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Caixa empresta 90% da verba para habitação e exige entrada maior para a classe média

Segundo ela, a Caixa deverá fechar 2024 com volume de contratações em torno R$ 72 bilhões, o mesmo patamar do ano passado. Dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), mostram que a Caixa vem perdendo espaço para a concorrência na concessão de financiamento habitacional para a classe média, com recursos da caderneta de poupança.

Entre janeiro e agosto deste ano, a Caixa foi a instituição com menor percentual de crescimento nas operações, de apenas 0,09% na comparação com o mesmo período do ano passado. No Bradesco, a alta foi de 0,63% e, no Banco do Brasil (BB), de 0,34%. Em seguida, estão Itaú e Santander.

Para Inês, é preciso buscar fontes alternativas de recursos como reduzir temporariamente a parcela de compulsório, parte dos depósitos da poupança que os bancos são obrigados a depositar no Banco Central — o que o Banco Central não quer.

Pela legislação, 65% dos recursos captados precisam ser direcionados para o crédito imobiliário. Outra fatia, de 24,5% são recolhidos de forma compulsória ao BC, que paga aos bancos a mesma remuneração da poupança. Esse mecanismo faz parte da política monetária e enfrenta resistência por parte do BC para ser alterado.

Recentemente, o Conselho Monetário Nacional (CMN) alterou as regras das Letras de Crédito Imobiliário (LCI), fonte alternativa de recursos, para tornar os papéis mais atrativos, mas ainda assim, a mudança não foi suficiente, segundo Inês.

Em outra frente seria estimular o mercado secundário, tornar venda de carteiras de crédito imobiliário mais dinâmicas. Entretanto, esse tipo de mercado dificilmente avança num cenário de juros elevados, com a taxa básica da economia, Selic, em 10,75% ao ano, com tendência de alta.

— Precisamos levantar a discussão sobre a necessidade de novos fundings (fontes) para financiamento da casa própria — disse Inês.

Mais recursos do FGTS para Minha Casa Minha Vida

O problema da falta de recursos para o setor imobiliário só não é maior porque o FGTS destinou R$ 120 bilhões para empréstimos no Minha Casa Minha Vida, somando a suplementação de quase R$ 23 bilhões para evitar falta de recursos no último trimestre do ano.

Mas o programa só permite comprar imóvel no valor de até R$ 350 mil e é restrito a famílias com renda de até R$ 8 mil. O presidente Lula prometeu ampliar o programa às famílias de classe média, com renda de até R$ 12 mil, mas a medida não saiu do papel.

O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), Renato Correia, disse que a Caixa reduziu o ritmo dos financiamentos e elevou o custo do crédito imobiliário.

— Sendo um banco público, a gente crê que a Caixa não vai paralisar as contratações, mas o financiamento ficou mais caro — disse Correia.

Em nota, a Caixa disse que busca alternativas para atender a demanda:

“Informamos que a Caixa estuda constantemente medidas que visam ampliar o atendimento da demanda excedente de financiamentos habitacionais, inclusive participando de discussões junto ao mercado e governo, com o objetivo de buscar novas soluções que permitam expansão do crédito imobiliário no país, não somente pela Caixa, mas também pelos demais agentes do mercado”.

 

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