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Javier Milei anuncia arrocho fiscal e cortes de benefícios sociais na Argentina

Tempos difíceis esperam os argentinos a partir de 2024. É o que se pode deduzir do discurso de posse do presidente Javier Milei, neste domingo (10). Em mensagem aos seguidores – que se aglomeraram em frente ao Congresso para acompanhar sua posse – o mandatário deixou claro que seu plano de “choque” econômico e duro ajuste fiscal é a aposta para seus primeiros meses de governo.

Após uma breve cerimônia, onde se absteve de falar diante da Assembleia Legislativa, o presidente subiu em um palanque do lado de fora do hemiciclo, com sua faixa presidencial e cassetete, para fazer uma declaração categórica: “Hoje começa uma nova era na Argentina”.

Diante de uma multidão enfurecida agitando bandeiras e faixas do La Libertad Avanza, partido que o levou ao poder, Milei também aproveitou para colocar um ponto final no que, em sua opinião, foi “uma história de decadência”.

“Não há como voltar atrás, hoje enterramos décadas de fracassos, brigas internas e disputas sem sentido, lutas que só conseguiram destruir nosso amado país e nos deixar em ruínas. O dia de hoje marca o início de uma era de paz e prosperidade, de crescimento e desenvolvimento. Uma era de liberdade e progresso”, disse o presidente recém-empossado.

Da mesma forma, denunciou a importância das políticas públicas e do modelo que aposta em um Estado forte, já que, em sua opinião, são apenas “as ideias empobrecedoras do coletivismo”.

Demonização do peronismo 

No entanto, o tom otimista não durou muito. Em seu discurso, o presidente se dedicou a listar o “legado” recebido de seu antecessor, o peronista Alberto Fernández, que descreveu como “o pior” da história, com o objetivo de anunciar um primeiro pacote de medidas econômicas.

“Nenhum governo recebeu uma herança pior do que a que recebemos”, disse Milei, que lançou uma série de dados sobre o déficit fiscal do país para justificar a próxima implementação de seu plano de medidas.

Por isso, considerou que a solução passa por um ajuste orçamentário no setor público nacional de cinco pontos do PIB que, segundo prometeu, “recairá quase inteiramente sobre o Estado e não sobre o setor privado”.

Logo após o discurso, a multidão que o acompanhava nas imediações do Congresso começou a entoar a frase “motosserra, motosserra, motosserra”, alinhada com a campanha do agora presidente, quando prometeu reduzir drasticamente o tamanho do Estado e os gastos públicos.

“Não há alternativa possível ao ajuste, nem há espaço para o debate entre choque ou gradualismo”, disse Milei, que observou que Fernández deixou “a bomba” da dívida, a estagnação do emprego formal, a inflação galopante – que ele estimou “em 15.000% ao ano”, apesar de dados oficiais projetarem em 160% no final de 2023 – e a queda da renda real.

“Arruinaram nossas vidas, nos fizeram perder 10 vezes nosso salário”, disse. Por isso, defendeu a aplicação de um programa de cortes forçados que vai “impactar negativamente” salários, níveis de pobreza e indigência. Ele também reconheceu que haverá estagflação, mas defendeu que “não é algo muito diferente do que aconteceu nos últimos 12 anos”.

Preços continuarão a subir, diz presidente

Para levantar os ânimos de uma multidão que ouviu o diagnóstico nada festivo do presidente, Milei prometeu que o ajuste será “a última bebida ruim” que os argentinos experimentarão para enfrentar a reconstrução econômica do país. “Haverá luz no fim da estrada”, disse.

Posteriormente, o presidente defendeu seu plano de acabar com a emissão de moeda no Banco Central da República Argentina (BCRA) para conter a inflação galopante e conter a deterioração das receitas. “Vamos lutar com unhas e dentes para erradicá-lo”, prometeu.

Apesar do anúncio, reconheceu que o índice de preços no consumidor vai continuar a subir. O curioso é que, apesar de ter sido uma promessa de campanha, Milei não mencionou em seu discurso a possibilidade de “fechar” o Banco Central, compromisso que vem sendo qualificado nos últimos dias por vários de seus colaboradores.

“Saída para a pobreza é a liberdade”

Após o seu diagnóstico sobre economia atual, prometendo fortes medidas de choque e prevendo um cenário complicado para os próximos meses, insistiu que não há alternativas a não ser “um ajustamento ordenado que caia com toda a sua força no Estado, e não no setor privado”.

“Sabemos que será difícil”, reiterou Milei, depois de reconhecer que, diante da deterioração do país, os cidadãos terão que fazer “esforços supremos e sacrifícios dolorosos”, citando o ex-presidente Julio Argentino Roca. 

Por isso, o ultraliberal defendeu a supressão de planos sociais e de ajuda aos setores mais vulneráveis porque, em sua opinião, “a única saída para a pobreza é a liberdade”.

Da mesma forma, embora tenha prometido que seu governo não será de “vendetas” ou retaliações, alertou que a Argentina se tornará um país onde “quem faz, paga por isso”, e que também poderá sancionar o protesto social com corte de benefícios sociais. “Quem corta [as ruas] não recebe”, resumiu.

*Da RT com edição da Agência Fonte Exclusiva. Compartilhe esta reportagem do Diário da Guanabara, o melhor site de notícias do Rio de Janeiro.

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