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Operação da PF desarticula banco criado para lavar dinheiro do tráfico

A Polícia Federal (PF) desmantelou uma operação bancária criada por organizações criminosas com o propósito de lavar dinheiro proveniente do tráfico internacional de drogas. Segundo informações da PF, o First Capital Bank foi estabelecido há 4 anos e veio à luz após uma denúncia anônima em 2022, desencadeando uma operação em 7 estados e no DF.

Em julho de 2022, uma denúncia anônima conduziu os agentes até uma propriedade rural em Curuçá, no Pará, onde foi descoberta uma carga de mais de uma tonelada de cocaína. Dois indivíduos foram detidos em flagrante, e aparelhos celulares foram confiscados.

Após meses de investigação, as autoridades realizaram uma operação em 4 de abril, resultando na detenção de 12 pessoas e na apreensão de computadores, veículos de luxo, dinheiro em espécie e joias em uma das sedes do grupo, localizada em São Paulo.

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A Justiça Federal determinou a suspensão das atividades do banco e o congelamento dos ativos nas contas da empresa.

As investigações revelaram que os criminosos contratavam pescadores locais para transportar cocaína em barcos de pesca, os quais eram modificados com compartimentos ocultos para ocultar a droga durante o transporte até o litoral, de onde era enviada para a Europa e África. O dinheiro resultante da venda da droga era então lavado pelo First Capital Bank.

Os investigadores descobriram que os proprietários recrutavam indivíduos físicos e jurídicos, muitos dos quais agindo como “laranjas” e empresas de fachada, para conduzir transações financeiras milionárias.

Documentos indicam que Regiane Pereira de Oliveira é a principal acionista do banco; Nelson Piery da Silva e Nailton Rodrigues Coelho são sócios da empresa e se apresentam como operadores do mercado financeiro.

Nailton foi preso, enquanto Nelson Piery conseguiu escapar momentos antes da chegada dos policiais à sua residência, em um condomínio de luxo em São Paulo. Ele é considerado foragido, juntamente com Regiane, que ainda não foi localizada.

Regiane, Piery e Nailton já haviam sido alvo de uma operação da Polícia Federal em Minas Gerais no ano anterior, pelos mesmos crimes de tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro.

O suposto banco era uma entidade registrada na Receita Federal e na Junta Comercial de São Paulo, porém não como uma instituição financeira. O Banco Central esclareceu que o First Capital Bank nunca obteve autorização para operar, e a Federação Brasileira de Bancos afirmou que ele não está cadastrado em seu sistema.

O banco fictício possuía um site na internet, presença em redes sociais e até mesmo vídeos promocionais. De acordo com a PF, não é possível determinar se todos os clientes estavam cientes de que o First Capital Bank era controlado por traficantes, e possíveis clientes são encorajados a se manifestar nos próximos dias, uma vez que as atividades da empresa foram suspensas.

A investigação agora se concentra em descobrir a origem dos recursos e a concepção do banco de tráfico, bem como a cooptação dos envolvidos.

Segundo a PF, o Pará, especialmente nas proximidades do litoral, é uma região estratégica para o tráfico internacional de drogas devido à sua proximidade com países produtores de cocaína, como Colômbia e Bolívia, sua vasta extensão costeira de mais de 550 km e suas múltiplas rotas de transporte de drogas, seja por terra ou pelos rios.

A polícia também observa que cidades pequenas, como Curuçá, estão frequentemente no foco daqueles responsáveis pela distribuição dos produtos, pois nessas áreas, os barcos podem escapar da vigilância dos portos oficiais e circular pelo interior do estado com maior discrição.

 

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