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Escola que sofreu ataque a tiros no Paraná escolhe modelo cívico-militar

Alvo de um dos 16 ataques a escolas no Brasil em 2023, o Colégio Estadual Professora Helena Kolody, em Cambé, no norte do Paraná, optou pela mudança do modelo tradicional para o cívico-militar em consulta promovida pelo governo Ratinho Junior (PSD).

Das 126 escolas estaduais consultadas, 82 (65%) preferiram a mudança de formato a partir de 2024, enquanto outras 44 rejeitaram. Realizada na terça (28) e na quarta-feira (29), a votação envolveu professores, funcionários, pais de alunos e estudantes com mais de 16 anos das instituições.

No colégio Helena Kolody, houve 337 votos (72%) pela troca de modelo e 132 pela continuidade do formato atual.

Em junho, um ex-aluno invadiu a instituição e atirou em dois adolescentes, que morreram. O atirador usou no ataque um revólver calibre 38 e entrou na escola com 50 munições e sete carregadores.

Relatório publicado por grupo de trabalho vinculado ao Ministério da Educação mostrou que 2023 já é o ano que apresenta maior número de ataques a escolas na história do país, com 16, mais que o dobro dos sete ocorridos em 2022.

Com o resultado da consulta, a gestão Ratinho Junior vai realizar a troca de modelo nas 82 instituições a partir de 2024. A meta é alcançar 400 instituições comandadas por policiais —atualmente são 194.

Além de uniformes específicos do programa estadual entregues aos alunos e da presença na escola de monitores ligados ao “Corpo de Militares Estaduais Inativos Voluntários”, outro diferencial da escola cívico-militar é a carga horária curricular. Há aulas extras de Português e de Matemática, além de aulas de Civismo e Cidadania.

De acordo com os dados da Seed (Secretaria de Estado da Educação), as escolas cívico-militares tiveram um avanço maior nas notas do Ideb, entre 2019 e 2021, na comparação com o desempenho das escolas regulares e integrais no mesmo período.

Ratinho Junior tem flertado com a possibilidade de se lançar na disputa pela Presidência em 2026 como representante de um bloco político da direita, formado também por nomes como Romeu Zema (Novo-MG), Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), entre outros.

Como parte dessa estratégia, ele tenta emplacar as escolas cívico-militares e também as privatizações como marcas de sua gestão.

Em nota, o APP-Sindicato, que representa os professores do estado e se opõe ao modelo cívico-militar, diz que a consulta teve “condução autoritária”, sem prazo para debate nem espaço para contraditório. Também afirma que aumentou a rejeição ao modelo cívico-militar, pois em 2020, em outra consulta, 12% das comunidades escolares recusaram a militarização.

Sobre o Ideb, diz que o suposto desempenho superior das escolas cívico-militares se deve à inexistência do ensino noturno nesses colégios, modalidade que teria índices maiores de infrequência e evasão. O sindicato também afirma que as escolas militarizadas já apresentavam Ideb abaixo da média e, por isso, têm maior margem de evolução frente ao índice geral da rede.


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