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Megaestruturas alienígenas ou galáxias poderosas? Nasa enfrenta debate polêmico em nova pesquisa sobre o espaço

Recentes detecções feitas pelo telescópio Wise da Nasa abriram discussões sobre a possível identificação de “esferas de Dyson”, estruturas hipotéticas que seriam construídas por civilizações extraterrestres para capturar energia diretamente de suas estrelas. Essas detecções foram divulgadas em maio de 2024, quando o grupo Projeto Hefesto identificou sete objetos incomuns com assinaturas infravermelhas que poderiam se encaixar no perfil dessas megaestruturas.

Os objetos se assemelham a estrelas anãs vermelhas, mas com uma assinatura de calor que sugere um comportamento distinto, levando à especulação de que poderiam estar associados a civilizações alienígenas avançadas.

A ideia das esferas de Dyson, proposta pelo físico Freeman Dyson em 1960, sugere que civilizações altamente avançadas poderiam construir estruturas em torno de estrelas para aproveitar sua energia. No entanto, Andrew Blain, astrônomo da Universidade de Leicester e membro da equipe do telescópio WISE, se manifestou contra essa interpretação com uma alternativa mais plausível: as “Hot DOGs”, sigla para galáxias obscurecidas por poeira quente (Hot Dust-Obscured Galaxies).

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Buraco negro supermassivo no centro de uma galáxia é a definição de quasar, objeto celeste mais brilhante — Foto: Divulgação
Buraco negro supermassivo no centro de uma galáxia é a definição de quasar, objeto celeste mais brilhante — Foto: Divulgação

Essas galáxias, que contêm buracos negros supermassivos ativos em seus centros, são difíceis de observar na luz visível devido à espessa camada de poeira que as cerca. No entanto, são extremamente brilhantes no espectro infravermelho, o que as torna visíveis para instrumentos como o Wise. Blain argumenta que os sinais captados pelo telescópio provavelmente são de Hot DOGs, e não de esferas de Dyson. A semelhança dos sinais entre os sinais pode ter gerado a confusão.

As Hot DOGs foram descobertas pelo WISE no início da década de 2010, e sua população inclui a galáxia mais luminosa já observada, a WISE J224607.57−052635.0, descoberta em 2015. Essas locais abrigam buracos negros que consomem muito material, e por consequência, geram uma intensa radiação infravermelha.

Blain também destaca que, embora o artigo de maio tenha levantado a hipótese das esferas de Dyson, o uso dos dados do WISE para tais interpretações pode ser precipitado. Ele alerta que observar esses objetos com maior profundidade é importante, mas considera arriscado presumir que a detecção de radiação infravermelha anômala seja imediatamente atribuída a civilizações alienígenas. “Fiquei mais desapontado que os dados do Wise fossem usados para esse fim especulativo”, afirmou ao site Space.

Céu visto pelo Wide-field Infrared Survey Explorer, ou WISE, da NASA, e uma ilustração de uma esfera de Dyson — Foto: Reprodução/NASA/JPL-Caltech/UCLA
Céu visto pelo Wide-field Infrared Survey Explorer, ou WISE, da NASA, e uma ilustração de uma esfera de Dyson — Foto: Reprodução/NASA/JPL-Caltech/UCLA

Apesar disso, Blain reconhece que as Hot DOGs continuam sendo objetos de estudo e que novas observações desses alvos podem trazer descobertas valiosas. Ele sugere que civilizações capazes de construir uma esfera de Dyson também teriam a tecnologia para esconder sua presença de observadores externos, enviando sinais falsos. “É interessante que eles poderiam estar espreitando no cosmos sem que pudéssemos perceber”, comentou o astrônomo para o Space.

A pesquisa de Blain foi publicada no repositório de artigos científicos arXiv e ainda está aberta para novas interpretações. Embora a possibilidade de detecção de esferas de Dyson gere entusiasmo, a explicação mais plausível até o momento aponta para as galáxias Hot DOGs.