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Lagoa Rodrigo de Freitas será naturalizada na altura do Parque do Cantagalo e do Parque dos Patins

O processo de naturalização da Lagoa Rodrigo de Freitas começou pelo trecho em frente ao Parque do Cantagalo – Marcos de Paula/Prefeitura do Rio

A Prefeitura do Rio deu início, na manhã desta terça-feira (20/6), ao projeto de naturalização da Lagoa Rodrigo de Freitas, uma iniciativa da Subprefeitura da Zona Sul em parceria com a Fundação Rio-Águas, com o objetivo incorporar áreas ao perímetro da Lagoa que ficam constantemente alagadas, em frente ao Parque do Cantagalo e ao Parque dos Patins, oficializando o novo traçado para a ciclovia e fazendo a readequação ambiental desses trechos.

A naturalização desses trechos foi iniciada na altura do Parque do Cantagalo e contou com a presença do subprefeito da Zona Sul, Flávio Valle, do Presidente da Fundação Rio-Águas, Wanderson Santos, além do biólogo Mario Moscatelli, juntamente com sua filha, a paisagista Carolina Moscatelli, responsáveis técnicos pelo projeto.

Segundo Mario Moscatelli, nesses dois trechos o solo se apresenta extremamente instável, por conta de sua composição natural, geralmente formado por silte, argila e turfa, em camadas que podem atingir vários metros de profundidade, ou seja, é praticamente impossível impedir seu alagamento em épocas de cheia. O trabalho de naturalização tem previsão de finalização em 60 dias. Após a conclusão do trabalho neste trecho as intervenções vão acontecer na área próxima ao Parque dos Patins. O trabalho será executado em três fases: remoção das instalações urbanas (postes, meio-fio, pista e iluminação); adequação ambiental com o acerto topográfico da área, visando criar as condições ambientais ideais para a implantação do projeto de recuperação da comunidade vegetal, composta por espécies vegetais perilagunares (como grama de mangue, samambaia do brejo, algodoeiro de praia e mangue vermelho); e por fim a instalação de cercado protetivo e placas informativas.

O processo de naturalização de áreas urbanas é uma atividade em desenvolvimento em várias partes do mundo. É uma das técnicas utilizadas para recuperar espaços degradados e modificados pelo homem, devolvendo a eles as condições próximas às naturais. Com a busca pela sustentabilidade e pelos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pela ONU, é possível conciliar os interesses ambientais, sociais e econômicos e promover qualidade de vida. Esse é o foco da implantação da naturalização da Lagoa: devolver para a Lagoa o que já foi dela por meio de soluções sustentáveis, conciliando com os interesses de urbanização dos espaços.

A subprefeitura da Zona Sul ressalta que, na década dos oceanos e da restauração dos ecossistemas declaradas pela ONU, este projeto utiliza soluções baseadas na natureza para resolver velhos problemas e melhorar a vida dos cariocas e visitantes, e aponta que com a execução do projeto vai ao encontro dos ODS 3 (saúde e bem-estar), 11 (cidades e comunidades sustentáveis), 14 (vida na água)  e 15 (vida terrestre).

– Pela primeira vez na história a Lagoa vai voltar a crescer.  Estamos oferecendo uma solução verde para resolver os problemas causados pelos sucessivos aterramentos, que ao longo de mais de um século reduziram em 50% sua área original. Com isso, oficializar o novo trajeto da ciclovia devolvendo para a Lagoa o que já foi dela – explicou o subprefeito da Zona Sul, Flávio Valle.

Em 100 anos, a Lagoa Rodrigo de Freitas teve sua área original reduzida em 50% e, consequentemente, toda sua comunidade vegetal periférica (perilagunar) foi completamente suprimida. Suas águas iam até a Rua Jardim Botânico, ao Hipódromo da Gávea, condomínios da Selva de Pedra e a sede do Flamengo.  Com a supressão de suas margens naturais e sua comunidade vegetal perilagunar, houve uma redução da fauna nativa.

O biólogo Mario Moscatelli, coordenador do projeto, lembra que com o trabalho que vem sendo realizado na Lagoa desde 1989 é possível observar um aumento de biodiversidade no local. Por isso, ele ressalta a importância de seguir com o trabalho.

– Após 34 anos ininterruptos de trabalho, verificamos uma explosão de biodiversidade ainda mais incentivada com a melhoria da qualidade da água. Por isto optamos pelo processo de naturalização desses dois trechos para resolver a questão dos alagamentos constantes – observa o biólogo.

O presidente da Fundação Rio-Águas, Wanderson Santos, ressalta o trabalho realizado pelo órgão na região.

– A Fundação Rio-Águas trabalha no monitoramento da qualidade da água da Lagoa, em conjunto com a Secretaria de Meio Ambiente e Clima, e com isso desobstruímos de forma permanente o canal do Jardim de Alah. Já com este projeto de naturalização, em parceria com a subprefeitura, com o biólogo Mario Moscatelli e a paisagista Carolina Moscatelli, estes trechos serão reintegrados ao corpo hídrico. De uma forma simbólica estamos contribuindo para recuperar ainda mais este ecossistema – aponta o Wanderson Santos.

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  • 20 de junho de 2023
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