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Lula fala em reflexão no PT sobre novo mundo do trabalho com menos carteira assinada

O presidente Lula afirmou que o PT precisa se adaptar às mudanças no mundo do trabalho, que abalaram as bases históricas do partido, e que a realidade e as demandas dos empregados não resumem mais ao registro formal em carteira.

Lula afirmou que é preciso refletir como mudou o mercado do trabalho desde os tempos de fundação da legenda, nos anos 1980 e disse que o PT tem dificuldade de adaptar o discurso ao novo cenário.

O presidente fez também uma relação entre essa avaliação e as eleições municipais. Em relação ao tema, minimizou derrotas sofridas por aliados, reconheceu mau desempenho em São Paulo e disse que vai ajudar Guilherme Boulos (PSOL).

“O trabalhador de carteira profissional assinada, que nós habitualmente representávamos, que estava ali na fábrica… No meu tempo do sindicato, a Volkswagen tinha 44 mil trabalhadores. Hoje tem 12 mil. Então, houve uma mudança substancial no mundo do trabalho”, disse.

“E nós, então, precisamos adequar o nosso discurso ao mundo do trabalho, que não é só a carteira profissional assinada. É o cara que quer trabalhar em home office, é o cara que quer ser um pequeno empreendedor, é o cara que quer ter um pequeno comércio, é o cara que quer trabalhar por conta própria”, completou.

Segundo ele, o PT “continua sendo o maior partido do Brasil”, mas “precisa transformar essa preferência eleitoral e essa simpatia que ele tem em voto, que eu recebo, mas que a gente não consegue receber nas prefeituras”.

Lula disse ainda que o governo deve garantir as melhores condições para o caso de o cidadão querer empreender. Ele citou, como exemplo, o programa Acredita, sancionado na quinta-feira (10). A medida garante crédito para empreendedores e beneficiários do CadÚnico.

Ele disse ainda que a preocupação de seu governo com trabalhadores autônomos é com a Previdência. “Porque esse cidadão pode ficar doente, esse cidadão pode ter uma infortúnio, esse cidadão vai ficar velho. Então, é preciso que a gente cuide, e qual é a garantia que a gente pode fazer com que ele tenha se precavendo”, afirmou.

O governo busca regulamentar os trabalhadores por aplicativo, uma promessa de campanha. O Ministério do Trabalho enviou em março, com urgência constitucional, o projeto que regulamenta o trabalho dos motoristas de aplicativo.

Mas, como mostrou a coluna Painel, da Folha, o texto só deve ser votado na Comissão de Indústria, Comércio e Serviços da Câmara depois das eleições, segundo o relator, deputado Augusto Coutinho (Republicanos-PE).

Eleições

Na entrevista, Lula disse que vai ajudar Boulos na capital paulista.

O petista disse ainda que a eleição deste ano não impacta 2026. “Eleição de prefeito, na verdade, na verdade, não tem muita incidência numa eleição presidencial”, disse.

Afirmou ainda que o PT precisa rediscutir o seu papel nas eleições municipais, após ter bom desempenho no Nordeste e pior em outra regiões onde já foi melhor.

Ele mencionou especificamente que o partido não teve bom desempenho em São Paulo, onde Boulos está no segundo turno, mas com dificuldade nas pesquisas. Também disse que a derrota em Araraquara (SP), terra do ex-ministro Edinho Silva, foi surpresa.

No caso da capital paulista, ele mencionou que quase 50 mil pessoas votaram no 13, número de urna do PT, ao invés do 50 do PSOL.

“Boulos pode ganhar eleição. É figura muito preparada. (…) Tem duas semanas [antes do segundo turno], vários programas de TV, debate para ele poder convencer as pessoas. Eu, se puder ajudá-lo, vou ajudá-lo a ganhar eleição, porque acho que ele pode fazer muito bem para São Paulo”, disse.

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