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Frente de expansão busca crescimento econômico e dinamismo social 

Desenvolvimento econômico deve ser entendido como um processo impulsionado pelo crescimento na produção de bens e serviços associado a mudanças estruturais com forte impacto nos campos ambiental, social e na infraestrutura do país.

Nesse contexto, a boa notícia relativa ao primeiro semestre do ano corrente é a expansão, inegável, da massa de salários na economia brasileira, totalizando um crescimento nominal na comparação junho de 2022/23 de 8,4%, oriundo da criação de empregos formais, junto com melhora relativa do salário médio praticado na economia brasileira. 

Vale lembrar que melhores salários, sem conflito distributivo permitem redistribuição de renda e crescimento da economia, pela geração do mercado de consumo de massa, e o crescimento por essas vias reforçam e viabilizam um mínimo de justiça social, nesta sociedade de passado escravocrata com péssima distribuição da renda e da propriedade.

Por outro lado, preocupa observar que o incremento nominal da arrecadação federal (variável fundamental para permitir políticas públicas universais de educação e saúde), que começou o ano com uma variação positiva de 7% anual, “escorregou” em maio para 6% e, em julho último, para apenas 4% (abaixo do comportamento da inflação anual no período). 

Isso reflete uma clara demonstração de enfraquecimento relativo, após a reversão do ciclo internacional de commodities, fato derivado da taxa de juros elevada praticada pelos principais Bancos Centrais das nações ricas, bem como pela enigmática desaceleração gradativa da economia chinesa.

Atento ao processo conjuntural em curso, imagino que o novo governo esteja buscando colocar em prática uma nova lógica de operação da economia brasileira em longo prazo, que garanta, simultaneamente, dinamismo econômico e uma profunda transformação social. 

Trata-se da escolha criteriosa de frentes de expansão, ou de novos motores do desenvolvimento, que articulem de forma matricial as dimensões estruturais do processo harmonioso, simultaneamente, na estrutura produtiva, nos padrões de consumo, no mercado de trabalho e na distribuição de renda e riqueza.

Apesar das amarras impostas pela correlação de forças políticas desfavoráveis no Congresso, além da pressão dos rentistas sobre o Fundo Público e sua agenda influenciando a mídia corporativa, um novo projeto de transformação social, produtiva e ambiental com transição ecológica e energética e uma política macroeconômica compatível com tais objetivos pode e deve ser colocada em prática.

Na esteira dessas escolhas teríamos o fortalecimento da indústria e da inovação para a sociedade do conhecimento, transição digital, investimento em infraestrutura urbana, pequenos negócios incentivados, fortalecimento da agricultura familiar, desenvolvimento regional e territorial, reforma tributária justa, solidária e ecológica. Um desafio inegável!

Sobre o autor: Ranulfo Vidigal é economista, consultor e doutorando pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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