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Planalto reúne ministros e pede apoio a candidatos da base contra direita

O núcleo palaciano do governo Lula (PT) pediu aos demais ministros que entrem na campanha eleitoral para apoiar no segundo turno os candidatos de partidos da base governista contra o bolsonarismo.

Os ministros do governo se reuniram em dois momentos nesta semana, após o primeiro turno das eleições municipais. O primeiro encontro aconteceu na manhã desta terça-feira (8), em um café da manhã na residência do ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos).

Um jantar também foi realizado com os que não puderam comparecer ao encontro.

O primeiro turno das eleições mostrou a força dos partidos de centro e também do bolsonarismo. O partido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) elegeu dois prefeitos em primeiro turno e vai disputar a segunda rodada de votação em nove capitais.

O PL não fez as mil prefeituras planejadas, mas conseguiu o comando de 510 municípios, tornando-se a quinta maior força eleitoral do país.

Durante o encontro desta terça-feira (8), os ministros que atuam no Palácio do Planalto, Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social) e Márcio Macêdo (Secretaria Geral da Presidência) —os três do PT—, pediram para os demais empenho no segundo turno, para que a base mostre força e contenha o avanço da direita no país. Nos bastidores, ministros têm insistido no combate aos chamados de ícones da direita.

Os ministros palacianos reconheceram que há casos de confrontos dentro da chamada frente ampla do governo, mas afirmam que mesmo nesses casos é necessário colocar o peso para vencer no segundo turno.

O governo Lula conta com vários partidos na sua base de apoio, mais à esquerda e ao centro. Possuem ministérios siglas como o PSD , MDB, União Brasil, PSB, Republicanos, PP, Rede, PC do B, PDT e PSOL.

O exemplo mais claro é a cidade de São Paulo, onde Guilherme Boulos (PSOL) enfrenta Ricardo Nunes (MDB). Apesar de haver três ministros emedebistas, o Planalto pediu empenho em peso na disputa, considerando que Nunes está junto com o bolsonarismo.

O mesmo argumento é usado em relação a Porto Alegre, onde haverá outra luta entre a esquerda e o MDB —Bolsonaro e os demais partidos de direita estarão com Sebastião Melo. O PT também busca no segundo turno a vitória em Santa Maria (RS), região de influência de Paulo Pimenta.

Os ministros palacianos também tentaram transmitir a mensagem de que é possível virar mesmo em locais onde o primeiro turno terminou em grande desvantagem para os partidos aliados.

Uma das capitais citadas no encontro é Cuiabá, onde o petista Lúdio Cabral (PT) ficou em segundo com 28% dos votos, contra 39% do bolsonarista Abilio Brunini (PL).

Apesar da desvantagem, o resultado foi mencionado no encontro como uma vitória, considerando que o petista deixou de fora do segundo turno o presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, Eduardo Botelho, candidato do governador Mauro Mendes, ambos do União Brasil.

A candidata a vice na chapa de Lúdio Cabral é a filha do atual ministro da Agricultura Carlos Fávaro (PSD), Rafaela Fávaro. A avaliação no café da manhã é que vale um esforço para atrair os votos de centro para a chapa, considerando que o governador se declarou neutro no segundo turno.

Já como resultado desse café da manhã, Lúdio e Rafaela Fávaro estiveram em Brasília e conseguiram fazer vídeos com integrantes do governo nesta quinta-feira (10). Primeiro filmaram com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) em uma produtora da capital federal e depois foram à residência da Granja do Torto, para um encontro e novas gravações com Lula.

A reunião na casa de Silvio Costa Filho começou com uma radiografia do primeiro turno feita por Alckmin. Os presentes evitaram apontar erros de estratégia e focaram ações para obter mais vitórias no segundo turno.

No entanto, os integrantes do governo apontam o que veem como dois grandes erros cometidos no primeiro turno.

O primeiro deles foi em Teresina (PI), onde há a avaliação de que o PT não entrou de cabeça na campanha e, assim, permitiu a derrota de um nome forte logo no primeiro turno. Fábio Novo (PT) perdeu mesmo alcançando 43% dos votos.

Além disso, o PSD e uma ala do PT reclamam da insistência em forçar a candidatura de Rogério Correia (PT), em Belo Horizonte. A avaliação é que Fuad Noman (PSD) poderia ter vencido no primeiro turno se o petista não tivesse lançado candidatura.

O atual prefeito enfrenta agora o bolsonarista Bruno Engler (PL). Apesar de o candidato do PL ter terminado na frente, a avaliação dentro do governo é de que a reversão do quadro não será difícil, embora exija forte apoio do governo.

Também prioridade do governo é a eleição no Pará, com candidatos ligados ao governador Helder Barbalho (MDB), contra o PL de Bolsonaro em Santarém e Belém.

O governo federal, por outro lado, não vê motivos para entrar na disputa em três capitais onde o confronto se dá exclusivamente no campo da direita, apesar de alguns nomes estarem concorrendo por siglas da base governista: Palmas, Porto Velho e Curitiba.

Em Curitiba, o PT decidiu liberar a bancada, mas uma parte do núcleo paranaense da legenda vai entrar em campo para tentar evitar uma possível vitória de Cristina Graeml (PMB), considerada mais extremista.

Posição semelhante haverá em Goiânia, onde não haverá apoio explícito a Sandro Mabel (União Brasil), candidato do adversário Ronaldo Caiado, mas há a avaliação de que é preciso derrotar o candidato do PL, Fred Rodrigues.

Também houve reforço, durante o café da manhã, a um pedido do próprio Lula para planejar ações integradas neste semestre, independente do processo eleitoral, para ampliar e melhorar a comunicação do governo.

A ideia é que os ministros falem mais do governo nos eventos da pasta, em viagens pelo país e nas suas bases, de uma maneira transversal —e não apenas dos feitos de seus ministérios.

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