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Lula diz que leilão de arroz foi anulado por 'falcatrua numa empresa' e que governo financiará produção com 'garantia de preço'

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (21) que o leilão de arroz foi anulado por causa de uma “falcatrua em uma empresa”. A justificativa oficial do governo no dia 11 de junho era de uma possível falta de capacidade técnica e financeira de empresas vencedoras da licitação para arcar com os compromissos.

Lula afirmou que a decisão de abrir o pregão foi uma medida “drástica” após ver que pacotes de arroz estavam sendo vendidos acima dos R$ 30. “Não é possível. O povo não pode pagar R$ 36 em um pacote de 5kg, este arroz está caro. Aí tomei a decisão de importar 1 milhão de toneladas. E depois tivemos anulação do leilão porque houve uma falcatrua numa empresa”, disse o petista.

Ele deu a entender que o governo deve seguir para um novo leilão: “Por que eu vou importar? Porque o arroz tem que chegar na mesa do povo no mínimo a R$ 20 o pacote de cinco quilos. Que compre a R$ 4 um quilo de arroz, mas não dá pra ser um preço exorbitante”, argumentou Lula.

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“Vamos inclusive financiar áreas de outros estados produtivas de arroz para não ficar dependendo apenas de uma região. Vamos oferecer um direito dos caras comprar e a gente vai dar uma garantia de preço para que as pessoas não tenham prejuízo”, completou.

Lula deu entrevista à rádio Meio FM, de Teresina, no Piauí. O presidente está neste momento em turnê pelo Nordeste onde anuncia investimentos em infraestrutura.

Ministro da Agricultura também defende leilão

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, defendeu à Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados na quarta (19) o leilão para importação de arroz citando o que chamou de “ataque especulativo”. “O fato real é que o arroz sobe diante da tragédia [das chuvas no Rio Grande do Sul], 30, 40%”, afirmou.

“Em quatro dias, o valor disponível para comprar 100 mil toneladas era suficiente para comprar só 70 mil toneladas. Se isso não é um ataque especulativo, o que é, então?”, questionou.

      preços nas gôndolas. “Nunca vi um produtor botar preço no seu produto. Não é o produtor que fez o ataque especulativo”, ponderou. Ele defendeu o papel da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e a retirada de taxas de importação do produto.

“Em 2020 o governo Bolsonaro adotou as mesmas medidas que tomamos. Tirou a TEC, a taxa da importação de 12%, e importou 400 mil toneladas de arroz […] O papel da Conab é ter o estoque para momentos de especulação”, disse a deputados.

Segundo Fávaro, os estoques da Conab são necessários para enfrentar “momentos de dificuldades”, usando como exemplo o preço do milho que dificultou o acesso de criadores de animais ao grão. Na ocasião, também foi feita a compra para abastecer o mercado nacional. “Evitou a inflação, evitou o desabastecimento, evitou a especulação da falta do milho”, afirmou.

Entenda: entre as funções da Conab, está administração de reservas de grãos e outros produtos agrícolas que podem tanto virar insumos, como o milho para ração, quanto chegar às gôndolas de supermercados. A finalidade é o controle de preços e/ou a garantia de oferta daquele produto.

Caso Geller e leilão cancelado

Segundo Fávaro, o ex-secretário de Política Agrícola, Neri Geller, não fez nada de errado, mas “precisa ser investigado”. O ministro defendeu a exoneração para garantir transparência nas investigações contra o seu ex-aliado.

Marcelo Piccini Geller, filho do ex-deputado, é sócio de um ex-assessor do secretário, Robson Luiz de Almeida França, um dos negociadores do leilão, o que poderia configurar um suposto caso de favorecimento.

“Apesar do ato falho, de ter as ligações pessoais do filho com a empresa que operou este leilão, não teve nada de errado que possa sofrer qualquer tipo de condenação, mas precisa ser investigado. Por isso, o presidente Lula determinou que a CGU faça toda investigação, que a Polícia Federal faça toda investigação, fundamental na transparência e isso dá credibilidade nas ações do Governo”, declarou.