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Dia Internacional da Mulher: Debate sobre violência no Cemitério da Penitência

A cada seis horas uma mulher morre vítima de feminicídio no Brasil, que registrou um aumento de 1,6% desse tipo de crime em 2023 em comparação com o ano anterior. Os dados constam no relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira (7).

O levantamento endossa um dos temas de destaque que tem como pano de fundo o Dia Internacional da Mulher: a violência de gênero. Para a presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Rio de Janeiro, Márcia Bezerra, há inúmeras formas de agressão à mulher, que vão muito além da agressão física.

“É fundamental a mulher comparecer à delegacia e dizer o que está ocorrendo, até porque alguns comportamentos são considerados crime: ameaça, pressão psicológica e outros”, explica a policial.

Márcia participou da mesa redonda Refletindo sobre o respeito e o enfrentamento à violência de gênero, promovida nesta sexta-feira (8) pelo Crematório e Cemitério da Penitência, no bairro do Caju, na Zona Portuária do Rio. Ao lado da presidente da ONG Artes Salva Vidas, Aldari Marques, e da presidente da ONG A.M.I.G.A.S., Ana Paula Sales, as participantes discutiram os avanços, conquistas e desafios no enfrentamento à violência contra a mulher nos dias atuais.

A conferência, que teve início às 10 horas, foi mediada pela CEO do Crematório e Cemitério da Penitência, Karla Monielly Belchior.

Personagem da vida real 

Depois de escapar por muito pouco das estatísticas de feminicídio, Ana Paula Sales, revelou como conseguiu usar a sua dor física e psicológica para ajudar outras mulheres vítimas de relacionamentos abusivos e violentos. A educadora e empreendedora social fundou há nove anos a Associação de Mulheres de Itaguaí Guerreiras e Articuladoras Sociais (A.M.I.G.A.S), que acolhe mulheres em estado de vulnerabilidade de todo o estado do Rio de Janeiro.  

“O meu ex-companheiro me deu uma facada, ele mirou o meu pescoço, mas eu me virei e o golpe atingiu minha coxa. Ele fugiu depois. A partir desse episódio, eu consegui medida protetiva e foi expedido o pedido de prisão dele. O meu ciclo da violência foi quebrado dessa forma, quando também passei a ajudar outras mulheres na mesma situação. Fundei a ONG em setembro de 2015, três meses após a prisão do meu agressor”, contou Ana Paula durante a conferência.

Para a empreendedora social, muitos problemas associados à violência que a classe feminina enfrenta estão atrelados à condição de dependência financeira dos seus companheiros. “A nossa luta é para que mais mulheres sejam empoderadas, apoiadas para ganharem o seu próprio dinheiro e terem o poder de decisão das suas vidas”, afirma ela.

Aldari concorda com essa linha de ação e apoio. “Hoje, a gente tem o projeto Mulheres em Ação, que ensina como elas serem independente financeiramente, com empreendedorismo, com cursos, para que tenham possibilidade de se livrar do seu agressor através do seu próprio trabalho”, diz a presidente da ONG Artes Salva a Vida, que tem a sua base no complexo do Caju.

Além de amparar e orientar as mulheres vítimas de feminicídio, o evento buscou fortalecer o sentimento de empoderamento do público feminino, segundo Karla Monielly.

“Conseguimos abordar um tema tão delicado de diferentes perspectivas para conscientizar e promover a igualdade de gênero e combater a violência contra as mulheres. O que desejamos é um futuro mais justo e seguro para a nossa sociedade”, disse a CEO do Cemitério da Penitência.

Defesa pessoal

No final da conferência, o professor de defesa pessoal Massa Rosado, faixa preta e 6º grau de jiu-jitsu, realizou uma dinâmica com as mulheres presentes para ensinar como se defender de um ataque. As participantes aprenderam técnicas simples que podem ajudar em um momento de risco.

Segundo o professor, em uma abordagem supostamente violenta o maior risco está nos primeiros 30 segundos. “É o tempo que a mulher precisa para pensar em uma rota de fuga daquela situação. Por isso, é importante ela saber como agir nesse momento e aplicar alguns golpes que podem livrá-la desse cenário”, afirma Massa Rosada.

O mais importante na defesa pessoal, de acordo com o instrutor, é a mulher aprender a se desvencilhar dos momentos de risco. “Não são ensinamentos complexos, podem ser aprendidos em pouco tempo e ajudam muito na segurança do público feminino”, diz ele. 

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