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Derrota de candidatos mais próximos a Bolsonaro expõe disputa entre pragmáticos e ideológicos no PL

Quinze capitais e outras 36 grandes cidades, totalizando 51 municípios, decidiram neste domingo, na eleição em segundo turno, quem será o prefeito no quadriênio 2025-2028.

Os partidos que protagonizaram a última eleição presidencial, PL e PT, são também as legendas com maior presença no segundo turno de 2024. O PL esteve presente na disputa de 22 cidades, sendo bem-sucedido em seis. O PT disputou o segundo turno em 13 cidades e foi vitorioso em quatro.

PL e PT se enfrentaram diretamente em apenas quatro cidades: Fortaleza, Cuiabá, Pelotas (RS) e Anápolis (GO), com um resultado empatado —o PL elegeu os prefeitos de Anápolis e Cuiabá, enquanto o PT venceu em Fortaleza e Pelotas.

Contudo, considerando o total de votos recebidos e o número de cidades conquistadas nos dois turnos, é inegável que o desempenho do partido de Valdemar Costa Neto e Jair Bolsonaro foi um dos maiores destaques desta eleição municipal.

Em 2020, o PL foi o décimo partido com mais votos para prefeito, com 4.564.353 votos. Neste ano, liderou o ranking no primeiro turno, com 15.608.301 votos. Embora o desempenho na disputa pelas câmaras municipais tenha sido inferior, o PL teve crescimento expressivo, passando da décima para a quarta posição no ranking de partidos que receberam mais votos para vereador, somando 9.173.574 em 2024.

A grande questão para o PL é saber qual grupo se fortaleceu: os pragmáticos, liderados pelo presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, ou os ideológicos, mais próximos a Bolsonaro?

Os candidatos mais próximos do ex-presidente neste segundo turno, como Bruno Engler em Belo Horizonte e André Fernandes em Fortaleza, não foram vitoriosos. Embora tenham perdido por margem estreita, o resultado é o que ficará na história —assim como a derrota de Alexandre Ramagem pela prefeitura do Rio de Janeiro no primeiro turno, outro aliado muito próximo a Bolsonaro.

Apesar do discurso público de que Bolsonaro é o líder político da legenda, sabemos que é Valdemar quem, de fato, comanda o PL. Foi ele quem distribuiu os recursos das campanhas e firmou o apoio ao prefeito reeleito de São Paulo, vencendo a resistência explícita de Bolsonaro.

Valdemar também deixa claro que a decisão sobre a posição do partido na eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, em fevereiro de 2025, será dele.

Se a inelegibilidade de Bolsonaro não for revertida, a ausência do ex-presidente na urna em 2026 sedimentará o controle de Valdemar e do grupo pragmático no PL. Isso se refletirá nas alianças com partidos de centro nas disputas estaduais, na concentração da alocação dos recursos de campanha entre os candidatos pragmáticos em detrimento dos ideológicos e no perfil do candidato presidencial que o PL apresentará ou apoiará.

Por fim, cabe destacar o desempenho nesse segundo turno de duas legendas do chamada centrão, PSD e MDB.

O PSD manteve o excelente desempenho registrado no primeiro turno, venceu em nove das dez cidades em que disputou o segundo turno, incluindo duas capitais, Belo Horizonte e Curitiba. Nos dois casos, a legenda liderada por Gilberto Kassab superou candidatos alinhados à extrema direita ainda liderada por Bolsonaro.

O MDB também se saiu bem: venceu em sete das dez cidades disputadas no segundo turno, incluindo três capitais —Belém, Porto Alegre e São Paulo. O partido que historicamente representou o centro no cenário político nacional impôs derrotas ao PL em quatro cidades neste segundo turno.

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