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Cristina fala em anistia a multados na pandemia e diz que vai criar 'instituto pró-vida' em Curitiba

A candidata à Prefeitura de Curitiba Cristina Graeml (PMB) disse durante sabatina Folha/UOL nesta quarta-feira (23) que vai criar um “instituto pró-vida” e que a campanha de seu adversário nas urnas, Eduardo Pimentel (PSD), está “deturpando tudo que eu falo”.

Pimentel e Cristina, ambos da direita, protagonizam uma campanha quente, com permanente troca de ataques. O primeiro é identificado como “direita tradicional”. Cristina é da “direita radical”.

A entrevista foi conduzida por Diego Sarza, com participação de Rafael Neves, do UOL, e Fabio Victor, repórter especial da Folha.

Cristina, que se apresenta como candidata conservadora, diz que uma de suas propostas é criar um “instituto municipal pró-vida” para “acolher de forma discreta mulheres grávidas que foram abandonadas pelos parceiros” e explicar a elas que não precisam “ir na linha do aborto ilegal”.

“As mães têm direito de saber que a lei brasileira permite a doação da criança na maternidade e há uma fila enorme de pessoas que estariam dispostas a receber a criança com muito amor”, disse ela, acrescentando que não se trata de criar “uma fábrica de adoção”.

Ela afirma que há uma “indústria que estimula o aborto” e que sua ideia é dar “atenção, orientação e proteção” às mulheres para “salvar vidas inocentes que não têm culpa nenhuma”.

Questionada sobre o episódio em que chamou de “bandido” o então advogado do presidente Lula e hoje ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Cristiano Zanin, a jornalista afirmou que não se lembra de detalhes de tudo que falou anos atrás, mas que não retira “nada do que eu disse ao longo da minha carreia”. “Gostaria de ser entrevistada como candidata. Mas o que eu falei como jornalista eu mantenho.”

Indagada se manterá uma retórica ideológica, caso eleita, disse apenas que, na condição de prefeita, “não terei postura de jornalista de opinião”.

A candidata também se esquivou ao ser questionada sobre declarações que fez colocando desconfiança no sistema de urnas eletrônicas nas eleições de 2022, na linha do que pregou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Disse que seria necessário uma “comprovação do voto que pode dar segurança ao eleitor”, mas que “acho que é o ex-presidente Bolsonaro que deve responder a esta pergunta”.

“Tenho críticas sérias ao processo eleitoral de 2022. Faço parte da imensa maioria de brasileiros que não conseguem entender como que um presidente é eleito por maioria de votos, mas não consegue sair às ruas, não tem aprovação popular nas ruas”, completou ela.

“Minha candidatura é orgânica. Isso aqui não é resultado de um projeto político, de um projeto de vida. Só estou aqui porque a imensa maioria dos curitibanos que são conservadores queria ter um candidato que os representassem no pleito eleitoral de 2024.”

Mas a candidata afirmou que, em caso de derrota, respeitará o resultado das urnas. “Se por algum motivo mudarem de ideia, e preferirem ir com o candidato do sistema, do PSD, do centrão, que está usando R$ 13 milhões de dinheiro do pagador de impostos, via fundo eleitoral, vai ser a escolha do eleitor curitibano e obviamente eu vou acatar.”

Sobre sua proposta de tarifa de ônibus proporcional ao trecho percorrido, que tem gerado polêmica na campanha, Cristina disse que o usuário não vai pagar um valor superior à tarifa de R$ 6 cobrada hoje e que ela foi “vítima de um projeto calunioso”. “Nunca falei em pagar mais conforme o maior deslocamento e sim pagar menos conforme o deslocamento”, afirmou ela, ao acrescentar que “Uber e táxi já calculam quilômetro rodado”.

Ela também disse que vai baixar a tarifa máxima de ônibus, indicando que é possível chegar a um valor de R$ 5,75. Segundo a candidata, a redução seria possível “apenas tirando gastos desnecessários da prefeitura”. Ela cita os recursos para manter a Urbs (Urbanização de Curitiba), “órgão público de economia mista que não deveria estar consumindo tanto dinheiro do pagador de impostos”.

Sobre a pandemia da Covid, quando ela atuou contra a vacinação, a candidata voltou a repetir que “tratamento precoce salvou vidas”, o que não é endossado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) nem por autoridades de saúde no Brasil, que já apontaram a ineficácia da medida.

Ela também afirma que defende anistia a empresários que foram multados na época da pandemia e que a proposta já foi recebida de forma positiva por parte dos vereadores.

Ainda no primeiro turno da campanha, ela anunciou a médica bolsonarista Raíssa Soares como futura secretária da Saúde, em caso de vitória. Ex-secretária em Porto Seguro (BA), a médica foi alvo do Ministério Público da Bahia por propagar fake news sobre a vacina e estimular o ineficaz “tratamento precoce”.

Além disso, o maior doador de sua campanha (R$ 50 mil) é o empresário bolsonarista Otavio Oscar Fakhoury, que teve indiciamento pedido pela CPI da Covid por financiar divulgação de fake news na época da pandemia.

Indagada sobre a proposta de “levar assistência religiosa” à população de rua, disse que as pessoas nesta situação “estão com uma ferida na alma que precisa ser tratada”.

“Elas precisam de atendimento terapêutico, mas também assistência religiosa. Porque quem tem fé, quem acredita em Deus, quem lê a Bíblia, quem segue os princípios cristãos, costuma ter um olhar diferenciado para os problemas que enfrenta.”

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