MundoNotícias

Estadão, sobre Lula: ‘Um santo do pau oco na ONU’

Pela nona ocasião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumiu o púlpito da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) para desempenhar seu papel de cobrador.

A lista de reclamações do petista é bastante variada, como enfatiza o editorial do jornal O Estado de S. Paulo na quarta-feira, 25.

Um tratado contra pandemias está entre as propostas; assim como a redução de gastos militares; a busca por paz no Oriente Médio, Europa e África; a rapidez no processo de descarbonização; a diminuição da fome, desigualdade, desemprego e violência; a implementação de juros favoráveis para países de baixa renda; a promoção da equidade de gênero e reformas na ONU que assegurem maior representatividade para as nações em desenvolvimento.

Publicidade

Segundo o jornal, tudo é extremamente coerente e compatível com um cume que serve mais como uma vitrine de aspirações do que como um fórum de resoluções.

“Mas, como insistia Henry Kissinger, a capacidade de influência geopolítica de um país depende de uma combinação equilibrada de dois ingredientes: poder e legitimidade”, destaca o texto. “O problema é que Lula não tem nem uma coisa, nem outra.” 

O Brasil nunca possuíu “poder”, contudo, conseguiu formar uma reputação diplomática, sustentada por sólidos princípios constitucionais que foram concretizados pelos quadros técnicos e pragmáticos do Itamaraty.

A publicação destaca que essa credibilidade conferiu ao país o privilégio de abrir anualmente a Assembleia Geral. Com essa autoridade, o Brasil teria a capacidade de persuadir outras nações e intermediar suas disputas. No entanto, sem coerência, não há credibilidade.

Uma das queixas de Lula foi que “o uso da força, sem amparo no Direito Internacional, está se tornando regra”. 

“Ao mesmo tempo, contudo, engendra com a China um ‘plano de paz’ que premia a Rússia, que violou o Direito Internacional ao invadir a Ucrânia, um país soberano, e ali comete atrocidades sistemáticas contra civis, como denunciado em corajosa carta aberta subscrita por dezenas de diplomatas latino-americanos, entre os quais os brasileiros Rubens Ricupero e Celso Lafer”, afirma o Estadão. 

No discurso de Lula, a Rússia, de fato, não foi mencionada, assim como o grupo terrorista Hamas e o Hezbollah geralmente não são citados nas notas do Itamaraty sob a direção questionável de Celso Amorim.

Por exemplo, após o Hezbollah bombardear um campo de futebol, resultando na morte de várias crianças, o governo simplesmente expressou pesar por “um ataque”, sem atribuir responsabilidades. No entanto, quando Israel responde, o número de reprimendas e adjetivos aumenta significativamente.

Lula critica ONU sem olhar para si mesmo 

Em uma fala prévia, Lula expressou sua insatisfação ao afirmar que a ONU está perdendo a sua “vitalidade”, que suas instituições não possuem “autoridade” e “meios de implementação”, e que a sua legitimidade “encolhe a cada vez que aplica duplos padrões ou se omite diante de atrocidades”. Ele poderia estar se referindo a ele mesmo.

“O que a sua diplomacia ‘ativa e altiva’ diz sobre as atrocidades na Venezuela?”, questiona a publicação. “Lula denuncia a omissão internacional no Haiti, mas recusou diversos pedidos de apoio a uma força de paz.” 

Ele reclamou das sanções que afligem os cidadãos de Cuba, no entanto, não mencionou sequer brevemente sobre a ditadura que os aflige muito mais, por décadas. Lamentou sobre a negligência em relação ao clima, mesmo financiando combustíveis fósseis enquanto as florestas do Brasil estão em chamas.

O Brasil foi divulgado como um “celeiro de oportunidades” e demandou recursos, porém não estabelece condições para acolhê-los, como a existência de agências regulatórias independentes.

Ela reclamou da falta de oportunidades para as mulheres, no entanto, não conseguiu nomear nenhuma para a Suprema Corte. Reclamou da “década perdida” dos países latino-americanos, como se os governos do PT não estivessem relacionados a isso.

Durante sua visita a Nova York, Lula, curiosamente, solicitou às agências de risco que restabelecessem a classificação de crédito do Brasil – ao mesmo tempo em que elabora estratégias para contornar o próprio quadro fiscal.

“Eis a diplomacia ‘ativa e altiva’ de Lula, uma diplomacia ativista, calcada em ressentimentos, incoerências, indignações seletivas e aspirações vazias, e subalterna a potentados autocráticos”, afirma a publicação. 

“Se ao menos fizesse sua lição de casa – nas questões fiscais e ambientais ou nos conflitos latino-americanos –, Lula poderia dar lição de moral”, acrescenta o jornal. “Mas, como disse o jornal esquerdista francês Libération, frustrado com suas ambivalências em relação à agressão à Ucrânia, Lula é um ‘falso amigo’. Os brasileiros mais solertes já sabem há tempos que ele é um falso estadista.” As informações são da Revista Oeste.