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Opositor de Maduro comenta conflito entre o chavista e Lula

As trocas de farpas entre os aliados de longa data Nicolás Maduro e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chamaram a atenção do principal opositor do chavista nas eleições venezuelanas, Edmundo González Urrutia. Nesta quarta-feira (24), o candidato avaliou que o governo de Maduro tem a “pele sensível” e reage de forma antidemocrática quando é criticado, desconsiderando até mesmo antigas alianças.

– Lula tem sido um aliado do governo por muito tempo, o governo sabe disso, e o tratou como um aliado quase incondicional. Agora, esse é um governo que tem “a pele” muito sensível e, quando fazem alguma crítica, reage com circunstâncias como estas. Quando diz algo que não gostam, [aí] já não é mais o aliado de sempre. Por isso, tem essas reações que não são próprias de uma sociedade democrática – apontou Urrutia, em entrevista à repórter Paula Paiva Paulo, do G1.

Para Edmundo González, as recentes atitudes do ditador, como ter desconvidado observadores internacionais europeus para as eleições – “é um sinal de desespero e de nervosismo que há no governo diante da real possibilidade de perderem as eleições”.

As falas de Urrutia ocorrem após o presidente brasileiro afirmar ter se assustado com as declarações de Maduro prevendo um “banho de sangue” e uma “guerra civil” caso perca o pleito do próximo domingo (28). Em resposta a Lula, o venezuelano orientou, sem citar nomes, aqueles que se assustaram a tomar um “chá de camomila”.

Apesar das falas intimidadoras, Urrutia acredita que, em caso da vitória da oposição, haverá uma transição pacífica.

– Confiamos que possa ser feita uma transição com normalidade, sem violência, como costuma acontecer em situações como esta em qualquer sociedade democrática – manifestou sua expectativa.

O candidato à Presidência citou que a economia de seu país está “no chão” e destacou a urgência de recuperar o poder aquisitivo da moeda nacional, o bolívar. Ele pondera que há muito trabalho a ser feito pela frente.

Urrutia também abordou a situação dos refugiados venezuelanos que estão em outros países, inclusive no Brasil.

– Nós vamos oferecer um governo que vai facilitar o retorno de todos aqueles venezuelanos que desejam se reencontrar com o país, para que o país possa se beneficiar das experiências que adquiriram no exterior e que possamos aproveitar essas experiências no processo de recuperação econômica – afirmou.

Tal como Maduro, ele visa anexar o território de Essequibo, na Guiana; entretanto, defende que seja feito por vias pacíficas, por meio do Acordo de Genebra de 1966. Para ele, trata-se de uma “reivindicação história” e diz ter traçado um plano para alcançá-la.