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Jackson Vasconcelos: Os fiscais de Milei

Foto: X @JMilei/Reprodução

No primeiro discurso que fez após o anúncio do resultado, Javier Milei reconheceu a dedicação dos fiscais na eleição, elementos que a sociedade brasileira, por lei, expurgou, quando estabeleceu as urnas eletrônicas como instrumento de captação e totalização dos votos, sob a responsabilidade exclusiva da Justiça Eleitoral, sem a participação dos partidos.

Os defensores do modelo brasileiro sustentam-se na rapidez para a proclamação dos resultados e no combate às fraudes, facilitadas no passado pela demora na apuração. Ontem, contudo, a Argentina mostrou que é possível ter velocidade sem a necessidade de impedir a presença dos fiscais dos partidos no momento da apuração e totalização dos votos. É possível aprimorar, sem correr o risco de ser tomado como criminoso. Outra lição é a liberdade dos partidos e candidatos para a comunicação durante as campanhas. Eles usaram todos os meios ao alcance deles para convencer os eleitores, inclusive a Inteligência Artificial, que enterra, de vez, o argumento de cancelamento de canais  para evitar o uso da mentira nas campanhas, como se os eleitores precisassem ser tutelados pelo Estado no momento em que decidem o voto. Havendo liberdade para os candidatos apresentarem seus argumentos e até mentiras, o eleitor saberá avaliar.

Por fim as pesquisas e nesse campo a estrada pode caminhar no sentido contrário. Em 2018, quando tinha-se certa a eleição de Eduardo Paes para o governo do estado, eu recebi do Mário Marques o resultado de uma pesquisa qualitativa, que apontava a possibilidade de vitória de Wilson Witzel, enquanto as pesquisas de intenção de votos indicavam para ele algo em torno de 1%. Em 2022, fui chamado pelo Mário para divulgar com ele o resultado de uma pesquisa que indicou a vitória do Cláudio Castro no primeiro turno, quando todos os demais institutos garantiram um segundo turno.

Como a Prefab chegou a isso? Pelo modelo que permite fazer os questionários das pesquisas de intenção de votos com o resultado de pesquisas qualitativas. É a metodologia do colocar a meia antes do sapato. Mário Marques publicou, com João Nonato, o livro: Pesquisas Qualitativas – Pega a Direção, que eu indico.


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