NotíciasPolítica

Itamaraty declara ‘surpresa’ com decisão de Maduro e diz que missão em embaixada da Argentina é ‘inviolável’

Brasil se declarou neste sábado (7) “surpreso” com a decisão do governo venezuelano de revogar a autorização que tinha para representar os interesses da Argentina em Caracas e custodiar suas instalações diplomáticas, que lembrou serem “invioláveis”. “O governo brasileiro ressalta nesse contexto, nos termos das Convenções de Viena, a inviolabilidade das instalações da missão diplomática argentina, que atualmente abrigam seis asilados venezuelanos além de bens e arquivos”, disse o Ministério das Relações Exteriores em uma nota.

Itamaraty indicou que “permanecerá com a custódia e a defesa dos interesses argentinos até que o governo argentino indique outro Estado aceitável” para o governo do presidente Nicolás Maduro, para desempenhar estas funções. Desde agosto, o Brasil está encarregado da custódia das sedes diplomáticas de Argentina e Peru na Venezuela, bem como da representação de seus interesses e cidadãos no país, depois da expulsão dos membros de ambas as legações, após rejeitar a proclamação de Maduro como vencedor das eleições de 28 de julho.

No entanto, vários opositores ao governo de Maduro denunciaram que desde a noite de ontem agentes de segurança cercaram a embaixada argentina em Caracas, “tiraram” o acesso à mesma e cortaram a eletricidade. Este episódio representa um novo ponto de atrito na relação entre Lula e Maduro, desgastada nos últimos meses devido ao processo eleitoral venezuelano.

Publicidade

Lula não reconheceu nem a vitória de Maduro nem a do líder da oposição Edmundo González Urrutia, este último apoiado por parte da comunidade internacional, e insistiu na publicação das atas eleitorais. O petista, juntamente com o presidente colombiano, Gustavo Petro, e em menor medida com o mandatário mexicano, Andrés Manuel López Obrador, têm tentado, sem sucesso, mediar entre as partes para a divulgação daquelas atas, que a oposição tornou públicas na Internet com um resultado amplamente favorável a González Urrutia.

Devido à publicação destes documentos, o Ministério Público abriu uma investigação criminal e emitiu um mandado de prisão contra González Urrutia, a quem acusa de “usurpação de funções”, “falsificação de documento público”, “incitação à desobediência”, “conspiração”, “sabotagem para danificar sistemas” e “associação criminosa”.