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Concentração da riqueza global sob o domínio do capital fictício 

Todos os anos, sai o Relatório sobre a Riqueza do Banco Credit Suisse. Este documento é o estudo mais completo sobre o património pessoal global e o nível de desigualdade entre adultos em todo o mundo. Segundo este estudo, apenas 1,2% dos adultos em nosso planeta têm 47,8% da riqueza mundial. O império do capital fictício comanda o jogo.

A riqueza pessoal é definida como a propriedade de bens imobiliários e ativos financeiros (ações, obrigações e dinheiro) menos dívidas para todos os adultos do mundo. De acordo com o relatório de 2022, no final de 2021, a riqueza global atingiu 463,6 bilhões de dólares, o que representa um aumento de 9,8% em relação a 2020 e muito acima da média anual de +6,6% registada desde o início do século. 

A riqueza média por adulto aumentou e numa base país a país, os Estados Unidos adicionaram a maior riqueza familiar em 2021, seguidos pela China, Canadá, Índia e Austrália. O bloco mais rico localiza-se na América do Norte, Europa e Japão, a que se junta a Austrália. Coincidentemente, tal bloco domina o dinheiro, o comércio, o PIB, as finanças e a tecnologia e, consequentemente, detém quase toda a riqueza pessoal.

No Brasil, onde a concentração de renda e riqueza é abissal e a “paz de cemitério” é mantida com forte repressão jurídico/policial temos o terceiro maior contingente de encarcerados do planeta – 832 mil presidiários. Não podemos esconder de ninguém que nossas condições de vida foram rebaixadas nos últimos anos. É hora de agir!

Somos um país com enormes oportunidades produtivas na cadeia do petróleo e gás, do agronegócio/mineração, no segmento da saúde (importador líquido de bens de produção sofisticados) e no complexo industrial militar. A baixa produtividade é um entrave.

O novo Planejamento Plurianual – PPA/2024 apresentado pelo novo governo de plantão, de caráter social desenvolvimentista, propõe transformação produtiva com inclusão social e presença do Estado na regulação da atividade produtiva. O novo documento define o futuro da Nação centrado na produção e consumo de massas, serviços intensivos em infraestrutura e atividades intensivas em recursos naturais. Temos de superar o rentismo.

Imagino que essas metas busquem mudar a fisionomia de nosso país, onde as classes trabalhadoras viveram nos últimos anos uma piora muito significativa de suas condições de trabalho e de vida. Afinal somos um país com 150 milhões em idade produtiva.

As crises econômicas e a pandemia fizeram muitos perderem seus empregos e sua fonte de renda. Uma boa parte teve que ir para os bicos, em atividades informais, para arrancar o sustento de suas famílias. Muitos também passaram a depender de bolsas e programas oferecidos pelos governos. Para quem continuou empregado, a exploração e a carestia subiram de patamar. Hoje se trabalha mais do que anos atrás e com bem mais pressão. E o salário no supermercado rende muito menos.

De acordo com o IBGE, no segundo trimestre de 2023, 20 milhões de trabalhadores/as estavam “subutilizadas” no Brasil. Ou seja, desempregados/as que continuam na busca por uma vaga; desempregados/as que já desistiram de procurar; ou subocupados/a. Esse número é do tamanho de toda a população de Minas Gerais!

Dezenas de milhões estão “ocupados” para o IBGE, mas na realidade estão se virando nos bicos e na informalidade, enquanto buscam alguma oportunidade de carteira assinada. 1 em cada 4 ocupados está trabalhando por conta própria. A taxa de informalidade da força de trabalho está em 40%. Sortudo, o andar de cima não tem do que reclamar, pois ganha juros da dívida pública federal no montante de 700 bilhões de reais anuais, tem renúncia fiscal no orçamento federal de 300 bilhões de reais e o nível de sonegação atinge igual valor, ou mais, conforme estudos de agências internacionais. Um luxo!

A carestia continua, embora alguma melhora tenha ocorrido no conflito distributivo entre lucros e salários. Hoje, para comprar alimentos, se gasta quase R$ 800. Um aumento de 60% em 3 anos e alguns meses. Enquanto isso, o salário mínimo aumentou apenas 30%. A conta não fecha! Vale elogiar a nova política do Mínimo aprovada pelo governo.

Não à toa, o endividamento disparou no país e continua muito alto. Muitas famílias têm se utilizado do crédito para comprar o básico. Segundo o Serasa, no país hoje são mais de 70 milhões de “negativados”, ou seja, de pessoas que não conseguem pagar suas contas e estão devendo. Isso representa cerca de 80% das famílias com alguma pessoa endividada.

Pertencemos ao grupo de países semiperiféricos com industrialização retardatária. Nesse contexto, a verdadeira agenda de prosperidade para o Brasil, rico em biodiversidade, mas com população já envelhecendo passa por um Projeto de País, com industrialização incentivada por taxa de câmbio adequadamente desvalorizada e juros reais baixos. Isso exige uma nova correlação de forças de caráter produtivista e nacionalista.

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