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Juiz pede respeito a acusado de assassinato e dá voz de prisão a mãe da vítima


Juiz Wladimir Perri deu voz de prisão após apelar por ‘inteligência emocional’ à mãe da vítima que espera Justiça há sete anos

Após sete anos de luto e convivendo com a impunidade pelo assassinato de seu filho, uma mãe recebeu voz de prisão do juiz Wladimir Perri, durante audiência na 12ª vara Criminal de Cuiabá, quando foi colocada diante do réu pelo homicídio a tiros cometido há sete anos. O motivo da prisão foi o fato de a mulher ter afirmado não estar constrangida da presença do réu, dizer que “ele não é ninguém” e “não vai escapar da justiça de Deus”. A audiência ocorreu em 29 de setembro.

A promotora de Justiça, Marcelle Rodrigues da Costa e Faria, narrou que o advogado de defesa do acusado pediu respeito e o juiz passou a repreender a mãe da vítima, após esta responder à pergunta da representante do Ministério Público sobre estar ou não confortável em prestar depoimento na presença do réu pela morte de seu filho.

“Nesse momento, ela mostra coragem e diz que não teria problema ele acompanhar, pois o reú não era ninguém pra ela. O juiz exigiu um comportamento daquela senhora, sem compreender a situação que ela estava. Então ,eu intervi de novo, dizendo que eu queria ouvi-la, mas novamente o juiz exigiu da vítima inteligência emocional. Novamente, pedi que a vítima pudesse contar a história dela, mas o juiz não quis e encerrou a audiência”, relatou a promotora, ao G1.

Com a decisão de encerrar a audiência, a mãe do jovem assassinado demonstrou indignação, levantando-se e jogando um copo de plástico que ela segurava. E ainda dirigiu-se ao réu, dizendo: “Da justiça dos homens, você escapou. Mas, da justiça Deus, não escapa”. Foi quando recebeu voz de prisão do juiz Wladimir Perri.

Segundo a promotora, o juiz informou, teria incluído informações não comprovadas, na ata da audiência. A exemplo de ter sido xingado e de que a mulher teria danificado o patrimônio público e quebrado o bebedouro, quando jogou o copo. “Mas como um copo de plástico quebra um bebedouro?”, questionou Marcele Faria.

O desfecho da prisão somente teria ocorrido quatro horas após receber ordem do juiz. Porque a mulher permaneceu no fórum mais quatro horas após o fim da audiência, aguardando até 20h. Somente após o juiz ter lançado a ata no sistema, a mãe que reagiu à impunidade por seu filho ter sido assassinado em setembro de 2016 foi levada para a delegacia e prestou depoimento.

“O delegado não lavrou flagrante, pois concluiu que não havia provas. Ela não teve liberdade de expressão, não foi ouvida. Isso doeu no meu coração”, lamentou a promotora.

O juiz informou ao G1 que os fatos estão sendo apurados por determinação dele mesmo, que providenciou o envio das imagens da audiência à Corregedoria-Geral de Justiça do estado e ao Conselho Nacional de Justiça.

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