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Ex-deputada que levou dama do tráfico ao MJ também é ligada ao CV

Mulher que levou a dama do tráfico a audiências no Ministério da Justiça(MJ), segundo a reportagem do Estadão, recebeu dinheiro da facção Comando Vermelho. Dias antes da primeira audiência, da qual Luciane Barbosa Farias, a dama do tráfico, fez parte, a ex-deputada do PSOL, Janira Rocha, recebeu, em único dia, do contador do CV, três transferências que totalizaram R$ 23.654,00.

Segundo a reportagem, divulgada nesta terça-feira, 14, os documentos que comprovam a ligação, entre a ex-deputada e a facção criminosa, fazem parte de um relatório sigiloso da Polícia Civil do Amazonas, obtido pelo veículo.

A ex-deputada já foi diretora de Relações Institucionais de uma ONG acusada de servir de fachada da facção criminosa, a Anjos da Liberdade. A ONG foi fundada por Flávia Fróes, conhecida por defender líderes de facções como Marcinho VP e Fernandinho Beira-Mar. 

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Flávia também é investigada por pedir dinheiro a chefes de facções para financiar sua campanha nas últimas eleições.

Uma outra ONG ligada ao CV é a Liberdade do Amazonas, presidida pela dama do tráfico, supostamente criada para defender presos. Conforme a reportagem a facção banca todos os custos da ONG.

Despesas como aluguel da casa, salário de advogadas e salários de funcionários fazem parte do investimento da facção. Somente no mês de fevereiro, os gastos foram de R$ 22,5 mil, sem contar outras duas transferências. Uma de R$ 12.562,00 e outra de R$ 10.000,00

A dama do tráfico esteve no Ministério da Justiça em duas oportunidades. A primeira em março, em que esteve com Elias Vaz e em maio, quando o encontro foi com Rafael Velasco, titular da Secretaria Nacional de Políticas Penais(Senappen) do MJ.

Em maio, Luciane também esteve com Paula Cristina da Silva Godoy, da Ouvidoria Nacional de Políticas Penais(Onasp) e Sandro Abel Sousa Barradas, Diretor de Inteligência Penitenciária da Senappen.

A ex-deputada do PSOL, foi condenada em 2021 em primeira instância por contratação de funcionários fantasmas e por obrigar servidores de seu gabinete a devolverem parte dos salários durante seu mandato, entre 2011 e 2014, na famosa “rachadinha”. Entre 2010 e 2014 o patrimônio de Janira saiu de R$ 9 mil, em 2010, para R$ 402 mil em 2014.

Os recibos que mostram as quantias transferidas da fação criminosa à deputada e à ONG, presidida pela dama do tráfico, foram encontrados em um celular apreendido em dezembro de 2022. O aparelho era do filho de uma das integrantes do CV do município de Maués(AM).

No telefone foram encontradas informações detalhadas da contabilidade do CV. Compra de armas, registro de ingressos, pagamentos para a “matriz” da facção no Rio de janeiro, estão entre as informações encontradas.

A arrecadação do CV, no Amazonas, em outubro de 2022 foi de R$ 434,3 mil.