O que é a turfa do Pantanal e por que ela torna o combate ao fogo ainda mais difícil
“O que acontece, durante os períodos de secas e cheias nas estações da região, vão se criando camadas de matéria orgânica no solo. Imagina toda essa matéria acumulada ao longo de vários anos, é o ambiente propício para focos de incêndios. É uma característica do Pantanal que dificulta o combate aos incêndios, daí surge o fogo de turfa ou “fogo subterrâneo”, que queima sem que as pessoas percebam, nas camadas mais profundas de toda essa matéria orgânica”, explica Gustavo Figueirôa.
A diretora de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros, Tatiana Inoue, explica que o solo de turfa no Pantanal é como se fosse um sanduíche, em meio as estações foram sendo criadas camadas, uma de terra, outra de vegetação, outra de terra, e assim repetitivamente ao longo dos anos.
E quando o bioma sofre com as chamas, o fogo pode atingir uma dessas camadas mais profundas e se espalhar até encontrar alguma fissura e uma vegetação mais seca para emergir.
Determinadas regiões com o solo de turfa, quando está seco, criam bolsões de ar dentro do solo, perfeito para o fogo de turfa que é mais comum quando não há chuva em abundância. E ele pode durar por semanas, até meses”, explica.
Mas como descobrir o fogo de turfa? De acordo com o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul é possível identificar o incêndio por meio de fumaça e até pela temperatura do solo.
A gente não consegue ver as chamas, pois se trata de um incêndio subterrâneo, mas em alguns casos é possível ver a fumaça da matéria orgânica que está queimando e a temperatura do solo, é muito quente, não dá para aproximar as mãos do solo, muitos animais são surpreendidos com essa temperatura”.
Para impedir a propagação do fogo de turfa são feitas barreiras artificiais “aceiro”.
“São áreas de difícil acesso, com fogo subterrâneo. O que dificulta mais ainda a ação do combate, é a necessidade de abrir trincheira como linha de controle, escavar até o solo mineral para que o fogo não passe por baixo dessa linha. É difícil de andar, muito calor também. A temperatura, nós estamos em junho, mas é a temperatura está alta”, afirma Márcio Yule, coordenador estadual Ibama Prevfogo.