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Dr. Marcos Paulo: O Rio precisa de Hospital Público Veterinário

Cachorro sendo vacinado – Imagem apenas ilustrativa (Foto: Divulgação)

No município do Rio de Janeiro, todo ano milhares de pessoas morrem ou ficam com sequelas permanentes, vítimas da violência no trânsito. Com os animais acontece algo semelhante. Muitos, principalmente aqueles que são abandonados nas ruas, são vítimas de atropelamento. Poucos sobrevivem.     

Quando um motorista atropela um animal e busca atendimento de emergência, ele se dá conta de que não existe, em nossa cidade, um hospital público veterinário. Ao levá-lo para uma clínica veterinária particular, descobrirá que cirurgias ortopédicas são caras. Para se ter uma ideia, muitas vezes um procedimento ortopédico pode custar até R$ 6 mil, um valor muito alto para a maioria da população brasileira.

Desde que assumi como vereador, em 2019, tenho batalhado para que o Poder Executivo abra unidades de saúde animal gratuitas, com atendimentos de emergência, consultas, cirurgias, tratamentos ambulatoriais, exames e internações feitas por equipes de médicos-veterinários.

Em 2021, tive a oportunidade de conhecer a estrutura e a gestão das unidades hospitalares veterinárias de São Paulo, consideradas referência no país. Apresentamos a experiência da capital paulista à Prefeitura do Rio, cobrando uma estrutura similar aqui em nossa cidade.

Na época, o prefeito se comprometeu com a nossa reivindicação, mas, até hoje, nada foi construído no terreno cedido pelo município, no bairro de Irajá.

Em fevereiro deste ano, a prefeitura anunciou que o Centro de Controle de Zoonoses Paulo Dacorso Filho (CCZ), em Santa Cruz, funcionaria como um hospital público veterinário. Na prática, no entanto, a unidade está longe de atender as exigências mínimas de um hospital para animais.

Tanto o Centro de Controle de Zoonoses Paulo Dacorso Filho (CCZ), como o Centro Municipal de Medicina Veterinária Jorge Vaitsman (CJV), na Mangueira, precisariam de reformas, adaptações e mudanças de gestão, a fim de que efetivamente se transformem em hospitais veterinários, oferecendo internação 24 horas, cirurgias ortopédicas e de tumores, atendimentos ambulatoriais e de emergência.

Por sua dimensão territorial, e pelas demandas do dia a dia, o Rio necessita de, pelo menos, três hospitais públicos veterinários: um no CCZ de Santa Cruz, outro no CIV da Mangueira e um terceiro em Irajá, que até agora é apenas promessa do prefeito.

Os animais, hoje, fazem parte da família e, como membros dela, quando ficam doentes precisam de atendimento veterinário. Frequentemente, os tutores não têm condições financeiras de pagar clínicas veterinárias.

A situação financeira do país está complicada. Muitas pessoas estão desempregadas, algumas até passando fome. É imprescindível que o poder público dê condições para um atendimento veterinário gratuito, de qualidade e com tratamento digno.

Mesmo sabendo que o prefeito pouco se importa com os animais em nossa cidade, é bom lembrar que a saúde animal está inserida no contexto da saúde pública, e que todos nós – poder público, população e animais –, só temos a ganhar com o funcionamento de hospitais veterinários públicos em nosso município.  

Essa necessidade é urgente.

*Vereador Dr. Marcos Paulo (PSOL-RJ), é presidente da Comissão de Saúde Animal da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro


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