equipe policial da Depca pensou que o bebê teria sido adotado ilegalmente, todavia, com o decorrer das investigações, observaram que se tratava de um possível tráfico de pessoas.

– Fomos em busca de informações desde quando o caso iniciou. Ou seja, em resumo, a jovem deu entrada em uma maternidade localizada na zona norte de Manaus com um nome falso, e saiu de lá em um sábado, dia em que o cartório da maternidade não funcionava, para que não fosse necessário registrá-lo. Dias depois, ela inventou para a família que o bebê teria falecido – falou a delegada.

Segundo ela, as investigações contaram com o apoio da direção da maternidade, que não compactuou com a ação criminosa e ajudou a esclarecer a situação. Foi então que os policiais civis da Depca souberam que a jovem, inclusive, saiu da maternidade com a declaração de nascido-vivo.

– Chegamos a fazer diligências em cartórios e não encontramos o registro da criança em nenhum canto. Mas sabíamos que esse bebê estava com vida, então nosso maior objetivo era resgatá-lo com proteção. Por isso denominamos essa operação como Operação Salvaguarda pois o que mais queríamos era salvaguardar os direitos e a proteção da vítima, que estava em mãos de pessoas erradas – explicou.

De acordo com a delegada, Vitória foi a responsável por intermediar a situação com a mãe biológica do bebê e sua irmã, Ester Naissa, foi quem ficou com a vítima depois de ela ser entregue.

– Todo o esquema criminoso premeditado pelas irmãs, com a mãe biológica do bebê, inclusive o atestado de óbito falso. Tendo a dimensão dessa situação, representamos por cinco mandados ao todo, sendo três de busca e apreensão e dois de prisão temporária, para que pudéssemos solucionar esse caso – mencionou a delegada.

Tuma disse que a mãe biológica do bebê chegou a se arrepender de tê-la entregue e tentou pegá-lo de volta com as irmãs. Ela não obteve sucesso e ainda foi ameaçada de morte por Ester Naissa.

– Toda essa situação nos afligiu e nos levou a fazer essas representações dessas cautelares. Fizemos um trabalho de inteligência, descobrimos onde esse bebê estaria e, em posse de todas as informações concisas, e saímos em diligências para cumprir os mandados – citou a delegada.

As prisões, o resgate do bebê e os cumprimentos das busca e apreensão ocorreram no bairro Santa Etelvina, na Zona Norte. Durante o cumprimento das buscas e apreensão, foram encontrados o atestado de óbito falso e outros documentos referentes a esse recém-nascido.

– O bebê está no sistema de acolhimento e o Juizado da Infância e da Juventude irá decidir o seu futuro de agora em diante – ressaltou a delegada.

ATUAÇÃO
Conforme o delegado Juan Valério, coordenador da Core-AM, a equipe operacional tática foi acionada pela Depca, a qual já tinha dados de inteligência, principalmente do local, em razão de ser uma área muito conflagrada pelo tráfico de drogas.

– Nós tínhamos que chegar ao local de maneira célere, até para não acusar ou não denunciar a nossa chegada, pois a nossa maior preocupação era que essas pessoas fossem avisadas e saíssem com o bebê para outro local. Mas, felizmente, ocorreu tudo bem, sem nenhum tipo de efeito colateral. Quero agradecer todo o levantamento de inteligência da equipe da Depca, pois, sem isso, não teríamos como planejarmos a melhor estratégia tático-operacional – contou o delegado.

As irmãs Ester Naissa e Vitória Laissa responderão por tráfico de pessoas e falsificação de documento público e ficarão à disposição do Poder Judiciário.

 

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