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Datena nega que vá desistir de eleição em SP um dia após se comparar com Biden

Um dia após se comparar com Joe Biden, presidente dos EUA que desistiu de concorrer à reeleição, o apresentador José Luiz Datena (PSDB) afirmou que não vai desistir de concorrer à Prefeitura de São Paulo.

“Eu não vou desistir de coisa nenhuma. Eu vou até o fim”, afirmou ele no Flow Podcast, na noite desta terça-feira (23). “Eu não posso fazer nada que o cara diz que eu vou desistir da campanha. Eu sou pré-candidato”, disse ainda.

“Na maioria dos casos, é a política que não me quer, não sou eu que não quero a política. Então eu disse: eu preciso de apoio do partido. E confio muito na palavra do Marconi Perillo [presidente do PSDB]”, complementou Datena, comentando sua situação atual e as quatro desistências em eleições anteriores.

Nesta segunda-feira (22), em entrevista à Folha, Datena reclamou de “tiros nas costas” vindos do partido e listou condições para seguir pré-candidato. Em resposta, o presidente do PSDB disse que o partido apoia o apresentador e não é formado por “sacanas ou golpistas”.

Ao Flow o apresentador afirmou: “Se eu não tiver apoio do partido, é claro que eu não vou ter condição de ajudar o povo. Foi isso que eu quis dizer, e não dizendo que eu ia desistir”.

Datena disse ainda que Perillo lhe “deu a palavra” de que ele seria candidato pelo PSDB. “Há grupos dissidentes, mas eu vou mais pela palavra do Marconi [Perillo]”.

Segundo ele, ao ser questionado se ia deixar a corrida eleitoral, respondeu “claro que não”. “Estou dando um exemplo do presidente dos EUA, que é o assunto mais comentado de hoje. […] Eu não sou o Biden.”

Ainda a respeito da entrevista à Folha, Datena disse que não sabia que o conteúdo seria “tão editado”.

“Dei uma entrevista para a Folha, que eu não sabia que seria uma entrevista tão editada como foi. Não estou reclamando, não. Eu devia saber que a entrevista é muito editada, assim eu respondia de uma forma mais curta para que as pessoas entendessem.”

“Qual era o grande assunto dos últimos dias? A desistência do Biden como candidato à Presidência da República do qual ele é presidente, a maior nação do país. Como é que eu podia passar por cima desse assunto? Até o [Felipe] Soutello, que é um grande publicitário, me disse que ‘tem coisa que você não precisa falar’. Falei: ‘Soutello, se depender disso para eu ser eleito, eu saio da campanha mesmo’. Eu quero que votem em mim as pessoas que acreditam em mim e que me aceitem como eu sou, eu sou um cara de verdade, eu não sou papel higiênico, eu não sou Bombril para ser vendido por obra de marketing. Então, eu falei do Biden.”

“O que eu quis dizer sobre o Biden, e sobre o Biden, porque não saiu o complemento do que eu quis dizer na entrevista, não coube porque o formato da entrevista, não estou culpando a Folha por isso, não. A imprensa é assim. Eu não vou meter o pau nos meus companheiros de imprensa que eu respeito muito. O lance é o seguinte, eu disse o Biden teve a virtude de reconhecer que numa eleição o principal ator não é o partido, o principal ator não é o candidato, o principal ator é o povo.”

Na entrevista realizada na segunda, Datena disse o seguinte: “Até eu desconfio. Se continuar essa sacanagem de que o partido está conversando com outras pessoas para colocar dentro do partido sem me avisar, eu não vou ser candidato. Se o Biden pode desistir a qualquer momento, por que eu não posso? Desde o começo, falei: se me sacanearam, eu desisto mesmo”.

Também falou em outro momento da entrevista: “Se sábado eu sentir que os caras vão me encher o saco na convenção, eu não vou. Acabou.”

“Essas convenções [dos partidos] vão ser por aclamação e com gente pesada. Se a nossa for porrada para todo lado, no que vai me ajudar?”, disse à Folha.

No Flow Podcast, Datena voltou a criticar os extremos e a polarização, dizendo que seus adversários Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB) não se assumem candidatos e se ancoram nos padrinhos políticos, Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL), respectivamente.

Ao final da entrevista, Datena citou sua internação pela Covid, em 2022, e afirmou que Boulos e Nunes prefeririam que ele tivesse morrido na ocasião para não ganhar a eleição deste ano.

“Porque eu não estaria aqui para ganhar a eleição deles. E alguns caras que estão loucos para eu desistir também não teriam esse problema. Eu já teria desistido in memoriam. Mas eu não morri e sou candidato”, disse.

Datena também voltou a dizer que os ataques do 8 de janeiro de 2023 foram uma tentativa de golpe e criticou o atentado a Donald Trump como um atentado à democracia, apesar de ressaltar que o ex-presidente americano fomentou o ódio e a polarização.

Questionado sobre sair da TV caso vença a eleição, Datena afirmou que já planejava deixar seu programa daqui um ano. Ele disse já ter contribuído muito no jornalismo e que, no Executivo, teria como agir para sanar os problemas que são denunciados pela imprensa.

Leia a seguir o que Datena disse à Folha sobre desistir da candidatura:

Folha Muita gente ainda desconfia se o senhor vai de fato confirmar a sua candidatura.

Datena Até eu desconfio, porque se continuar essa sacanagem de que o partido está conversando com outras pessoas para colocar dentro do partido sem me avisar, eu não vou ser candidato mais uma vez. Se o Biden pode desistir a qualquer momento, por que eu não posso? Eu falei, avisei no começo da campanha, desde o começo da campanha eu falei que, se me sacanearem, eu desisto mesmo, porque eu não quero ser sacaneado. Por exemplo, o ambiente dentro do PSDB já é um ambiente rachado, é um ambiente de um partido desestruturado, que rachou por quê? Por causa de vaidade pessoal.

(…)

As pessoas só têm que ter uma consciência. A virtude do homem é fazer o que o Biden fez. Quando ele viu que não tinha condição de ser candidato a presidente dos Estados Unidos, a família dele deve ter sido importante, os médicos devem ter sido importantes, quando ele percebeu que a maior virtude de um candidato é saber que o povo é sempre mais importante que o candidato está tudo certo. Faltou, o que destruiu o PSDB foi vaidade demais, excesso de vaidade. Muita vaidade. A vaidade e a centralização do poder acabaram destruindo, fragmentando, não destruindo, o PSDB é muito grandão e gigante para ser destruído. Mas a fragmentação do PSDB começou com essa história de você centralizar demais o poder, ser vaidoso demais. Todos nós somos.

Folha – Por que falou tanto do Biden? Vai fazer a mesma coisa que ele?

Datena Se o cara que é o presidente da maior nação econômico-militar do mundo acha que o povo é mais importante do que ele, por que eu não posso achar que o povo é mais importante que eu, se eu não me sentir capacitado a ajudar o povo? É aquela história que eu falei. A partir do momento que eu não me sinta respaldado totalmente pelo partido, que haja palhaçada nessa convenção, que tenha manifestações. Ninguém precisa ser a favor, mas que tenha manifestações de desprezo, baixas demonstrações democráticas, eu repito, eu não tenho problema nenhum em desistir. Porque, para mim, repito, o povo está acima do candidato. Num partido dividido do jeito que está o PSDB hoje, e não me sustentando como candidato, eu não me sinto como candidato capaz de resolver nem os problemas do PSDB. Quanto mais eleitorado, então, espero que até sábado o PSDB resolva os seus problemas e que a gente parta por uma convenção de consenso e que as pessoas que estão dentro do PSDB hoje tenham certeza absoluta que o vírus que destruiu o partido foi vírus da individualidade e vírus de pessoas vaidosas.

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