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Mulher com dois úteros deu à luz a gêmeas em dias diferentes

A norte-americana Kelsey Hatcher, de 32 anos, nasceu com uma condição rara chamada útero didelfo, que se caracteriza pela duplicação do órgão. Seis dias antes do Natal, ela entrou em trabalho de parto no Alabama, nos Estados Unidos (EUA), e deu à luz bebês gerados separadamente. As meninas estão sendo chamadas de ‘gêmeas milagrosas’ por estarem em úteros diferentes.

Kelsey chegou ao Hospital da Universidade do Alabama, em Birmingham, para uma indução agendada no dia 19 de dezembro. Após 20 horas combinadas de trabalho de parto, ela deu à luz duas meninas, que acabaram nascendo em dias diferentes.

Roxi nasceu via vaginal, no dia 19 de dezembro, com 3,35 kg; Rebel foi entregue por cesariana, no dia 20 de dezembro, pesando 3,31 kg | Foto: Reprodução/Redes sociais

“Parece apropriado que elas tenham dois aniversários”, disse a mãe. “Ambas tinham suas próprias ‘casas’, e agora têm suas próprias histórias de nascimento únicas.”

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Em comunicado à imprensa, Kelsey compartilhou a emoção de sua gravidez rara: “Em nossos sonhos mais loucos, nunca poderíamos ter planejado uma gravidez e um parto assim”, disse. “Mas trazer nossas duas meninas saudáveis a este mundo com segurança sempre foi o objetivo, e o hospital da universidade nos ajudou a alcançá-lo.”

Saiba como foi a gestação e o parto das “gêmeas milagrosas”

Kelsey e o marido Caleb se divertiram com o inusitado | Foto: Reprodução/Redes sociais

Durante a ultrassonografia de oito semanas de gestação, Kelsey descobriu que estava gerando bebês em seus dois úteros.

“Tudo o que eu pude fazer foi rir”, lembrou. “Liguei imediatamente para o meu marido, Caleb, já que ele não estava comigo na consulta. Nós simplesmente rimos juntos.”

A mulher contou à imprensa norte-americana que os médicos também ficaram chocados com a constatação. Ela relatou que repediam o tempo todo o quanto o caso dela era “raro e especial”.

A obstetra que acompanhou a gravidez de Kelsey, Shweta Patel, professora assistente no Departamento de Obstetrícia e Gineologia do Hospital da Universidade do Alabama, descreveu a condição como uma “verdadeira surpresa médica”.

A professora afirmou que, devido à raridade do caso, contou com a colaboração de colegas especializados em “obstetrícia de alto risco e gravidezes únicas”. Segundo Patel, além de algumas consultas adicionais, a gestação de Kelsey “transcorreu rotineiramente”.

O professor da Divisão de Medicina Materno-Fetal da Universidade do Alabama, Richard O. Davis, lembrou que “em uma gravidez gemelar típica, os gêmeos compartilham um útero, o que pode limitar a quantidade de espaço que cada um tem, tornando o parto prematuro ou precoce uma possibilidade elevada.”

Na hora do parto, o hospital designou duas enfermeiras para monitorar cada útero e bebê | Foto: Reprodução/Redes sociais

 

Davis colaborou com a obstetra de Kelsey durante todos os meses. “No caso destes bebês, cada um tinha seu próprio útero, bolsa, placenta e cordão umbilical”, explicou. “Isso proporcionou a eles um espaço adicional para crescer e se desenvolver.”

Embora Kelsey tenha tido um bebê em cada útero, dois óvulos foram liberados e fertilizados durante o mesmo ciclo de ovulação, isso atende aos critérios de gêmeos fraternos.

“No final das contas, eram dois bebês em uma barriga ao mesmo tempo – eles apenas tinham apartamentos diferentes”, brincou Dr. Davis.

A obstetra Pavel explicou que, apesar da gestação ter transcorrido bem, a equipe tinha uma dúvida: como os bebês seriam entregues. Embora as cesarianas possam ser uma “opção de parto mais controlada” para casos de alto risco, como o de Kelsey, os profissionais queriam respeitar o desejo da mãe de ter a mesma experiência de parto que teve com seus outros filhos – “desde que fosse seguro”, afirmou.

Como a gestante não entrou em trabalho de parto por conta própria, precisou ser induzida às 39 semanas. O hospital designou duas enfermeiras de parto para monitorar cada útero e bebê.

‘Depois de uma jornada tão longa e intensa, significou o mundo ver minhas meninas juntas pela primeira vez’, disse Kelsey Hatcher | Foto: Reprodução/Redes sociais

Kelsey relatou os momentos em que começou a sentir as contrações de cada útero: “À medida que minhas contrações começaram, elas não estavam consistentemente juntas”, contou. “Mas estavam dentro de alguns segundos uma da outra. Eu senti cada lado contraindo em áreas diferentes também.”

A bebê que estava no útero direito, Roxi, foi a primeira a nascer. Ela foi entregue por via vaginal às 19h45 do dia 19 de dezembro, pesando 3,35 kg.

Conforme relatos da equipe médica, a mãe continuou tendo contrações enquanto amamentava Roxi.

Rebel, a bebê do útero esquerdo, nasceu no dia 20 de dezembro, às 6h10, pesando 3,31 kg.

A equipe de enfermagem providenciou para que o berço de Roxi estivesse na sala de operações quando Rebel nasceu.

Roxi e Rebel, as ‘gêmeas milagrosas’, vieram ao mundo a tempo de passar o Natal com seus três irmãos mais velhos | Foto: Reprodução/Rede social
Roxi e Rebel, as ‘gêmeas milagrosas’, vieram ao mundo a tempo de passar o Natal com seus três irmãos mais velhos | Foto: Reprodução/Rede social

Apenas uma em cada 50 milhões de mulheres no mundo tem dois úteros

Kelsey descobriu que tinha a condição rara aos 17 anos. A gestação das “gêmeas milagrosas” foi sua quarta gravidez. Os três outros filhos – Raelynn, de 6 anos, River, de 4 anos e Rhemy, de 2 anos – foram gerados em condições “normais”.

Segundo um médico obstetra/ginecologista da Baylor College of Medicine de Houston, no Texas, as chances de uma mulher ter esse tipo de gravidez são de uma em cada 50 milhões no mundo. Isso significa que apenas 0,3% da população tem essa condição.