Turismo

Casablanca, metrópole do Marrocos, abriga mesquita gigante e aberta para turistas

A dança do ventre pode parecer uma daquelas armadilhas exóticas que só atraem turistas. Por isso, é curioso notar que o espetáculo é o carro-chefe das atrações de uma noite de sexta-feira no Manaos, uma balada concorrida em Casablanca, no Marrocos.

Não há estrangeiros por ali, e os locais se enfeitam como em qualquer grande metrópole –elas com maquiagem carregada e até minissaia, eles com camisa aberta no peito. E no palco as dançarinas, remexendo braços e barrigas em movimentos de serpente.

Quando elas descem do palco em direção às mesas, fazem questão de jamais cruzar os olhos com os dos homens, em sinal de respeito às esposas e namoradas deles. Rebolam aos sorrisos apenas para as mulheres e deles só esperam alguma gorjeta ao final do showzinho particular.

A cena é um tanto um resumo de Casablanca, a meca cosmopolita de um país de tradições super-arraigadas.

O turista afoito talvez prefira não perder tempo nessa grande cidade que mais parece uma São Paulo do norte da África, mas perderia um bocado se a tirasse do roteiro.

Para começar, ela abriga a única mesquita em todo o país que é acessível a não muçulmanos. Erguida num braço que avança sobre o mar, a Hassan 2º é uma construção colossal executada entre 1985 e 1992. O que ela não tem de história é compensado em monumentalidade.

Debaixo do minarete com a altura de um prédio de 60 andares há um salão principal voltado para as preces que se estende por 200 metros de comprimento. O interior do templo busca ostentar o suprassumo do artesanato marroquina, com seus incontáveis mosaicos e toneladas de granito, madeira e mármore —o que se conta é que mais de 6.000 dos melhores artesãos do país foram convocados para trabalhar nela.

Em noites sem chuva, é possível acionar imenso o teto retrátil, que pesa mais de mil toneladas, para que os fiéis possam rezar debaixo da luz das estrelas.

Para além da mesquita, Casablanca não é bem a cidade para quem procura mergulhar nas raízes marroquinas. Como ocorre em todas as grandes cidades, as tradições ali estão um tanto diluídas no cenário urbano. Mesmo a sua medina —isto é, sua parte velha, onde se concentram os bazares— é menor e não conta com os séculos de existência daquelas em Marrakech ou em Fez.

Justiça seja feita, Casablanca foi destruída e reconstruída um punhado de vezes pelos vários povos que a ocuparam –berberes, fenícios, romanos, árabes, portugueses, britânicos, franceses… Esses últimos, aliás, bombardearam a cidade e a reduziram a praticamente um monte de entulho.

Por isso, quem busca história em Casablanca fica um tanto atado, mas pode recorrer a um dos diversos tours arquitetônicos disponíveis. Da época em que a cidade foi uma espécie de laboratório urbano do protetorado francês ainda existem elegantes edifícios em art déco, concentrados sobretudo na região central, e outros com influência neomourisca, isto é, uma leitura europeia do que se entendia por oriental.

Não custa frisar que o clássico filme com Humphrey Bogart e Ingrid Bergman, que leva o nome da cidade no seu título, não foi filmado ali, mas em estúdio, de Los Angeles. Há, no entanto, um Rick’s Cafe, como o da trama, uma arapuca turística criada por uma americana que tenta arrastar incautos num daqueles casos de vida imitando a arte.

Seguindo pelo litoral no sentido norte, o turista pode ainda dar um pulo de trem em Rabat, a capital marroquina, que fica a pouco menos do que uma hora dali. O ponto alto é a cidadela, ou “kasbah”, as ruínas de uma fortaleza do século 12 que costumava guardar o litoral da região.

Bem mais distante, mas ainda no sentido norte, fica Tânger, quase colada na Espanha. Outrora refúgio de artistas e boêmios de toda sorte —os beats Jack Kerouac e William Burroughs foram alguns dos que se embriagaram com o haxixe em suas ruas de pedra—, é hoje um porto movimentado. Uma encruzilhada entre Ocidente e Oriente fincada nas areias do Mediterrâneo.

DICAS PRÁTICAS PARA VISITAR O MARROCOS

Voos 

A Royal Air Maroc anunciou a retomada da rota entre São Paulo e Casablanca a partir de 7/12; até lá, a forma mais conveniente de chegar ao Marrocos é fazendo escala na França, na Espanha ou em Portugal

Dinheiro 

A moeda local é o dirham marroquino, que equivale a mais ou menos R$ 0,58. O ideal é embarcar com euros e trocar ao chegar

Mulheres e LGBTQIA+ 

É possível ver turistas desacompanhadas nas ruas das principais cidades marroquinas, mas não são poucos os relatos de mulheres vítimas de assédio. E embora cidades como Marrakech até tenham locais gay friendly, o Marrocos pune relações homoafetivas com prisão

Álcool 

O país é muçulmano, e a venda de álcool é proibida nas ruas, mas hotéis são bem abastecidos de vinho, drinque e cerveja

Idioma 

Embora o árabe seja o idioma principal, o turista não terá muita dificuldade em se fazer compreender com o inglês —o espanhol e o francês também são falados

Visita ao deserto 

Um pacote individual de quatro dias entre Fez e Marrakech, passando pelo deserto, pode sair a partir de R$ 5.000, mas fica mais barato se for feito em grupo. O da empresa Marrocos Expedições inclui estadias em hotéis razoáveis, jantares e cafés da manhã

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