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O “deus” mercado cultua a falácia dos juros altos

Nos primeiros dias de agosto teremos mais uma reunião do COPOM – Comitê da Política Monetária do Banco Central (formado por uma casta que representa apenas os mil(!) gestores dos fundos e do dinheiro existente no mercado financeiro) – para definir uma possível queda da taxa SELIC, hoje em 13,75%, contra uma inflação de apenas 3,6%. 

Juros altos e abusivos travam a economia, postergam investimentos produtivos geradores de empregos, aumentam os encargos da Dívida Pública e levam ao desespero às famílias endividadas, obrigadas a suportar juros no cartão de crédito da ordem de 300% ao ano.

O mercado financeiro, hoje muito empoderado politicamente, traz os valores da elite endinheirada, numa sociedade altamente desigual e injusta. Tentam inclusive, culturalmente, definir qual seria o padrão de sucesso nessa sociedade periférica e dependente, com metade de sua população em idade produtiva desocupada e fora do jogo.

Estranhamente, os economistas ligados ao pessoal detentor de capital fictício (senhores que vivem dos juros da Dívida Pública, ou de dividendos pagos pelas empresas cotadas na Bolsa de Valores) costumam dizer que o orçamento do Estado brasileiro se assemelha ao orçamento familiar e propugnam austeridade fiscal. Uma mistificação, pois finanças públicas e finanças pessoais são completamente diferentes. 

Na crise, por exemplo, enquanto as famílias empobrecidas, corretamente cortam gastos, o poder público deve fazer exatamente o contrário e gastar em infraestrutura e transferência de renda para famílias mais vulneráveis. Quando o Estado investe, o setor privado segue o mesmo comportamento na busca de lucro e segura a demanda agregada.

O Estado, via seu orçamento, tem a capacidade de definir quanto vai gastar, mediante impostos sobre as famílias mais ricas, ou emitir dívida e, moderadamente, dinheiro – pois ele é um regulador da sociedade, mediante políticas públicas ativas. 

É o Estado que escolhe a taxa que vai pagar pela dívida e tem a máquina de fazer o dinheiro de aceitação social. Simples assim! Se houver capacidade ociosa na economia o poder público acerta ao agir. 

O corte indiscriminado de gasto público, provocado por juros altos e abusivos, ao contrário do apregoado, não vai trazer de volta a “fadinha da confiança”. Na verdade, tende sempre a deprimir ainda mais a economia. Basta ver o sufoco no setor varejista.

Portanto é também um mito a tese de que “se o governo não cortar gastos, o nosso país vai quebrar”. Essa afirmativa esconde os interesses daqueles que querem os serviços sucateados e servidores mal remunerados e desmotivados para depois justificar sua privatização. 

Em paralelo, a austeridade fiscal, ao trazer recessão produz desemprego, sobra de força de trabalho e redução dos salários no setor formal da economia.

Tudo se resume a interesses meus caros. Portanto, economia e política andam juntos, ou seja, Estado e mercado são complementares e nunca competem entre si.

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