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Lessa disse em delação que repassava fuzis a policial do Batalhão de Bangu para serem revendidos no mercado paralelo

Assassino confesso da morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, Ronnie Lessa montava fuzis e repassava as armas a Élcio Queiroz, também preso pelo crime, e a um policial do 14º BPM (Bangu), na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O homem foi identificado como Wallace Ferreira, que tem o apelido de Tia Pretinha.

O crime foi contado pelo próprio Lessa em delação premiada, homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-PM já responde pela importação ilegal de peças de fuzis em um processo que tramita na Justiça Federal do Rio de Janeiro.

De acordo com Lessa, o grupo recebia cerca de R$ 20 mil mensalmente com o esquema de venda e montagem das armas.

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“Eu passava para o Élcio e ele passava para um amigo que era do 14º [batalhão], amigo dele”, afirmou Ronnie Lessa.

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O lucro mensal com as armas era de R$ 15 mil, segundo o assassino confesso da vereadora. Outros R$ 4 mil ele repassava para o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel e o resto gastava com peças.

Lessa conta que vendeu, pelo menos, 20 fuzis no esquema. Segundo ele, as armas eram revendidas posteriormente no mercado paralelo.

“Em 20 minutos, você monta um fuzil AR-15”, contou Lessa no depoimento à Polícia Federal

Os relatos fazem parte de um dos sete anexos de sua delação aos quais o g1 teve acesso. Os dois primeiros tratam das mortes de Marielle e Anderson e da tentativa de assassinato contra a assessora Fernanda Chaves. Os outros anexos tratam de processos a que Lessa responde nas Justiça estadual e federal do RJ.

Cada uma dessas informações serão repassadas para seguirem em apuração.

A Polícia Militar do Rio de Janeiro afirmou que não foi comunicada oficialmente sobre a delação de Ronnie Lessa, mas afirmou que vai instaurar um procedimento apuratório da Corregedoria da corporação.

A PM afirmou ainda que não tolera e nem compactua com qualquer desvio de conduta de agentes e pune com rigor os envolvidos quando os fatos são constatados.

A defesa de Ronnie Lessa foi procurada pela TV Globo mas não respondeu aos contatos até a última atualização desta reportagem.

Peças de fuzis importadas

Ronnie Lessa responde a processo na Justiça Federal do Rio de Janeiro sobre o recebimento de peças para a montagem de fuzis.

As investigações tiveram início no dia 23 de fevereiro de 2017 quando um pacote vindo de Hong Kong com 16 peças para fuzil AR-15 chamou atenção da Receita Federal no Aeroporto Internacional do Rio, o Galeão.

Na caixa, o destinatário era uma academia de musculação, que, na época, funcionava em Rio das Pedras, Zona Oeste da cidade — região controlada pela milícia. Ronnie e Elaine Lessa eram sócios do estabelecimento.

Mas o destino final do produto era, na verdade, um apartamento de Ronnie em Jacarepaguá — onde segundo a investigação ele armazenava e montava armas. O local foi descoberto nas investigações da morte da vereadora Marielle Franco.