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Camelôs atacam servidores da Prefeitura em nova batalha pela Ordem Urbana no Centro

Uma senhora procura abrigo enquanto olha para a explosão de bombas de gás lacrimogêneo durante reação da Guarda Municipal às pedras atiradas pelos camelôs irregulares / Foto: Diário do Rio

A pessoa que caminhava, seja pela rua Sete de Setembro, ou pela Uruguaiana ou Gonçalves Dias nesta sexta feira (1/9) encontrou uma confusão causada pelos camelôs clandestinos que insistem em posicionar suas barracas ilegais vendendo produtos de procedência duvidosa na frente das lojas que ainda tentam sobreviver na região do Centro do Rio de Janeiro, tão prejudicada pela informalidade e pelas consequências da pandemia.

Como se sabe, desde a gestão do prefeito Marcelo Crivella, o desapreço pelo ordenamento urbano tomou conta do Centro (e também de outros pontos comerciais importantes da cidade, como Madureira), cujo comércio passou a ser obrigado a conviver com a venda de mercadorias roubadas, contrafeitas ou no mínimo duvidosas por camelôs clandestinos, numa espécie de revival do caos dos anos 1980. Desde que César Maia tomou posse como prefeito, o Centro começou a ganhar urbanidade e organização, o que foi mantido por todos os prefeitos até a posse do cantor evangélico, que abandonou o território conquistado pelos antecessores.

São placas de “compro ouro“, bagagens colocadas bem no meio da rua impedindo a passagem, venda de falsificações grosseiras de óculos Ray Ban e produtos Nike e Adidas, sem contar a venda de comida sem nenhum tipo de fiscalização sanitária, checagem de validade ou controle de vetores. “Um verdadeiro mercado andino“, diz Wilton Alves, administrador de imóveis e diretor da Sergio Castro Imóveis, fazendo referência às nacionalidades predominantes dos clandestinos que ocupam de forma incessante a rua Uruguaiana, ignorando mesmo a existência de um camelódromo oficial, criado pra abrigar os trabalhadores de rua de forma ordeira.

A Subprefeitura do Centro vem atuando principalmente na Avenida Rio Branco e na Sete de Setembro junto com a Secretaria de Ordem Pública. O Secretário Brenno Carnevale vistoriou a região durante a semana. Na quarta-feira (30/08), após uma operação de rotina em que uma vez mais foram encontrados vendedores de óculos falsificados na esquina da rua Sete de Setembro com a rua da Quitanda, a SEOP agiu coibindo a venda dos produtos de procedência criminosa, atuando na liberação do espaço público, mais uma vez ocupado ilegalmente pelos ambulantes. Na ocasião, o Deputado Estadual Rodrigo Amorim (PTB) esteve no local, questionando a ação das autoridades contra os ambulantes, o que tem se tornado uma constante na briga que trava incessantemente contra Carnevale. O resultado foi uma confusão que terminou com a retirada das forças municipais e da PM, que tentavam ordenar um Centro combalido no que tange ao comércio de rua.

Largo da Carioca deserto logo após ataque de ambulantes irregulares a servidores que tentavam estabelecer ordenamento urbano na região Central da Cidade / Foto: “Reprodução do Whatsapp

Na manhã desta sexta-feira, as forças da Ordem Pública atuaram de forma mais incisiva, e reprimiram o comércio ilegal de forma mais dura. Tanto na Sete de Setembro – onde a venda de óculos falsificados se repete diariamente, às toneladas – como na Gonçalves Dias – onde a venda de bagagens no meio da rua é constante – e na Uruguaiana, onde a desordem é sem igual, e chega a ser impossível a locomoção, a Guarda Municipal Atuou. Inflamados pelos eventos de quarta-feira, os camelôs contra-atacaram, atirando paus, pedras, e tudo mais que viam pela frente nos servidores, deixando um rastro de destruição e iniciando uma grande confusão. A guarda municipal reagiu com bombas de gás lacrimogêneo e tiros de borracha, apreendendo as mercadorias ilegais dos vendedores, conforme manda a lei. A Polícia Militar teve que comparecer para ajudar conter a fúria dos ambulantes, que queriam garantir seu trabalho irregular a qualquer custo. Diversos deles foram presos, e levados à 5a. DP. Pedras atingiram viaturas da Guarda, dando ainda maios prejuízo ao contribuinte. A balbúrdia causada pelos camelôs afetou também a circulação do VLT. Durante o ato, o bondinho teve seu funcionamento interrompido nas linhas 1,2 e 3. O protesto dos vendedores irregulares se concentrava entre as estações Carioca e Sete de Setembro.

De acordo com a Guarda Municipal, houve uma fiscalização de rotina quando um dos ambulantes irregulares teria se negado a entregar a mercadoria, que seria apreendida. A ação, ocorrida dentro da lei, foi retribuída a “pedradas por ambulantes”. Em nota ao jornal O DIA, a Guarda explicou: “Logo após o ocorrido, as equipes da Seop saíram do local e a Guarda Municipal permanece até o momento. Informamos que uma viatura da Guarda Municipal foi apedrejada, mas nenhum agente foi atingido. A Polícia Militar segue acompanhando a situação”.

Há poucos meses, uma viatura da Guarda Municipal utilizada pela Subprefeitura do Centro do Rio chegou a ser destruída pela ação dos camelôs num dos locais mais movimentados e valorizados do Centro, a rua Sete de Setembro, entre Ouvidor e rua do Carmo. O subprefeito Alberto Szafran tem atuado constantemente, com apoio da SEOP, na tentativa de reorganizar o espaço urbano da região.

“Assim como todos os comerciantes legais, pagadores de impostos e de aluguel, temos regras a cumprir, os ambulantes também têm. Devem ter licença e vender o que lhes é permitido”, disse ao DIÁRIO a comerciante Maria Izabel Castro, presidente do Conselho de Renovação do Centro da Cidade da Associação Comercial do Rio de Janeiro. A fala de Izabel é semelhante à do administrador de imóveis: “A razão de não conseguirmos alugar as lojas fechadas em pontos como Avenida Erasmo Braga, rua Sete de Setembro, rua Gonçalves Dias e Uruguaiana é uma só. O comércio ilegal que se apossa dos espaços em frente às lojas, chegando mesmo a tapar seus letreiros. Há casos de verdadeiros restaurantes ambulantes que jogam fumaça dentro da loja dos nossos inquilinos. Ou alguém resolve este assunto e ordena o espaço público do Centro, ou não teremos mais Centro”, dispara Alves, que lembra que muitos camelôs puxam luz dos postes sem custo algum, “e, pior, sem serem impedidos por ninguém. Furtos na cara dura, à luz do dia“. “Reviver o Centro passa por restabelecer a ordem no espaço público. Ficamos felizes que de alguma forma a Prefeitura parece finalmente ter entendido como fazê-lo”, finaliza José Dias Nascimento, síndico de um prédio na região.


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