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Edifício A Noite é vendido pela Prefeitura por R$ 36 milhões e irá se transformar em residencial de luxo

Foto Cleomir Tavares/ Diario do Rio

A novela acabou! A Prefeitura do Rio concretizou a venda do famoso e histórico Edifício A Noite, na Praça Mauá, na Centro do Rio, por R$ 36 milhões. O imóvel foi adquirido pela incorporadora paulista QOPP, que integra o Grupo Vetorazzo, e a carioca Konek Transformação Imobiliária, que juntas pretendem transformar a clássica construção em estilo art déco em um prédio residencial. O Grupo Vetorazzo é uma empresa familiar e é ligado à Aegea e à Equipav, e por conseguinte à concessionária de água e esgoto do Rio, a Águas do Rio.

A tendência é que a edificação passe por um processo de restauração e a expectativa é de que o novo residencial do Centro do Rio seja um empreendimento completo, com  área de lazer e convivência no rooftop e vista para o Museu do Amanhã e para a Baía de Guanabara. A informação foi revelada pelo jornalista Lauro Jardim, em sua coluna no jornal O Globo.

Ainda segundo o jornalista, os futuros proprietários do Edifício A Noite terão que repassar ao município metade dos lucros que forem gerados pelos incentivos do projeto municipal Reviver Centro — um extra calculado em pelo menos R$ 24 milhões. Ao todo, o negócio deve render R$ 60 milhões, dos quais R$ 31,1 milhões vão diretamente para os cofres do Rio.

Para os corretores, o primeiro arranha-céus da cidade deve atrair muitos interessados. “Vendemos algumas unidades no antigo Hotel Glória para estrangeiros e pessoas de fora da cidade que são apaixonadas pela história do Rio Antigo. Vendemos muito mais que uma vista, vendemos um Rio do passado pelo qual muitas pessoas estão voltando a apaixonar-se com a divulgação freqüente das iniciativas de revitalização da região Central. Os clientes já chegam procurando imóveis emblemáticos e cobram novos empreendimentos assim. Tem tudo pra ser um sucesso.“, diz Lucy Dobbin, Superintendente de Vendas da Sergio Castro Imóveis. Ela complementa dizendo que os jovens também tem frequentado mais e mais a região, e já lotam a região da praça XV até o Museu do Amanhã até mesmo nos fins de semana.

Em março, a prefeitura comprou o imóvel por R$ 28,9 milhões, bem abaixo do lance mínimo de R$ 98 milhões apresentado em maio de 2021, data do primeiro leilão. O objetivo doPoder Público ao adquirir o prédio, era justamente de negociá-lo com o setor privado.

Construído na década de 1920, no Centro do Rio de Janeiro, O edifício A Noite é tido por muitos como um dos grandes marcos da arquitetura brasileira. Considerado o maior prédio da América Latina na época da sua inauguração, em 1929, foi batizado em referência ao jornal homônimo sediado no local. O arranha-céu de 22 andares e 102 metros de altura, em estilo art déco, também foi a casa da vanguardista Rádio Nacional – emissora de maior audiência do país na época – além de consulados e do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi).

Inaugurado de frente para a Praça Mauá e com o cenário da Baía de Guanabara ao fundo, o imóvel foi projetado pelos arquitetos Joseph Gire – nome por trás do Copacabana Palace e do Hotel Glória – e Elisiário Bahiana. Em 1936, recebeu sua moradora mais conhecida: a Rádio Nacional.

Pelos corredores dos quatro andares ocupados pela emissora passaram nomes como as cantoras Emilinha Borba, uma das intérpretes mais populares da Rádio Nacional, e Marlene, além de outros grandes artistas da música popular brasileira como Dalva de Oliveira, Luiz Gonzaga, Cauby Peixoto e Elizeth Cardoso.

Foi no ano de 1940, por conta de dívidas com o Governo Federal, que o prédio passou a ser propriedade da União. Tombado em 2013 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) pelas suas características arquitetônicas e históricas, tornou-se ícone da região portuária da cidade.


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