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Editorial de O Globo destaca os "Regimes desagradáveis aliados de Lula"

Leia abaixo o artigo escrito pelo Colunista de O Globo, Eduardo Affonso, sobre a ligação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com Regimes ditatoriais e grupos terroristas.

Lula tem razão: o regime venezuelano (não confundir com a fome imposta a grande parte da população da Venezuela) é mesmo desagradável. A quem agradariam o fim da liberdade de imprensa, as prisões arbitrárias, a emigração em massa, a corrupção, o empobrecimento de um país riquíssimo em petróleo e — para coroar de êxito a experiência bolivariana — uma fraude eleitoral tão descarada como nunca antes na história daquele país?

Bem que o leal companheiro de Chávez e Maduro tentou salvar o pleito, concedendo o tempo que fosse necessário para “ajeitarem” as atas (não rolou, porque elas têm um sistema tríplice de verificação). Veio então o plano B: esquecer o que se passou e convocar nova eleição, desta vez com uma fraude mais benfeitinha (quem sabe uma “melhor de três”, “melhor de cinco”, “melhor de sete”, até o resultado ser favorável ao atual mandatário?).

Faltou combinar com o companheiro Maduro (que comparou as queixas da oposição às de Bolsonaro quando de sua derrota em 2022) e com a líder María Corina (que, educadamente, qualificou o despropósito lulo-amorimista de “falta de respeito”).

Sem se dar por vencido, Lula aventou ainda a possibilidade de um governo de coalizão — talvez nos moldes do que aceitaria de bom grado fazer com Bolsonaro. Tampouco funcionou. Por falta de interlocução, devem ter ficado na gaveta as estratégias seguintes (quem sabe introduzir o parlamentarismo, ficando a Presidência, protocolar, com a oposição e tendo Maduro como primeiro-ministro plenipotenciário; quem sabe Maduro adotar o nome social de Edmundo, carreando para si todos os votos dados a seu oponente — e por aí afora).

A mudança de tom — de democracia relativa que tem mais eleições que o Brasil para “regime desagradável” — pode ser efeito colateral do chá de camomila prescrito pelo detentor do Super Bigode. E que talvez leve Lula a, um dia, quiçá, qualificar a teocracia iraniana de “indelicada”. Afinal, ela espanca e tortura mulheres (por mechas de cabelo à mostra…), coíbe a liberdade religiosa, fomenta o terrorismo e enforca cidadãos por crimes como “guerra contra Deus” e “corrupção na Terra” (em outubro de 2023, segundo o Iran Human Rights, foram executadas 600 pessoas).

A Cuba de Fidel, Raúl e Díaz-Canel há de se tornar “aborrecida”, por causa da repressão sistemática aos “inimigos da Revolução” que tentam “subverter o Estado de Direito e a justiça social” de que a população inteira quer escapar. A ditadura de Ortega, que cassa a cidadania de opositores, prende e expulsa padres católicos, fecha ONGs e ordena execuções extrajudiciais, poderia ser considerada “difícil” (“problemática” é muito forte).

O Hamas (aquele que massacra civis, executa reféns, comemora estupros e usa o próprio povo como escudo humano) seria “antipático”. “Desatenciosa” a China, pelos crimes de lesa-humanidade contra os uigures e outras minorias, mais uma penca de atrocidades. “Deselegante” a Rússia, por invadir a Ucrânia, atacar alvos civis, envenenar opositores (ou os fazer despencar, involuntariamente, da janela mais próxima), ameaçar a paz mundial etc.

Um governo como o nosso — democrático, inclusivo, respeitador dos direitos das mulheres e das minorias, zeloso com a liberdade de pensamento e expressão, que derrotou o fascismo em 2022 — talvez devesse procurar aliados mais agradáveis, elegantes, delicados, simpáticos — e civilizados.

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