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Livro de Fuad, padrinhos de Engler e embate sobre experiência agitam reta final do 2º turno em BH

A última semana da campanha para o segundo turno em Belo Horizonte trouxe à tona um novo ingrediente que acirrou a disputa entre os candidatos: um livro escrito por Fuad Noman (PSD) e que virou alvo de críticas de Bruno Engler (PL) e aliados.

A obra “Cobiça”, publicada em 2020 pela editora Ramalhete, trata da história de uma mulher que investiga o passado de sua família e se depara com uma série de episódios de vingança pessoal envolvendo seus antepassados.

A campanha de Engler passou a relembrar nesta semana trechos do livro. Em decisão desta terça-feira (22), a Justiça Eleitoral proibiu a veiculação de uma inserção em que a candidata a vice na chapa do PL, Coronel Cláudia (PL), afirmava que o prefeito escreveu um livro erótico em que relata um estupro de uma criança de 12 anos.

“Ele se defende dizendo que é uma ficção, mas como alguém pode pensar no estupro de uma criança? Isso é assustador”, dizia na peça a ex-comandante da Polícia Militar na capital mineira.

Ela se refere a um trecho da parte final do livro, em que uma personagem conta detalhes de um estupro que ela teria sofrido aos 12 anos para convencer um outro personagem a lhe dar dinheiro.

Ao proibir a veiculação da propaganda, o juiz responsável afirmou que a inserção do PL descontextualiza a obra e infringe o princípio da lisura do pleito.

“A descrição de cena em livro de ficção pode ocorrer, portanto, sem que configure estímulo ou concordância com a prática, por mais reprovável que seja”, diz a decisão.

A campanha de Fuad afirma que não pretende rebater diretamente as acusações do adversário. Em propaganda de TV, o prefeito cita o episódio, mas em seguida enumera políticas de sua gestão voltadas ao público feminino.

“Nestes últimos dias, meu adversário vem tentando manchar a minha história. Como não encontrou nada em 55 anos de vida pública, resolveu me atacar usando um dos meus livros. Não entendeu que eu estava descrevendo uma violência sofrida por uma personagem feminina como forma de alerta”, diz o prefeito.

O marqueteiro da campanha de Fuad, Paulo Vasconcelos, questiona a exposição do livro na reta final da eleição e admite que o assunto também deve ser mencionado por Engler em debates —o prefeito, que ainda não participou de nenhum, deve comparecer aos encontros promovidos pela rádio Itatiaia e pela TV Globo.

“Nós temos 40 dias de campanha. Por que que só há três dias o livro é um problema? Isso é uma reação quando o outro lado se depara com as pesquisas e vê que o que está fazendo não está dando certo”, afirma Vasconcelos.

Já o responsável pela campanha do PL, Roberto Hilton, afirma que o candidato tem feito críticas e mostrado propostas desde o início da campanha e tratou a polêmica do livro como algo pontual.

“Tem a ver com a formação cristã dele [Engler], das pessoas que o circundam, e levando em conta que Belo Horizonte é uma cidade comprovadamente conservadora”, disse.

O marqueteiro também ressaltou o fato de Fuad não frequentar debates.

“Ele tem algumas questões a responder para o Bruno, que é um candidato que gosta do confronto, então acredito que a eleição se resolva mesmo lá”, afirmou.

Além dos debates, outra aposta da campanha de Engler é a ligação com padrinhos políticos.

No último fim de semana, um comício na capital mineira reuniu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a ex-primeira dama Michelle e nomes fortes da direita no estado, como o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos) e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL).

O governador Romeu Zema (Novo), apesar de apoiar Engler no segundo turno, não esteve presente.

Nikolas, um dos políticos do país com maior engajamento nas redes sociais, tem usado suas plataformas para criticar Fuad. Ele aproveita para associá-lo a figuras de esquerda, como a presidente Lula (PT) e os deputados federais Rogério Correia (PT) e Duda Salabert (PDT), que declararam apoio ao candidato do PSD no segundo turno.

O prefeito mantém a estratégia da primeira etapa das eleições, de ligar sua imagem às obras em andamento da cidade. Agora, ele também critica Engler por acumular condenações na Justiça e questiona sua atuação como deputado estadual.

A campanha ainda destaca a trajetória de Fuad, de 55 anos em órgãos públicos. Em resposta, o candidato do PL diz “não querer” a experiência que tem o adversário ao questionar práticas de sua gestão.

Nesta semana, a campanha de Engler divulgou um vídeo em que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), manifesta seu apoio e promete compartilhar suas experiências à frente do governo paulista com o deputado estadual.

No primeiro turno das eleições, no último dia 6, Engler largou na frente, com 34,4% dos votos válidos, ante 26,5% do atual prefeito.

Na mais recente pesquisa do Datafolha, do dia 10, Fuad aparecia com 48%, contra 41% do deputado estadual. Nesta quarta-feira, pesquisa Quaest mostrou o prefeito com 46%, e o deputado estadual com 40%.

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