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Moradores se assustam com fumaça no DF: “Ardem a garganta e os olhos”

Pegos de surpresa pela fumaça e névoa seca que cobre o Distrito Federal nesta segunda-feira (16/9), moradores da capital relatam ter se assustado com o clima na capital federal. A cidade registrou níveis de qualidade do ar “péssimo” e “perigoso” para a saúde, após o incêndio de grandes proporções que destrói a vegetação e ameaça a fauna do Parque Nacional de Brasília.

Por volta de 1h30, a cientista política Luana Vasconcelos, 31 anos, acordou com a casa tomada por fumaça. A mulher e o marido, que moram na 316 Norte, optaram por colocar toalhas úmidas sobre o rosto para conseguir dormir o resto da noite. Em certo momento, o casal não aguentou e resolveu usar máscaras descartáveis.

“Um cheiro muito forte, que arde na garganta e nos olhos. Tive que dormir o restante da noite com máscara. Nem na época da pandemia de Covid-19 isso aconteceu. Estou bastante assustada. Acho que é isso que chamam de ansiedade climática”, relata.

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Luana trabalha de home office e diz que está insuportável ficar em casa. Dona de três gatos, a cientista explica que os felinos estão agitados e tensos, incomodados com o ar seco.

O motorista Fabiano de Souza, 41, também se assustou com névoa seca que encobriu Brasília nesta segunda-feira. Morador de Santa Maria, ele trabalha de máscara pelo Plano Piloto, numa tentativa de reduzir os danos do clima. Durante a noite, a solução é ligar o umidificador e o ventilador da casa.

“Rapaz, hoje estava difícil. Muita fumaça, cheiro forte… Hoje não passei mal, mas semana passada tive de ser atendido pelo médico do meu trabalho. Sou de Minas Gerais e moro no DF há quase 20 anos. Essa é a primeira vez que a situação está tão caótica. A gente bebe e bebe água, mas não passa a sede. E tem que trabalhar normal, né?”

Vendedora na Rodoviária do Plano Piloto, Luana Oliveira, 39, também escolheu optou pelas máscara. Ela mora no Riacho Fundo e se deparou com a fumaça desde o caminho até a área central de Brasília. A comerciante o transporte público e explica que sempre vai para o fundo do ônibus em busca de uma janela que traga ar fresco durante o trajeto. Já pela noite, a situação está mais complicada: “Não dá para abrir as janelas por conta da fumaça, e não uso ventilador por conta da sinusite. Fica cansativo, muito calor. Mas nós temos que trabalhar.”

Assim como ela, Paulina Caxias, 50, foi de ônibus até a Rodoviária do Plano. Mas de lá, ela pega outro ônibus até o Sudoeste, onde trabalha como empregada doméstica. A diarista mora no Riacho Fundo e, já no trajeto para o Plano Piloto, reparou a fumaça e tirou uma máscara descartável da bolsa. “Não dá para ficar sem. Já cheguei a ficar sem ar e com a garganta dolorida. Já parei no hospital, com dificuldade para respirar. É muito ruim trabalhar nessas condições, mas na casa em que trabalho é tranquilo”, explica a mulher.