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COI diz que recebeu testes de gênero de pugilistas, mas alega que exames são ilegítimos

O Comitê Olímpico Internacional (COI) informou que recebeu, em junho, uma carta da Associação Internacional de Boxe (IBA) com resultados de testes de gênero das pugilistas Imane Khelif, da Argélia, e Lin Yu-ting, de Taiwan.

Apesar de acusadas de falharem nos testes, ambas continuam competindo na Olimpíada de Paris 2024, organizada pelo COI. A presença das atletas nos Jogos gerou controvérsia nas redes sociais, onde foram acusadas de não serem mulheres.

O diretor de comunicação do COI, Mark Adams, afirmou que a carta da IBA foi ignorada porque “os testes não são legítimos” e para proteger a privacidade das atletas.

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“Mesmo a forma como esse material foi compartilhado é contra a ética”, afirmou. “São ataques graves aos direitos das mulheres envolvidas”. Ele acrescentou que “o método, a ideia do teste, feito da noite para o dia, nada disso é legítimo nem merece resposta, muito menos em detalhe.”

O COI defende as pugilistas, afirmando que não são homens nem trans. O critério utilizado para a competição é o gênero no passaporte. Imane Khelif e Lin Yu-ting estão classificadas para as semifinais das categorias até 66 kg e até 57 kg, respectivamente, garantindo pelo menos a medalha de bronze.

A relação entre COI e IBA é tensa desde que o comitê retirou da IBA a organização do boxe olímpico em 2019 por “falta de credibilidade e governança”. Recentemente, o presidente da IBA, Umar Kremlev, criticou o presidente do COI, Thomas Bach, em um vídeo no YouTube.

O posicionamento da Associação Internacional de Boxe

Em nota, a IBA reafirmou que Khelif e Lin deveriam estar proibidas de competir e questionou a segurança no ringue. O presidente da IBA defendeu a decisão com base em testes de DNA, afirmando que as atletas tentaram enganar seus colegas.

A polêmica ganhou força depois da luta de Imane Khelif contra a italiana Angela Carini, que desistiu com 46 segundos de combate devido à dor. Mais tarde, Carini se pronunciou sobre a polêmica e respeitou a decisão do COI de permitir a competição de Imane.

Já o Comitê Olímpico Argelino (COA) defendeu Imane, classificando as acusações contra ela como “mentiras” e “ataques antiéticos”. A argelina afirmou que a polêmica a afetou psicologicamente, mas também a motivou a lutar.

Ex-campeão alertou o COI sobre ‘lutadores masculinos’ no boxe feminino

De acordo com István Kovács, ‘não se trata do nível de testosterona, mas de gênero, pois foi comprovado Imane Khelif é biologicamente masculino’ | Foto: Reprodução/Wikimedia Commons

 

O ex-campeão mundial de boxe István Kovács informou ao jornal húngaro Magyar Nemzet, na última sexta-feira, 2, que alertou o Comitê Olímpico Internacional (COI) de que há “homens competindo no boxe feminino desde 2022, mas nenhuma ação foi tomada”. As informações são do portal canadense Reduxx.

De acordo com István Kovács, que hoje é vice-presidente europeu da Organização Mundial de Boxe, “não se trata do nível de testosterona [de Khelif] , mas de gênero, pois foi comprovado que é biologicamente masculino”.

Ele ainda acrescentou que outros cinco boxeadores, que se identificam como mulheres, foram examinados pela Associação Internacional de Boxe, e todos eram homens.

István Kovács afirmou que reportou o resultado imediatamente ao COI. “Mas, por incrível que pareça, não responderam até hoje”, ressaltou. 

Ele ainda disse que desencorajou a boxeadora húngara Anna Luca Hamori de prosseguir com sua luta olímpica contra Imane Khelif, marcada para este domingo, 3. Hamori perdeu por 5 a 0.