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Justiça manda Boulos excluir posts que associam Nunes a crime organizado e violência doméstica

A juíza auxiliar da propaganda da 2ª Zona Eleitoral de São Paulo, Claudia Barrichello, determinou a exclusão de duas publicações do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) com trechos do discurso em que o candidato celebra a ida ao segundo turno nas Eleições 2024 de São Paulo. Na fala, o psolista associa o prefeito Ricardo Nunes (MDB) ao crime organizado e à violência contra a mulher. A decisão é em caráter liminar e não concede, neste momento, direitos de resposta.

Na decisão, a juíza concordou com a defesa do emedebista e argumentou que declarações semelhantes “já foram enfrentadas pelo Poder Judiciário Eleitoral nestas eleições de 2024, existindo várias condenações do candidato Pablo Marçal (PRTB) por ter feito alegações semelhantes em face do requerente”.

As filmagens foram feitas logo após a apuração dos resultados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na noite de domingo (6). Boulos aparece ao lado da vice, a ex-prefeita Marta Suplicy (PT), dizendo que o prefeito teria “muita dificuldade” para se explicar em debates antes da próxima etapa de votação. Os vídeos tiveram 39 mil curtidas no Instagram e 1,5 mil no TikTok.

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— Do lado de lá nós temos alguém com uma trajetória muito suspeita, que eu tenho certeza que nos debates nesse segundo turno terá muita dificuldade para dizer o que fez nos verões passados. Alguém que tem histórico de relação com o crime organizado, com o tráfico de drogas. Que botou o crime organizado no comando da prefeitura de São Paulo, nos contratos da prefeitura. Alguém que tem inclusive que responder por boletim de ocorrência por violência contra a mulher. É isso que está em jogo — declarou Boulos.

Em nota à imprensa, a campanha de Nunes diz que o oponente usa de “método vil” para “ofender e macular a honra do candidato” e prometeu protocolar uma queixa-crime na esfera criminal “pelas declarações caluniosas de domingo”.

Boulos, por sua vez, declarou por meio de sua assessoria que o prefeito “quer impedir que a população de São Paulo conheça o seu histórico, que inclusive já foi amplamente noticiado pela imprensa”. Segundo o candidato, Nunes “deve explicações aos eleitores”, mas optou por “fugir de debates”.

O boletim de ocorrência a que Boulos faz referência foi registrado em 2011 pela esposa do prefeito, Regina Carnovale Nunes, com quem permanece casado. Ao realizar a denúncia, Regina teria dito aos policiais que havia vivido em união estável por 12 anos com o então vereador e que eles haviam se separado sete meses antes do registro “devido ao ciúmes excessivo” do marido. Segundo o BO, Nunes fazia ligações e enviava mensagens com ameaças a ela e a ofendia com palavrões. O teor do documento depois foi negado pela esposa, e a polícia não abriu inquérito para apurar o caso.

Nunes precisou responder sobre o assunto diversas vezes em debates eleitorais no primeiro turno. No debate da Globo, semana passada, o prefeito disse que não houve “nada de agressão física” e que o BO teria sido motivado por uma “discussão por telefone e mensagem”.

— Eu sou casado há 27 anos, eu amo minha esposa, tenho três filhos e um neto. Eu tive um problema há 14 anos que eu fiquei um período separado da minha esposa. Mas o nosso amor, graças a Deus, está bem. Estamos casados, felizes — declarou ele.

Já a questão do crime organizado também foi levantada durante o processo eleitoral em função de dois casos. Um deles é uma investigação do Ministério Público de São Paulo que recolheu indícios de infiltração do Primeiro Comando da Capital (PCC) em duas empresas de ônibus, a Transwolff e a UPBus, com contratos ativos com a prefeitura. A apuração respinga tanto no presidente da Câmara Municipal, Milton Leite (União Brasil), quanto no líder do PT na Casa, o vereador Senival Moura.

Nunes diz que sempre colaborou com o MP e que não houve irregularidades nas licitações, feitas na gestão de Bruno Covas (PSDB), de quem era vice-prefeito. O prefeito argumenta ainda que as empresas tiveram acesso ao serviço, pela primeira vez, na gestão de Marta Suplicy.

O caso mais recente foi revelado pelo UOL e apontou que o chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb), Eduardo Olivatto, é ex-cunhado de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder do PCC. Ele é irmão de Ana Maria Olivatto, com quem o traficante foi casado até a morte da mulher, em 2002, assassinada em meio a uma guerra interna da facção.

Nunes rebateu a alegação sob o argumento de que Olivatto é funcionário de carreira e ingressou no serviço público, por meio de concurso, durante o mandato da ex–prefeita Luiza Erundina (PSOL).