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Ferro velho na rua da Constituição já foi fechado 2 vezes e segue funcionando de portas fechadas

O ferro velho clandestino voltou a funcionar, ignorando a interdição e as operações feitas pelas autoridades

Apelidado por freqüentadores e comerciantes locais de ‘ROUBERJ‘, o ferro velho clandestino que funciona na Rua da Constituição, 25, no Centro, e que foi fechado por ação das autoridades municipais mais de uma vez, reabriu e já funciona normalmente, mas agora de portas fechadas. Ano passado, o DIÁRIO DO RIO fez reportagem, com exclusividade, sobre o caso. Segundo vizinhos, o estabelecimento clandestino recebe dezenas de entregas todos os dias, por pessoas que aparentam estar em situação de rua.

O prédio pertence ao Governo Estadual, e, na ocasião da primeira reportagem, era guardado por policiais civis, que trabalhavam como seguranças do estabelecimento ilegal que funciona exatamente em frente à sede da Subprefeitura e da GEL do Centro. Moradores e comerciantes locais têm dificuldade em entender por que razão o funcionamento do ferro velho num imóvel público invadido, com direito a caçambas e mais caçambas de lixo, receptação de material roubado de toda a região e guarda por milicianos não chama atenção das autoridades.

Anteriormente, o imóvel – que se encontra invadido pelos criminosos – já teve a luz cortada, e a água também, quando da operação. Como se nada tivesse acontecido, os criminosos voltaram a comprar peças em ferro, partes de bueiros e postes, e tudo o mais que é roubado na região pelos miseráveis instrumentalizados pelos donos do estabelecimento clandestino. Quando da primeira operação, o então secretário municipal de planejamento urbano, Washington Fajardo, esteve pessoalmente no local, que foi fechado, e limpo, apenas para ser invadido novamente, sem qualquer reação do Governo do Estado, que alega ter, com o projeto Centro Para Todos, aumentado o efetivo policial na região. E depois de fechado de novo meses após, agora já funciona novamente, só que de portas fechadas. A bandalheira no Centro parece não ter limites.

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Operação no local fechou – por poucos dias – o estabelecimento, apelidado de ROUBERJ pelos moradores e frequentadores. Na época, o imóvel foi lacrado. Foto da operação de Janeiro/22

O apelido ‘ROUBERJ‘, é uma alusão ao nome de algumas estatais fluminenses, como LOTERJ e BANERJ, pois o estabelecimento clandestino funciona tranquilamente em um imóvel público, sem qualquer reação do governo estadual. Isso depois de diversas denúncias que vivem sendo publicadas, e comentários em grupos de vizinhos, e de comerciantes do Centro. Uma lei municipal foi recentemente aprovada ameaçando tirar os alvarás de ferros velhos que agem ilegalmente. Mas e quando são clandestinos? Têm carta branca?

Será que o governador Claudio Castro vai, após as 15 nomeações de ontem, finalmente nomear um Presidente para a ROUBERJ? Oficializada ela já está“, disse na época à reportagem um conhecido comerciante do Centro, em alusão à impunidade e à passividade do governo estadual face ao uso de bem público para a prática de crimes. Difícil não compreender a indignação.

O pior é que o negócio clandestino tem também filiais. Uma incursão da reportagem no local pôde levantar muito acerca do modus operandi dos criminosos. Na ocasião, o catador de lixo que se identificou como Júnior, o local seria mesmo guardado por policiais civis “fazendo bicos”, atuando diariamente no local. O rapaz explicou que o estabelecimento irregular teria até “filiais” na Frei Caneca e junto à Central, perfazendo um total de 3 pontos receptadores constantes de material furtado; os três estabelecimentos se juntariam para custear as imensas caçambas. Júnior disse que um outro imóvel invadido na Visconde do Rio Branco, 19 – este pertencente ao Rio Previdência, segundo levantamos – também seria utilizado pelos criminosos como depósito de material furtado e base para o cometimento de outros crimes. Na ocasião, tentamos nos aproximar da “filial” da Frei Caneca, mas nossa reportagem foi abordada por “seguranças” que informaram que seria “proibido” tirar fotos no local. Segundo um atendente de um bar localizado nas proximidades, seria de propriedade de um “casal” de milicianos. A “filial” do estabelecimento que criminosamente recepta materiais metálicos, fica na Rua Frei Caneca, e é outro foco de crime no Centro da Cidade, dominado pela desordem e pelas gangues de invasores de imóveis.

Sob as barbas das autoridades, o ferro velho da rua da Constituição parece invencível, e enquanto isso a cidade padece com a destruição de seu patrimônio. Foi assim com o histórico Convento do Carmo, nesta última semana. A grande atração que era a iluminação externa cênica do antigo prédio se apagou, antes mesmo da obra completar um ano: bandidos arrancaram, um a um, todos os holofotes de luz modernos que haviam sido enterrados com todo o cuidado em meio ao calçamento de granito histórico que fica na frente do Convento. Com fio, lâmpada, vidro e tudo, os cracudos – que já destruíram mais de uma vez a estátua do General Osório, restaurada completamente mais de uma vez em 10 anos – vandalizaram toda a iluminação, e novamente a bonita edificação perde seu destaque e protagonismo por conta do abandono e desprezo à história no Rio de Janeiro.

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