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Polícia alemã mata homem que abriu fogo perto de consulado israelense

A polícia da Alemanha matou nesta quinta-feira um cidadão austríaco de 18 anos que abriu fogo perto de um museu sobre o nazismo e do Consulado de Israel em Munique, que autoridades apontam como possível alvo do ataque. De acordo com o porta-voz da polícia alemã Andreas Franken, os agentes foram alertados sobre um suspeito que carregava uma “arma longa” por volta das 9h (4h em Brasília). Na sequência, houve troca de tiros entre os oficiais e o homem, e não há indícios de que mais alguém tenha se ferido.

A identidade do suspeito ainda não foi divulgada, e as autoridades ainda investigam a motivação do ato, disse Franken. O homem, que carregava uma arma antiga com um mecanismo de repetição, morreu no local. O principal responsável pela segurança da Baviera, o ministro do Interior estadual Joachim Herrmann, afirmou que o suspeito inicialmente atirou contra a polícia, e que os policiais revidaram. Um helicóptero foi mobilizado para fornecer uma avaliação mais detalhada do incidente.

— Temos de presumir que havia planos de um ataque ao consulado de Israel nesta manhã — disse Herrmann. — É óbvio que, se alguém estaciona aqui, à vista do consulado de Israel, e começa a atirar, provavelmente não é coincidência.

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Mais tarde, promotores e policiais disseram em comunicado conjunto que atualmente acreditam que o plano era para “um ataque terrorista” contra o consulado israelense. A Austria Press Agency publicou que o agressor havia chamado a atenção das autoridades no ano passado, mas que não foi considerado de alto risco. Sem citar fontes, a agência disse que dados encontrados no celular dele sugeriram proximidade com a ideologia extremista islâmica, mas que a investigação sobre a possível filiação dele ao grupo Estado Islâmico (EI) foi encerrada.

O caso ocorreu no 52º aniversário do ataque terrorista nas Olimpíadas de Munique de 1972, quando membros da organização palestina Setembro Negro invadiram o alojamento da equipe de Israel. Onze membros da equipe israelense foram mortos, além de um policial alemão e cinco dos agressores. Apesar da data, não está claro se o incidente desta quinta-feira tem relação com o evento.

Nas redes sociais, a polícia de Munique disse que não havia evidências de outros suspeitos envolvidos no incidente desta quinta, mas a segurança foi reforçada na cidade, a terceira maior do país. Cerca de cinco policiais estavam por perto quando os disparos começaram, e um grande número de agentes foi direcionado para a área em seguida.

O Ministério das Relações Exteriores de Israel informou que o consulado em Munique estava fechado quando o tiroteio ocorreu, e que nenhum dos seus funcionários havia sido ferido. O Centro de Documentação de Munique para a História do Nacional-Socialismo, que explora o passado da cidade como berço do movimento nazista de 1933-45, também informou que todos os seus funcionários estavam ilesos. O centro fica no local da antiga sede do partido nazista e perto do consulado israelense.

Aumento do antissemitismo

O presidente de Israel, Isaac Herzog, conversou com seu homólogo alemão, Frank-Walter Steinmeier, e disse que ambos expressaram “condenação e horror” em relação ao tiroteio. No X, ele escreveu que “no dia marcado na Alemanha para lembrar os 11 atletas israelenses que foram assassinados (…), um terrorista cheio de ódio tentou novamente assassinar inocentes” na cidade. Ele agradeceu aos serviços de segurança pela resposta rápida e afirmou que “juntos, devemos nos posicionar contra o terrorismo e derrotá-lo”.

Em entrevista coletiva sobre outro assunto em Berlim, a ministra do Interior da Alemanha, Nancy Faeser, classificou o ocorrido como “um incidente grave”, mas reforçou que não faria especulações. Ela reiterou que “a proteção das instalações judaicas e israelenses tem a mais alta prioridade”. O chefe da principal organização judaica da Alemanha, Josef Schuster, disse que “poderia ter havido uma catástrofe em Munique” e agradeceu à polícia por intervir rapidamente.

O incidente ocorreu dias após a sigla de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD) conquistar bons resultados na Turíngia e na Saxônia, dois estados no Leste alemão, no que representou a primeira vitória da extrema direita em uma eleição parlamentar estadual alemã desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Nos dois estados, a AfD já foi classificada como um grupo “extremista de direita” pelos Escritórios Estaduais para a Proteção da Constituição, órgão de inteligência responsável por garantir a ordem democrática no país.

O caso também foi registrado num momento em que a Alemanha tem registrado o ressurgimento do antissemitismo. Um mês após o ataque do grupo terrorista Hamas a Israel em 7 de outubro passado, que desencadeou a guerra na Faixa de Gaza, o país identificou cerca de 2 mil incidentes antissemitas ligados ao conflito no Oriente Médio, segundo a polícia federal. A escalada da violência levou o chanceler alemão, Olaf Scholz, a assegurar na época que iria proteger os judeus da Alemanha contra o “aumento vergonhoso do antissemitismo”. (Com AFP)