NotíciasPolítica

Pedido de falência da Tupperware; marca de potes e utensílios deixará o Brasil?

Com quase 80 anos de história, neste mês a Tupperware entrou com um pedido de falência nos EUA. A empresa acumula prejuízos e, em meio aos apelos das gerações mais jovens por sustentabilidade, seu império de plástico começou a ruir. Mas, no Brasil, onde está seu maior público e ela possui uma fábrica, a Tupperware desaparecerá?

Ao ser questionada diretamente, a empresa não cita o Brasil, mas afirma que planeja manter seus potes e outros utensílios domésticos à venda. “A Tupperware pretende continuar oferecendo aos clientes produtos inovadores e premiados por meio de nossos consultores Tupperware, no varejo e online em Tupperware.com”, diz, em nota enviada à reportagem.

A companhia norte-americana tem uma fábrica no Rio de Janeiro — já sua única planta norte-americana foi fechada em junho deste ano. Habitualmente ativa nas redes sociais, a presidente da empresa na América Latina, Paola Kiwi, compartilhou há dois dias imagens da linha de produção, nas palavras dela, “a todo vapor”.

Publicidade

Um pedido de falência não significa necessariamente o fechamento de uma empresa. O recurso a que a Tupperware recorreu nos EUA permite que ela apresente um plano a seus credores a fim de reorganizar suas finanças.

Após um boom de vendas durante a pandemia, quando o isolamento social estimulou famílias a investir em utensílios domésticos, as vendas da Tupperware despencaram. Em 2022, caíram 18% em comparação ao ano anterior. Elas atingiram US$ 1,3 bilhão, uma longa descida em comparação aos US$ 2,7 bilhões de dez anos antes.

O problema da Tupperware é tanto material quanto cultural — é o que resumiram diferentes analistas desde a última semana, quando a notícia da falência se tornou pública. A pandemia elevou os custos de produção e logística, por um lado. Por outro, gerações mais jovens dão mais valor à sustentabilidade, especialmente no Hemisfério Norte, e o plástico das vasilhas já não tem tanta aderência a esse público. Além disso, as vendas online impulsionaram a busca por outras opções — em alguns casos, mais baratas.

Ao comunicar o pedido de falência, a presidente da empresa, Laurie Ann Goldman, mencionou a digitalização. “Esse pedido tem a intenção de nos prover uma flexibilidade essencial para procurarmos estratégias alternativas para dar suporte à nossa transformação em uma empresa focada no digital e na tecnologia e servir melhor a todos os interessados”.

“A festa acabou para a Tupperware”, resumiu a líder de dinheiro e mercados da empresa britânica de serviços financeiros Hargreaves Lansdown, Susannah Streeter. Ela faz referência às “festas da Tupperware”, eventos criados por uma revendedora nos anos 50 que ajudaram a popularizar a marca ao redor do mundo. Durante os encontros, as vendedoras demonstravam os usos às consumidoras e encantaram gerações.

“Mudanças no comportamento dos consumidores empurraram os recipientes da Tupperware para fora da moda, enquanto os clientes começaram a abandonar os plásticos e a encontrar formas mais sustentáveis de armazenar comida”, arremata a especialista no mercado. 

 

source

Compartilhe:
WP Twitter Auto Publish Powered By : XYZScripts.com