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Direita e centro dominam reeleição de prefeitos turbinados com emendas

Nove de cada dez dos prefeitos mais beneficiados por emendas parlamentares e reeleitos no último domingo (6) são de partidos de direita e centro, segundo análise da Folha.

Dentre eles, a legenda que mais reuniu reeleitos nessa categoria foi União Brasil, com 28 prefeitos (24,6% de todos os reeleitos). A lista segue com PP (15,8%), Republicanos (14,9%), PSD (13,2%) e MDB (10,5%).

Como mostrou a Folha, 98% dos prefeitos mais turbinados com emendas parlamentares ao longo do mandato se reelegeram. O grupo, composto por 116 candidatos, conseguiu reeleger 114 nomes. Doze eram candidatos únicos.

Nesse grupo dos prefeitos mais turbinados, os valores recebidos em emendas passaram de R$ 2.543,70 por votante, mais que três vezes o padrão mediano nacional, que é de R$ 847,90.

Os partidos de esquerda que tiveram prefeitos turbinados com emendas e reeleitos no primeiro turno foram PSB, PT, PDT e Rede. Entretanto, cada um deles teve uma parcela igual ou menor que 3,5%.

Para a definição sobre a ideologia das siglas, foi usado o GPS partidário, modelo criado pela Folha para medir a proximidade entre as legendas a partir de quatro variáveis: migração partidária, participação em frentes parlamentares, coligações eleitorais e votações na Câmara.

Em números absolutos, União Brasil reelegeu 28 prefeitos, seguido por PP, com 18, Republicanos, com 17, PSD, com 15, MDB, com 12, e PL, com 6.

O PT reelegeu quatro políticos na categoria, assim como o PSB. O PDT reelegeu três, e o PSDB, dois. Solidariedade, Rede, PRD, Podemos e Avante elegeram um cada.

Apesar de serem de direita ou centro, os partidos que dominam os reeleitos de prefeituras mais turbinadas com emendas têm indicados na gestão Lula (PT) e compõe, com fissuras internas, a base de apoio do presidente no Congresso.

Depois da derrotas nas urnas no primeiro turno das eleições municipais, a Executiva Nacional do PT atribuiu, em nota divulgada na terça-feira (8), o desempenho à distorção no sistema político com a “eleição ou reeleição de candidatos das legendas da centro-direita e direita dominantes no Congresso Nacional, com acesso a emendas parlamentares bilionárias e no comando das máquinas públicas municipais”.

A eleição municipal de domingo foi a primeira que sofreu um grande impacto da mudança iniciada no governo de Jair Bolsonaro (PL) que deu aos congressistas papel inédito na destinação das verbas federais.

A medida resultou na distribuição total de mais de R$ 80 bilhões em emendas para os 5.569 municípios brasileiros desde o início das gestões dos atuais prefeitos, de 2021 a 2024.

No governo Bolsonaro, a estatal federal Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) foi transformada no principal emendoduto dos congressistas, o que foi mantido na gestão Lula.

Somente em relação à distribuição de máquinas, veículos e implementos agrícolas, os gastos da estatal turbinados pelas emendas saltaram de RS 26 milhões em 2017 para mais de R$ 1,2 bilhão tanto em 2022 como em 2023, de acordo com relatório da CGU (Controladoria-Geral da União).

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