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Dengue: Especialista explica quais remédios são contraindicados e quais podem ser usados para tratar sintomas – Cada Minuto

O Brasil vive atualmente uma explosão de casos de dengue. Segundo o Ministério da Saúde (MS), até esta sexta-feira (23) foram registrados 762.545 casos prováveis e 279 óbitos pela doença, só em 2024. 
Em Alagoas, foram registrados 487 casos prováveis e nenhum óbito pela doença este ano, conforme o MS. O estado está entre os últimos da região Nordeste no ranking de incidência de casos.
Além dos sintomas comuns da doença como dor de cabeça, dor no corpo, febre, enjoos, vômitos e manchas vermelhas, a dengue também pode causar sonolência, irritabilidade e confusão mental. Por isso, é importante ficar atento aos medicamentos indicados para tratar os sintomas da dengue.
Não há um medicamento específico para o tratamento da dengue. Os remédios disponíveis atuam para amenizar os sintomas da doença e devem ser indicados por um médico, já que muitos deles, usados no dia a dia e vendidos sem a necessidade de prescrição médica, podem aumentar o risco de hemorragia.
Para explicar quais remédios não são indicados para pessoas com dengue, o CadaMinuto conversou com a farmacêutica Ana Paula Lacerda. 
Confira a entrevista:
Quais os perigos da automedicação no caso das pessoas com dengue?
É muito perigoso automedicar-se, especialmente quando há suspeita de dengue. A automedicação pode mascarar os sintomas reais da doença e dificultar o diagnóstico correto. Alguns medicamentos podem agravar a dengue, aumentando o risco de complicações. É fundamental buscar orientação médica para receber o tratamento adequado e evitar consequências graves para a saúde.
Quais medicamentos não pode tomar em caso de dengue?
São os medicamentos que pertencem à classe chamada anti-inflamatórios não esteróides, que tem a sigla AINEs e envolvem analgésicos e antitérmicos comuns encontrados em farmácias e vendidos sem a necessidade de receita médica. Como exemplo temos o ibuprofeno, o cetoprofeno, o ácido acetilsalicílico, que são as aspirinas e várias outras formulações. Também podemos citar o naproxeno, o piroxicam, o diclofenaco, a nimesulida e a indometracina. Além destes, também são contraindicados os corticoides como a prednisona, prednisolona, dexametasona e hidrocortisona.
Por que estes medicamentos são contraindicados? O que eles podem provocar?
Estes medicamentos atuam no funcionamento das plaquetas, que são células responsáveis pela coagulação sanguínea. Quando a pessoa tem uma lesão, ela precisa de coagulação para não ter sangramento, o seja, uma hemorragia. A dengue é uma doença viral que pode gerar quadros hemorrágicos porque o vírus pode destruir as plaquetas e causar lesões em vasos sanguíneos. Então, a ação do vírus junto com o uso destes medicamentos vai piorar a atividade das plaquetas e levar a um risco maior de hemorragia.
Os anticoagulantes também oferecem risco?
Sim. É importante destacar que, geralmente, os anticoagulantes são indicados para pessoas em maior risco de problemas cardíacos. No entanto, a heparina, a vaparina e rivaroxabana também podem aumentar o risco de dengue, pois interferem na coagulação do sangue. Mas, há casos em que os tratamentos com estes medicamentos não podem ser interrompidos, por isso é importante que o paciente que faz uso deles e venha a ter dengue procure um médico imediatamente. Para estas pessoas a quantidade de plaquetas deve ser monitorada mais de perto e pode haver ajustes na medicação.
A ivermectina tem sido citada, principalmente na internet, como um remédio que ajuda no tratamento da dengue. É verdade?
Não. A Invecmeticina é um medicamento utilizado para o tratamento de parasitas como piolhos e carrapatos. Ela não é recomendada para pessoas que estão com dengue porque pode aumentar o risco de sangramento. Além disso, o remédio pode causar efeitos colaterais como náuseas, vômitos, diarreia e erupções na pele, o que pode agravar os sintomas da dengue e dificultar o diagnóstico correto da doença.
Qual remédio as pessoas podem tomar se estiverem com dengue?
No geral, a orientação no caso de suspeita, ou de confirmação de dengue, é que as pessoas tomem dipirona e paracetamol, são analgésicos que não interferem como os outros no risco de sangramento. Eles podem ser importantes porque, como não há tratamento específico para a dengue, as recomendações envolvem repouso, hidratação e eventualmente o uso de um dos dois medicamentos para aliviar febre ou dores.
No caso do paracetamol, há apenas uma ressalva ele deve ser tomado sob orientação médica, pois doses muito elevadas podem provocar uma ação colateral no fígado, e a dengue também pode afetar o fígado. 
Vale ressaltar que, mesmo os medicamentos que não precisam de receita, oferecem riscos. Por isso não recomendamos o uso prolongado ou excessivo dos medicamentos. O ideal é que o uso seja feito apenas após a avaliação de um profissional, se houver suspeita de dengue, ele não indicará nenhum remédio que aumente o risco. As pessoas devem sempre procurar ajuda médica e explicar os sintomas.
 
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