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Nunes diz que fala de Lula sobre poda de árvores é 'lamentável'

O presidente Lula (PT) e o prefeito e candidato à reeleição em São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), protagonizaram um embate neste sábado (19) em torno do apagão na cidade, após críticas do petista, aliado do candidato Guilherme Boulos (PSOL), à gestão municipal, o que levou o rival a reagir.

Nunes criticou o presidente por afirmar que o emedebista não cumpriu com suas obrigações de poda de árvores. “Enquanto eles falam e não agem, eu estou trabalhando”, respondeu Nunes, que voltou a responsabilizar o governo federal pelo rompimento do contrato com a concessionária Enel.

“É lamentável que o presidente da República se preste a um papel desse, estando no contrato da Enel que ele pode fazer o decreto de caducidade ou intervenção e não faz para vir aqui fazer um ataque desse, muito fora do padrão que a gente espera de um presidente”, completou.

Horas antes, durante transmissão ao vivo com Boulos nas redes sociais, Lula disse que “era obrigação do prefeito ter podado [as árvores]”, mas em seguida afirmou não querer bater boca com o prefeito nem com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

“Não podou porque talvez não olhe para cima, talvez não olhe nem para o céu”, provocou Lula, acrescentando que “todo prefeito e todo vereador” em São Paulo “sabe que toda vez que chove tem problema de árvore”. O apagão tem sido explorado por Boulos, segundo colocado nas pesquisas, para tentar desidratar o adversário e virou um jogo de empurra entre os dois e seus respectivos aliados.

“Nós temos 1.492 árvores que poderiam ter sido podadas e que não foram. E é o mínimo que um prefeito pode fazer. Nós temos a época da poda, que é aí para o mês de maio, junho, julho e agosto, são os meses que não têm ‘r’, e depois você tem a poda por conta da chuva, que pode ser setembro”, disse o presidente.

Candidato à reeleição, Nunes é do MDB, partido aliado de Lula no plano nacional e titular de ministérios do governo federal. Em São Paulo, Nunes tem apoio de Tarcísio, adversário de Lula e cotado para a disputa de 2026, e tem um vice indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), outro rival do presidente.

Lula ainda fez críticas à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), que tem sido cobrada tanto por Boulos quanto por Nunes. “Temos uma agência de regulação que não regula e que não fiscaliza. Foi feito convênio com a agência de São Paulo de fiscalização [Arsesp], que também não regula e não fiscaliza.”

“E nós temos a prefeitura que assumiu compromisso e não fiscaliza. Eu não quero ficar batendo boca, nem com governador e nem com o prefeito. Quero cuidar do povo primeiro e, depois que cuidar do povo, vou fazer as minhas brigas políticas com quem quer que seja”, continuou.

“Aqui em São Paulo não foi um problema da natureza. A natureza choveu, choveu, choveu, mas, se as árvores tivessem cortadas, se a empresa, a Enel, tivesse sido responsável e feito do jeito que deveria fazer, se a empresa fiscalizadora de São Paulo tivesse fiscalizado, se a agência nacional tivesse fiscalizado, porque toda essa gente foi indicada pelo governo passado. Eles têm mandato, é importante saber.”

A última parte da fala é uma referência ao diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa Neto, que foi indicado por Bolsonaro para o cargo. Boulos diz que cabe a Feitosa colocar em pauta o fim do contrato e sugerido que, já que o prefeito tem o apoio do ex-presidente, deveria usar a relação para pressionar a agência.

A live de Lula com Boulos foi realizada de improviso, depois que foram cancelados dois atos de campanha previstos para o dia por causa da chuva na capital paulista. Os dois participariam de caminhadas com apoiadores, pela manhã no Jardim Myrna (zona sul) e à tarde em São Mateus (zona leste).

Ao longo do primeiro turno, diferentes atividades de Lula com Boulos chegaram a entrar na previsão de agenda do candidato do PSOL, mas acabaram desmarcada. O presidente esteve em dois comícios, no dia 24 de agosto, e em uma caminhada na avenida Paulista na véspera do primeiro turno.

A expectativa inicial dos aliados do deputado era que o presidente participasse de mais agendas de rua, mas a previsão acabou atropelada pela agenda do governante e por imprevistos como o deste sábado.

Nunes rebateu o presidente ao falar à imprensa após uma missa do padre Marcelo Rossi no Santuário Mãe de Deus, no Jardim Umuarama (zona sul). Ele estava acompanhado do secretário estadual de Governo, Gilberto Kassab (PSD), e do vereador Rodrigo Goulart (PSD).

No encerramento da celebração, o bispo Dom José Neri, da diocese de Santo Amaro, agradeceu à gestão de Nunes. “A nossa prefeitura, neste ano, ajudou mais de 70 paróquias. Muito obrigado, de coração.”

Na campanha do primeiro turno, Nunes focou em conquistar os votos religiosos, especialmente dos evangélicos, que estavam em disputa entre ele e Pablo Marçal (PRTB). O prefeito chegou a dedicar um dia inteiro da campanha a um circuito por templos religiosos e, na ocasião, chamou Marçal de “um risco à humanidade” e ligou Boulos à defesa da legalização do aborto.

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