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Leilão de arroz foi vencido por loja de queijos e empresário que já confessou propina

Das quatro empresas que ganharam o leilão de arroz do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a maior compradora é uma empresa de Macapá (AP) cujo foco principal é a venda de leite e derivados. Outra empresa vencedora é de um empresário de Brasília que admitiu à Justiça ter pago propina para garantir um contrato com a Secretaria de Transportes do Distrito Federal (DF).

No total, o Executivo federal comprou 263,3 mil toneladas de arroz importado, totalizando R$ 1,3 bilhão. O governo afirma que a intenção da medida é minimizar os impactos das chuvas no Rio Grande do Sul sobre o fornecimento e os preços do cereal, mas a ideia enfrenta questionamentos da oposição e do setor do agronegócio.

O leilão, inicialmente suspenso pela Justiça Federal, foi liberado a tempo de sua realização na última quinta-feira (6). Em resposta ao jornal Folha de S.Paulo, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), responsável pelo pregão, declarou que as empresas vencedoras devem garantir a entrega do produto em seus armazéns, conforme estipulado no edital, e atender aos requisitos de documentação e qualidade.

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A principal vencedora do leilão foi a empresa Wisley A de Souza, que venderá 147,3 mil toneladas de arroz. Seu único sócio é uma pessoa com o mesmo nome e seu capital social é de R$ 5 milhões. No entanto, houve uma alteração nos dados dias antes do leilão. Até 24 de maio de 2024, o capital social era de R$ 80 mil. O nome fantasia da empresa é Queijo Minas, localizada no centro de Macapá, capital do Amapá.

Leilão de arroz foi vencido por loja de queijos e empresário que já confessou propina 2
Foto: Eduardo Aigner/MDS

A terceira maior compradora foi a ASR Locação de Veículos e Máquinas, sediada em Brasília. Embora sua atividade principal seja o aluguel de máquinas e equipamentos, ela também está envolvida em várias outras atividades secundárias, incluindo construção de edifícios e rodovias, publicidade, desenvolvimento de software, serviços de escritório e limpeza, além do comércio atacadista de diversas categorias, incluindo cereais.

O único sócio é Crispiniano Espindola Wanderley. Ele informou à Folha que a ASR tem mais de uma década de experiência e trabalha com seriedade. Entre 2002 e 2009, Wanderley foi presidente da Coopertran (Cooperativa de Transportes Públicos do DF). Ele foi citado em uma investigação que envolveu o atual deputado federal e então secretário de Transportes do DF, Alberto Fraga (PL-DF).

Em depoimento, Wanderley afirmou que Fraga exigiu propina através de intermediários para assinar um contrato de ônibus com a cooperativa e que pagou R$ 350 mil para fechar o acordo. Wanderley alegou que sua cooperativa foi desclassificada do leilão no DF em 2007, mas recorreu e venceu o pregão. O contrato foi assinado pelo então secretário mediante pagamento de vantagem indevida.

Anos depois, Wanderley foi destituído da cooperativa por causa de uma negociação malsucedida com Fraga, que prometeu um contrato de R$ 1,3 bilhão mas não cumpriu. Fraga foi condenado, mas recorreu e foi inocentado da acusação de cobrança de propina. Wanderley não foi alvo de investigação.

Outros membros da cooperativa também mencionaram o pagamento de propina e a destituição de Wanderley, mas a Justiça concluiu que não havia provas suficientes para sustentar a acusação. Wanderley confirmou o caso e disse que pagou a propina com a intenção de denunciar o ex-secretário, mas não entende como Fraga foi inocentado. O deputado não respondeu aos pedidos de comentário.

Além da Queijo Minas e da ASR, também participaram do leilão do governo Lula as empresas Icefruit e Zafira:

  • Queijo Minas – importará 147,3 mil toneladas de arroz por R$ 736,3 milhões;
  • Zarifa Trending – 73.827 mil toneladas por R$ 369,1 milhões;
  • ASR – 22.500 mil toneladas por R$ 112,5 milhões;
  • Icefruit – 19.700 mil toneladas por R$ 98,7 milhões.

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